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Por que os camelos podem ser a origem da próxima pandemia

Acredita-se que o vírus que causa a COVID-19 tenha se originado em animais antes de saltar para a espécie humana. Agora, especialistas estão alertando para a possibilidade de uma próxima pandemia fazer o mesmo.

Setenta e cinco por cento das doenças emergentes que afetam as pessoas atualmente se originam em animais, de acordo com o Predict, projeto de cooperação internacional entre especialistas em doenças infecciosas financiado pelo governo americano.



Os cientistas do Predict já identificaram 1,2 mil novas doenças zoonóticas (de origem animal). Mas estimam que existam aproximadamente outras 700 mil que nem conhecemos ainda.


Um animal que está despertando fascínio — e medo — nos cientistas é o camelo.

Em todo o nordeste da África, Ásia e Oriente Médio, os humanos criam esses mamíferos com corcova e pescoço comprido aos milhões. Sociedades inteiras dependem dos camelos para obter leite e carne, casamento e riqueza.

Seus donos geralmente os descrevem como criaturas gentis. Mas tente abordar um deles com uma agulha para coletar amostras de sangue ou com swabs (haste semelhante ao cotonete) para fazer exames nasais e retais, e você rapidamente despertará sua fúria.



"Eles podem chutar você. Cuspir em você. Urinar em você", diz a pesquisadora Millicent Minayo da Washington State University, nos EUA, que há dois anos vem colhendo amostras de camelos e pastores em Marsabit, no Quênia.

"E qualquer pessoa que esteja em contato com eles pode pegar essa infecção."

"Essa infecção" é a síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), um novo coronavírus que até agora provou ser pelo menos 10 vezes mais mortal do que a COVID-19.

Ele foi descoberto na Arábia Saudita em 2012. E, até 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia identificado "1.761 casos confirmados em laboratório de infecção com Mers-CoV, incluindo pelo menos 629 mortes relacionadas".



Mais tarde naquele ano, um surto em um hospital acendeu o alerta de que não são apenas os pastores de camelos que são suscetíveis à doença, mas qualquer pessoa.

Embora os camelos possam ser portadores, a ameaça da Mers para os humanos é causada sobretudo pelo homem.

Como as mudanças climáticas induzidas pelo homem tornam as secas mais frequentes, prolongadas e severas, os pastores tiveram que trocar as vacas e outros animais por camelos porque somente eles conseguem sobreviver semanas sem água.

O resultado é um número cada vez maior de camelos em contato próximo com humanos — a condição perfeita para a propagação de uma doença mortal.

Abordar um camelo para coletar uma amostra de sangue ou esfregaço requer certo cuidado (foto: JACOB KUSHNER )

"Trouxemos este estudo para o Quênia porque temos um grande número de camelos. E, especialmente, em Marsabit", diz Minayo. Ela e seus colegas já encontraram o vírus em cerca de 14 camelos apenas em 2019.



Agora eles estão correndo para testar a presença do vírus entre humanos na esperança de impedir sua disseminação antes que se transforme em uma pandemia como a de COVID-19 — que poderia ameaçar não apenas os pastores no Quênia, mas também pessoas em todo o mundo.

"Você não sabe como essa doença, se chegar aos humanos, vai ser", afirma Minayo.

"Ninguém sabia que a COVID-19 criaria uma pandemia global que ceifaria a vida de tantos milhões de pessoas. Portanto, seria bom se pudéssemos prevenir em vez de tratar."

"A prevenção é melhor do que a cura."

País dos camelos

O Quênia é o lar de 3 milhões de camelos — quase 10% de todos os camelos do mundo, e mais do que qualquer outro país, exceto Sudão e Somália. De acordo com o governo queniano, Marsabit abriga pelo menos 224 mil deles. Há quase tantos camelos quanto pessoas.



Marsabit é o maior condado do Quênia em extensão de terra, mas um dos menores em termos de população: apenas 1% dos quenianos mora lá. E 80% deles vivem na pobreza.

A economia de Marsabit não se beneficia de muitas das indústrias que sustentam outras partes do Quênia, como o turismo — dos 2 milhões de turistas que visitam o Quênia a cada ano, apenas alguns milhares se deslocam até Marsabit.

Na periferia da cidade, dezenas de mulheres com roupas coloridas esperam do lado de fora do portão do National Cereals and Produce Board.

Desde que a COVID-19 impôs à economia do Quênia um lockdown parcial, todas as manhãs as mulheres fazem fila na esperança de serem contratadas para algumas horas de trabalho embalando alimentos — milho, açúcar, arroz, óleo de cozinha — para distribuir às famílias famintas que perderam seus renda devido à pandemia.

A pecuária é responsável por 85% da economia de Marsabit. Além de fornecer sustento econômico, camelos e vacas podem ser bens familiares, usados %u200B%u200Bpara despesas como dotes ou mensalidades escolares.

Ambos os animais são frequentemente vistos como investimentos mais seguros do que ovelhas, cabras ou outros animais para criação, que vivem menos anos.



Os camelos, em particular, estão se tornando mais comuns à medida que os pastores recorrem a um animal robusto que pode sobreviver a secas cada vez mais frequentes.

Porém, quanto mais camelos houver, maior será o risco de doenças zoonóticas.

"Mover um número crescente de animais pela paisagem aumenta a interação com a vida selvagem. As doenças podem saltar da vida selvagem para o seu rebanho e daí para os humanos", alerta Dawn Zimmerman, veterinária de vida selvagem do Programa de Saúde Global do Smithsonian Conservation Biology Institute que lidera os projetos do Predict no Quênia.

