Jornal Estado de Minas

Enfermeira de SP é a 1ª vacinada do país; Doria e Pazuello trocam farpas

Uma enfermeira do instituto de infectologia Emílio Ribas foi a primeira pessoa a ser vacinada no país contra o coronavírus após a aprovação do uso emergencial feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).



A aplicação ocorreu por volta das 15h30 deste domingo (17) no Hospital das Clínicas de São Paulo, pouco depois de a Anvisa autorizar o uso por unanimidade das doses importadas pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz.

Segundo o governo paulista, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, é diabética e hipertensa e se voluntariou para atuar na linha de frente contra a covid-19. O imunizante foi aplicado por Jéssica Pires de Camargo, 30 anos, enfermeira de Controle de Doenças e Mestre de Saúde Coletiva pela Santa Casa de São Paulo.

"Viúva, ela mora com o filho, de 30 anos, e cuida da mãe, que aos 72 anos vive sozinha em outra casa. Por isso, Mônica é minuciosa nos cuidados de higiene e distanciamento tanto no trabalho quanto em casa - até agora, nenhum dos três foi contaminado pelo coronavírus. Apesar disso, Mônica viu a covid-19 afetar sua família quando o irmão caçula, que é auxiliar de enfermagem e tem 44 anos, ficou internado por 20 dias devido à doença", relatou o governo paulista em comunicado.

Em seguida, a primeira vacinada recebeu o selo simbólico com os dizeres "Estou vacinado pelo Butantan" e uma pulseira com a frase "Eu me vacinei" e participou de uma entrevista coletiva ao lado do governador paulista, João Doria. Após ser vacinada, Mônica afirmou que as pessoas não devem ter medo da vacina e a imunização era o que todos esperavam para voltar à vida normal. "Que a população acredite na vacina. Estou falando agora como mulher, brasileira, mulher negra, que acreditem na vacina."



Em fala a jornalistas após a cerimônia de vacinação, Doria criticou negacionistas, fake news, agressões e "aqueles que flertam com a morte", em referência velada ao presidente Jair Bolsonaro.

Segundo ele, hoje é o dia V de vacina, da vida e de vitória da democracia e da ciência. Essa foi uma outra referência velada ao governo federal, já que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a vacinação no país começaria no dia D na hora H, sem definir cronograma claro.

Em entrevista concedida ao mesmo tempo em Brasília, Pazuello afirmou que o governo federal não faria uma jogada de marketing para antecipar a vacinação, em referência ao governo paulista.

Pazuello afirmou que cabia ao governo federal coordenar a aplicação pelo país. "Quebrar essa pactuação é desprezar a igualdade entre os Estado e entre todos os brasileiros. Construída ao longo de nossa história".

(foto: Instituto Emilio Ribas/Instagram)

Ele criticou ações "político-eleitoreiras" para se antecipar na vacinação e disse que o programa federal "não deixaria nenhum brasileiro para trás", "sem dividir o nosso país".

E falou que a Justiça vai tratar da ação antecipada do governo paulista porque, segundo ele, a aplicação de uma dose da vacina em São Paulo "está em desacordo com a lei".



Pazuello afirmou que todas as doses que estavam com o Instituto Butantan deveriam ter sido entregues ao governo federal.

Segundo o ministro da Saúde, a distribuição de 6 milhões de doses da Coronavac será feita a partir das 7h desta segunda-feira (17/1) para todos os Estados. Não está claro ainda quando as imunizações serão iniciadas.

O ministro foi questionado sobre 2 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford adquiridas na Índia, já que o cronograma de chegada desses imunizantes está atrasado. "Estamos nas negociações diplomáticas (do momento exato da saída) para que seja realizada a entrega (das vacinas)."

Ele se disse confiante de que as vacinas serão recebidas pelo Brasil ainda nesta semana.


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