O mais recente boletim da instituição, que analisa dados de 15 a 21 de novembro, aponta que os seis Estados que se somaram ao grupo são: Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins.
Ou seja, atualmente apenas 6 unidades da federação registram sinais de queda ou de estabilização da pandemia: Amazonas, Amapá, Goiás, Pernambuco, Roraima e Rondônia.
O levantamento da Fiocruz analisa registros oficiais de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que quase na totalidade são causados pelo novo coronavírus. Dos registros analisados por laboratórios, 98% foram detectados como COVID-19.
Esse indicador é um dos mais precisos para tentar entender situação da doença no país porque trata de pacientes graves hospitalizados, o registro é obrigatório e, por isso, sofre menos distorção da habitual falta de testes para detectar a COVID-19.
Mas esses dados mostram apenas um pedaço do retrato do que está acontecendo e não incluem as pessoas que não chegam a ser internadas. Até agora, autoridades e especialistas divergem sobre o que se passa: uma segunda de casos, um repique de uma primeira onda que nunca acabou de fato ou nenhuma das duas.
A título de comparação sobre a falta de informações precisas da pandemia no Brasil, o Ministério da Saúde registrou oficialmente a morte de 170 mil pessoas por COVID-19 neste ano.
Mas a Fiocruz, ligada ao ministério, aponta que morreram em 2020 ao menos 220 mil pessoas de doenças respiratórias graves. Em 2019, esse número foi de 5.324.
O fato é que as mortes têm crescido nas últimas semanas em diversas localidades do país.
Segundo levantamento feito por um consórcio de veículos de imprensa brasileiros, a média de mortes por COVID-19 registrada ao longo de um dia aumentou nesta semana 54% em relação ao registrado duas semanas atrás.
Hospitais cheios
Nas últimas semanas, diversas capitais e cidades grandes têm enfrentado o aumento da ocupação de leitos por COVID-19.
Após dias de altas consecutivas, a cidade do Rio de Janeiro chegou nesta terça-feira (24) ao patamar de 91% de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes com COVID-19. Na enfermaria, a ocupação é de 69%.
Em Porto Alegre, a rede privada está com 98,3% dos leitos de UTI ocupados, segundo dados do governo gaúcho. Na cidade, há 408 pessoas atualmente utilizando respiradores para enfrentar a doença.
Na região leste do Paraná, a taxa de ocupação de UTIs para pacientes com COVID-19 chega a 88%.
Segundo a Fiocruz, há ao menos 12 capitais com tendência de alta de internações por doenças respiratórias: Belo Horizonte, Brasília (plano-piloto e arredores), Campo Grande, Curitiba, Maceió, Natal, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória.
Florianópolis, João Pessoa e Rio Branco, que estavam em trajetória de alta, indicam ter estabilizado o avanço da pandemia.
Por outro lado, a tendência de queda dos casos foi interrompida em Goiânia, e a doença pode voltar a crescer na cidade. O candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto no segundo turno (29/11) na capital goiana, Maguito Vilela, está intubado em uma UTI de São Paulo. Ele está internado há mais de um mês.
Segundo a Fiocruz, o patamar do número de casos de doenças respiratórias permanece bastante elevado em relação à média histórica em todos os Estados, e o espalhamento de uma doença tão contagiosa como essa pode mudar o cenário rapidamente.
Por isso, é importante reforçar as medidas de combate ao avanço da doença.
Como é possível reduzir essa taxa de contágio?
Sem vacinas disponíveis ainda, centenas de especialistas afirmam que isso envolve uma série de estratégias de combate à doença, como distanciamento social, uso de máscaras e rastreamento de pessoas que tiveram contato com alguém infectado.
Mas nenhuma dessas medidas sozinha é perfeita, e algumas são de responsabilidade de cada pessoa e outras são dos governantes ou da sociedade como um todo.
Por isso, o virologista Ian M. Mackay, da Nova Zelândia, encontrou uma ótima analogia para ajudar as pessoas a se protegerem contra a COVID-19: o queijo suíço.
"Nenhuma medida isolada de prevenção que tentamos implementar para combater a COVIDfunciona 100%", mas, quando "começamos a juntar diferentes camadas (medidas), criamos uma barreira efetiva", disse o cientista à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
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