A estratégia do presidente Trump contra a pandemia de coronavírus que já matou mais de 200 mil pessoas nos Estados Unidos, se tornou um tema-chave nas eleições presidenciais deste ano, ainda mais agora que ele recebeu diagnóstico positivo do vírus.
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Um estudo da Universidade Cornell, nos EUA, indicou que o presidente americano foi responsável por quase 40% das informações erradas que circularam em 38 milhões de artigos publicados de janeiro a maio de 2020.
A BBC lista e checa abaixo declarações do presidente sobre o vírus e acusações feitas por seu adversário nas urnas, o democrata Joe Biden, sobre as medidas que Trump adotou na pandemia.
Trump: "Nós temos uma das mais baixas taxas de letalidade"
O presidente americano costuma comparar as taxas de letalidade da doença dos EUA em relação a outros países, argumentando que os números americanos são mais baixos.
A comparação de dados da pandemia em países diferentes não é uma tarefa simples, principalmente por causa da qualidade das informações registradas em cada lugar.
Os EUA estão em primeiro lugar em número absoluto de casos registrados (7,1 milhões) quanto em número de mortes (204 mil).
No entanto, quando se analisa a taxa de mortes per capita, proporcional ao tamanho da população de cada país, os EUA deixam o topo da lista, ficam inclusive atrás do Brasil, mas continuam entre os dez países mais atingidos.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, a lista de países mais atingidos que têm o maior número de mortes por 100 mil habitantes é a seguinte:
- Peru: 101,27
- Brasil: 68,72
- Espanha: 68,04
- Chile: 68,03
- Reino Unido: 63,52
- EUA: 63,25
- México: 61,53
- Colômbia: 52,36
- França: 47,75
- Argentina: 38,07
Trump também mencionou, a título de comparação, o aumento recente do número de infecções na Europa. "Francamente, os números deles estão num patamar bem pior do que o nosso."
De fato, há alguns países da Europa que estão registrando um aumento de novos casos, mas o mesmo tem acontecido em alguns Estados americanos.
Joe Biden: "O presidente Trump determinou que seu governo desacelerasse os testes para detectar coronavírus"
Em um comício em junho, Trump afirmou para a plateia: "Eu disse para o meu pessoal: vai devagar com esses testes, por favor". Mas desde então ele afirma que estava sendo irônico.
Anthony Fauci, principal especialista de doenças infecciosas dos EUA e membro da força-tarefa americana de combate ao coronavírus, afirmou: "Que eu saiba, nenhum de nós foi orientado a desacelerar os testes".
Trump, no entanto, tem classificado a testagem como uma "faca de dois gumes" e afirmou que essa estratégia, se adotada num patamar elevado, gera uma impressão exagerada de que os casos estão aumentando.
Levantamento da Universidade de Oxford, no Reino Unido, não aponta qualquer redução do número de testes realizados nos EUA entre o início de junho e o fim de julho. O número atual de testes realizados por 1.000 habitantes (2,65 exames) é o dobro do patamar do início de junho (1,3 exame).
Outro número essencial para entender se o país está ou não realizando um número elevado de testes é a taxa de resultados positivos. Ou, quantos tiveram diagnóstico positivo do total de exames realizados.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa ideal é abaixo de 5%, a fim de indicar que o país está indo além da testagem de pessoas que chegam doentes às unidades de saúde.
Quanto mais testes negativos, em tese, mais as autoridades monitoraram o espalhamento da doença, inclusive entre pessoas que não apresentaram sintomas.
Segundo a Universidade de Oxford, os EUA têm uma taxa de 5,1% de resultados positivos, pouco acima do patamar indicado pela OMS. Não há dados disponíveis sobre o Brasil.
Entre os países europeus com grandes populações, a Alemanha aparece com uma taxa de 1,1%, seguida de Itália (1,9%), Reino Unido (2,6%) e França (9,1%). Na América Latina, o México tem 44,9% de testes positivos e a Argentina, 67%.
Trump: "Estou tomando (hidroxicloroquina) e ainda estou aqui… O que você tem a perder?"
