O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (15) que desistiu de transferir bebês recém-nascidos e prematuros de Manaus para outros Estados. Mais cedo, a Secretaria de Saúde do Amazonas havia dito que a transferência iria começar ainda nesta sexta.
A capital do Amazonas vive uma crise de saúde depois que o oxigênio utilizado no tratamento de pacientes com covid-19 acabou nos hospitais do município.
Os cilindros com oxigênio são essenciais para manter e estabilizar os pacientes com covid-19 grave além de pessoas com outras enfermidades. Sem esse insumo básico, muitos indivíduos hospitalizados vão acabar morrendo.
Segundo o Ministério da Saúde, o governo federal conseguiu "cilindros de oxigênio para manter 61 bebês prematuros por mais 48 horas em leitos de UTI em Manaus."
Porém, a pasta não descartou o transporte dos bebês nos próximos dias. Em nota, o ministério afirmou que conseguiu 56 leitos em Estados como Maranhão, Bahia, Espírito Santo e Paraná.
Mais cedo, a gestão do governador Wilson Lima (PSC) havia confirmado a transferência dos bebês:
"Assim como está ocorrendo com pacientes adultos com Covid-19, internados na rede estadual de saúde e que necessitam de suporte de oxigênio, a força-tarefa montada pelo Governo do Amazonas e Governo Federal também vai transferir, para hospitais de outros Estados, bebês recém nascidos internados nas maternidades públicas do Amazonas", disse.
Segundo o governo estadual, as transferências seriam realizadas com autorização dos pais. Os bebês vão ser acompanhados pelas mães, diz a pasta.
"Técnicos da secretaria estão trabalhando no planejamento da logística de transferência e o quantitativo está sendo avaliado de acordo com as condições clínicas dos recém-nascidos", afirmou o governo.
O governo do Maranhão informou inicialmente que receberia nove bebês nas próximas horas. Eles seriam internados na rede de saúde da cidade de Imperatriz.
"Estamos falando de bebês prematuros. São muito frágeis, muito instáveis. É uma ação preventiva. Diferente de pacientes adultos, eles morrem mais rapidamente se faltar o mínimo de oxigênio. E existe o risco de faltar", declarou Carlos Lula, secretário de Saúde do Maranhão e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), ao jornal Folha de S.Paulo.
Em entrevista coletiva, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que também ofereceu leitos para receber os recém-nascidos. Ele criticou a atuação do governo de Jair Bolsonaro na condução da crise de saúde em Manaus.
"Nós acolheremos todos os bebês que puderem ser transportados a São Paulo. Isso é o fim do mundo. Para quem é pais, para quem é mãe, não ter oxigênio para seu bebê. Isso é uma irresponsabilidade do governo Bolsonaro", disse Doria.
O governo do Amazonas não informou quando as transferências dos bebês vão ocorrer nem como elas serão feitas.
A BBC News Brasil conversou com uma profissional de saúde que atua em uma maternidade amazonense, onde dois bebês estão internados. Eles não estão infectados com covid-19. As transferências devem ocorrer de maneira preventiva, levando em conta a fragilidade dos recém-nascidos e precariedade do sistema de saúde do Estado nos últimos dias.
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