Jornal Estado de Minas

COVID-19: em uma semana, Estados com alta de internações passam de 15 para 21, diz Fiocruz

O número de Estados com pelo menos uma região com tendência de alta nos casos de COVID-19 passou de 15 para 21 no espaço de uma semana, segundo relatório periódico produzido desde o início da pandemia pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).



 

O mais recente boletim da instituição, que analisa dados de 15 a 21 de novembro, aponta que os seis Estados que se somaram ao grupo são: Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins.

 

Ou seja, atualmente apenas 6 unidades da federação registram sinais de queda ou de estabilização da pandemia: Amazonas, Amapá, Goiás, Pernambuco, Roraima e Rondônia.

 

O levantamento da Fiocruz analisa registros oficiais de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que quase na totalidade são causados pelo novo coronavírus. Dos registros analisados por laboratórios, 98% foram detectados como COVID-19.

 

Esse indicador é um dos mais precisos para tentar entender situação da doença no país porque trata de pacientes graves hospitalizados, o registro é obrigatório e, por isso, sofre menos distorção da habitual falta de testes para detectar a COVID-19.



 

Mas esses dados mostram apenas um pedaço do retrato do que está acontecendo e não incluem as pessoas que não chegam a ser internadas. Até agora, autoridades e especialistas divergem sobre o que se passa: uma segunda de casos, um repique de uma primeira onda que nunca acabou de fato ou nenhuma das duas.

 

A título de comparação sobre a falta de informações precisas da pandemia no Brasil, o Ministério da Saúde registrou oficialmente a morte de 170 mil pessoas por COVID-19 neste ano.

 

Mas a Fiocruz, ligada ao ministério, aponta que morreram em 2020 ao menos 220 mil pessoas de doenças respiratórias graves. Em 2019, esse número foi de 5.324.


Coronavírus matou ao menos 170 mil pessoas no Brasil em 2020 (foto: Getty Images)

 

O fato é que as mortes têm crescido nas últimas semanas em diversas localidades do país.

Segundo levantamento feito por um consórcio de veículos de imprensa brasileiros, a média de mortes por COVID-19 registrada ao longo de um dia aumentou nesta semana 54% em relação ao registrado duas semanas atrás.



Hospitais cheios

Nas últimas semanas, diversas capitais e cidades grandes têm enfrentado o aumento da ocupação de leitos por COVID-19.

 

Após dias de altas consecutivas, a cidade do Rio de Janeiro chegou nesta terça-feira (24) ao patamar de 91% de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes com COVID-19. Na enfermaria, a ocupação é de 69%.

 

Em Porto Alegre, a rede privada está com 98,3% dos leitos de UTI ocupados, segundo dados do governo gaúcho. Na cidade, há 408 pessoas atualmente utilizando respiradores para enfrentar a doença.

 

Na região leste do Paraná, a taxa de ocupação de UTIs para pacientes com COVID-19 chega a 88%.

 

Segundo a Fiocruz, há ao menos 12 capitais com tendência de alta de internações por doenças respiratórias: Belo Horizonte, Brasília (plano-piloto e arredores), Campo Grande, Curitiba, Maceió, Natal, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória.



Paciente internado na UTI do hospital Albert Einstein, em São Paulo (foto: Nelson Almeida/AFP via Getty Images)

Florianópolis, João Pessoa e Rio Branco, que estavam em trajetória de alta, indicam ter estabilizado o avanço da pandemia.

 

Por outro lado, a tendência de queda dos casos foi interrompida em Goiânia, e a doença pode voltar a crescer na cidade. O candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto no segundo turno (29/11) na capital goiana, Maguito Vilela, está intubado em uma UTI de São Paulo. Ele está internado há mais de um mês.

 

Segundo a Fiocruz, o patamar do número de casos de doenças respiratórias permanece bastante elevado em relação à média histórica em todos os Estados, e o espalhamento de uma doença tão contagiosa como essa pode mudar o cenário rapidamente.

 

Por isso, é importante reforçar as medidas de combate ao avanço da doença.

Como é possível reduzir essa taxa de contágio?

Sem vacinas disponíveis ainda, centenas de especialistas afirmam que isso envolve uma série de estratégias de combate à doença, como distanciamento social, uso de máscaras e rastreamento de pessoas que tiveram contato com alguém infectado.



 

Mas nenhuma dessas medidas sozinha é perfeita, e algumas são de responsabilidade de cada pessoa e outras são dos governantes ou da sociedade como um todo.


(foto: BBC)

 

Por isso, o virologista Ian M. Mackay, da Nova Zelândia, encontrou uma ótima analogia para ajudar as pessoas a se protegerem contra a COVID-19: o queijo suíço.

 

"Nenhuma medida isolada de prevenção que tentamos implementar para combater a COVIDfunciona 100%", mas, quando "começamos a juntar diferentes camadas (medidas), criamos uma barreira efetiva", disse o cientista à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.



(foto: BBC)

(foto: BBC)

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