Em maio, Trump anunciou que estava tomando o medicamento antimalárico hidroxicloroquina como medida preventiva contra a covid-19.
Não há, entretanto, qualquer evidência científica de que esse remédio funcione para prevenir a doença ou reduzir sua gravidade, inclusive a morte.
O presidente tem defendido consistentemente o uso da hidroxicloroquina, contra recomendações de Fauci. Este, aliás, disse: "Nós sabemos que todo bom estudo, e por bom estudo eu quero dizer um estudo de controle randomizado em que os dados são firmes e verossímeis, mostrou que a hidroxicloroquina não é eficaz no tratamento de covid-19."
A FDA (agência de vigilância sanitária americana) desaconselhou o uso do medicamento para tratar pacientes com coronavírus após relatos de efeitos colaterais como "problemas graves de ritmo cardíaco", entre outros problemas de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que "atualmente não há evidências" de que seja eficaz como tratamento ou previna a Covid-19.
Biden: "O presidente Trump tentou barrar verbas para o CDC"
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência governamental americana da área de saúde pública, tem tido divergências com o presidente durante a pandemia em relação a orientações para distanciamento social e uso de medicamentos, entre outros pontos.
Em julho, no entanto, Biden afirmou sem qualquer prova que Trump havia tentado bloquear verbas para o CDC.
Naquela época, congressistas americanos tentavam negociar um amplo pacote legislativo em reação à pandemia, e foram publicadas reportagens na mídia americana que apontam que a gestão Trump estava pressionando para reduzir as verbas para o CDC.
Mas a Casa Branca refutou essas informações. "A alegação da equipe de Biden é falsa. No nosso último Orçamento, o CDC recebeu um aumento de 8% (US$ 635 milhões)."
O dado é verdadeiro, e o CDC recebeu ainda mais recursos durante a pandemia.
Por outro lado, a proposta orçamentária da gestão Trump para o ano fiscal de 2021, que começa em outubro de 2020, inicialmente propunha cortes para o CDC. Mas agora ele prevê aumento das verbas, inclusive para o combate a doenças infecciosas.
Trump: "Enviamos kits de teste rápido para todos os asilos dos EUA"
O teste em asilos de idosos é essencial, pois os idosos são mais vulneráveis ao coronavírus.
Nos estágios iniciais da pandemia, houve um alto número de mortes em casas de repouso nos Estados Unidos, assim como em muitos outros países.
A Casa Branca disse que a declaração de Trump sobre o envio de testes era verdadeira, e que 4,9 milhões de testes rápidos foram entregues a cerca de 14 mil asilos certificados.
De acordo com números do CDC, há 15.600 lares de idosos no país, com 1,3 milhão residentes.
"Testar residentes e funcionários de asilos tem sido um desafio, assim como para outros setores da saúde", diz a professora Debra Bakerjian, da Escola de Enfermagem Betty Irene Moore, na Califórnia.
"O esforço para fornecer testes a asilos está avançando, mas não sem obstáculos no caminho."
Trump: "Se você tirar os Estados azuis... Estamos realmente em um nível muito baixo"
O presidente Trump disse que os Estados americanos governados pelos democratas, conhecidos como Estados azuis, são responsáveis pelo alto número de mortes por coronavírus nos Estados Unidos.
"Tirando Nova York e alguns desses outros Estados governados pelos democratas, você verá números inacreditáveis."
O Comitê Nacional Democrata tuitou em resposta: "Covid não é um Estado vermelho ou um Estado azul."
Dos cinco Estados que têm o maior número de mortes por coronavírus, dois são "Estados vermelhos" administrados pelos republicanos: Texas e Flórida.
É verdade que no estágio inicial do surto, Estados governados pelos democratas, como Nova York e Nova Jersey, foram os mais atingidos e reuniram a vasta maioria das mortes no país.
Mas, com o avanço da pandemia, os Estados liderados pelos republicanos geraram uma proporção crescente de fatalidades.
O Washington Post informou que até 15 de setembro, 47% das mortes haviam ocorrido em Estados "vermelhos" e 53% nos Estados "azuis".
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O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
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Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
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Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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