"As doenças estão por aí. Se tiverem oportunidade, podem saltar."

A Mers já fez isso. Um estudo recente mostrou que os tratadores de camelos são particularmente vulneráveis a ela — e que alguns até testaram positivo para anticorpos, o que significa que já haviam sido expostos ao vírus.



Como enganar um camelo

Todas as manhãs, quando Minayo e seu colega Boru Dub Wato saem para fazer testes de Mers nos camelos, eles tomam precauções que os próprios pastores não tomam. Óculos. Máscara. Traje de proteção contra poeira de corpo inteiro. Face shield (aquela lâmina de acrílico que é presa a um aro na cabeça e forma um escudo em toda a face). Galochas. Luvas.

Quando estão todos paramentados, parecem destoar do cenário — como uma dupla de caça-fantasmas prestes a exterminar os espectros de um vilarejo rural africano.

Eles convocam pastores para arrebanhar seis camelos para teste. Os camelos são filhotes, cada um com menos de dois anos, mas se erguem sobre seus donos quando começa o difícil processo de contê-los.

"São animais enormes", diz Dub Wato, que cresceu rodeado por camelos como um nativo de Marsabit da tribo Gabra.

"Você precisa de força" para contê-los, afirma. Mesmo assim, você nunca terá sucesso "a menos que use alguns truques".



O primeiro truque é começar pela cauda — uma vez que você a agarra, o camelo não consegue fugir.

"A outra pessoa pode ir atrás da orelha. Então, você o segura pelos lábios", explica Dub Wato.

O camelo emite gemidos altos e agudos como um burro enquanto tenta chutar seus algozes. Dub Wato esfrega os swabs no nariz do camelo, depois no ânus. Em seguida, usa uma agulha para coletar sangue logo atrás da mandíbula do animal.

Depois de colher amostras de todos os camelos, é a vez das pessoas. Uma após a outra, as crianças se sentam em uma cadeira fazendo cara de nojo enquanto Minayo coleta amostras de seu nariz e garganta.

Quando chega a vez de uma senhora idosa com um sorriso no rosto, Minayo pergunta sua idade. Segue-se um debate amigável. O ano de nascimento da mulher nunca foi registrado.



Um parente diz que ela tem 90 anos, outro argumenta que ela está mais para 110. As crianças riem.

"Basta anotar 100", alguém diz.

Terminado o trabalho de campo, Minayo e Dub Wato tiram seu equipamento de proteção individual e transportam as amostras de motocicleta para um laboratório na cidade.

Lá, eles colocam o sangue em uma centrífuga e, em seguida, põem junto com os swabs em uma caixa cheia de nitrogênio líquido para resfriar as amostras a -80 ° C para a longa viagem até Nairóbi, onde será feito o teste para Mers.

Crise de saúde em formação

Mesmo antes da chegada da COVID-19, 13 doenças zoonóticas diferentes, incluindo tuberculose, hepatite E e gripe aviária, estavam causando 2,4 bilhões de casos de doenças humanas e 2,2 milhões de mortes a cada ano.



Muitas dessas doenças são transmitidas por rebanhos.

Nos países pobres, 27% dos animais da pecuária mostram sinais de infecção anterior por zoonoses, e um em cada oito animais é infectado a cada ano.

No Quênia, os lembretes do risco estão sempre presentes. Em 2017, um sistema de coleta de dados de telefones celulares alertou com sucesso as autoridades de saúde sobre um surto de antraz entre búfalos, permitindo ao governo do país detê-lo antes que colocasse vidas humanas em perigo.

É parte de um programa nacional que está sendo desenvolvido para impedir a propagação de doenças zoonóticas.

Enquanto isso, no condado de Mandera, em maio de 2020, pelo menos 70 camelos morreram de uma doença desconhecida. E em 2019, houve um surto de febre do Vale do Rift, uma doença mortal que se espalha quando os humanos entram em contato com o sangue ou órgãos de vacas infectadas. Felizmente, ninguém morreu.



Mas a sorte não dura para sempre. Em junho de 2020, no condado de Meru, perto de Marsabit, pelo menos duas pessoas morreram e nove adoeceram pelo o que os médicos suspeitam que possa ter sido outro surto de antraz induzido por animais.

E em 2014, em Marsabit, 139 pessoas morreram de brucelose — infecção bacteriana altamente contagiosa que é facilmente transmitida por leite não processado ou carne mal cozida. A brucelose já infecta uma em cada oito vacas no mundo.

Mas menos de 30% dos pastores e fazendeiros sabem como a brucelose é transmitida do gado para os humanos, de acordo com um estudo recente liderado por Kariuki Njenga, que também é o cientista-chefe do estudo de campo de Mers em Marsabit, em nome da Washington State University em colaboração com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).



Os pastores, em particular, costumavam se envolver em práticas de alto risco, como beber leite cru ou manusear couro in natura.

Até agora, a Mers não saltou para humanos em Marsabit. Todas as amostras das pessoas que as equipes de Minayo testaram nos últimos dois anos deram negativo. Mas se — ou quando — isso acontecer, pode ser devastador.

"Entre os humanos, é um vírus muito mortal", diz Minayo.

"Quando há transmissão de pessoa para pessoa, você não sabe quem vai pegar. Pode atingir aqueles que estão imunocomprometidos. Pode atingir crianças cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento."

A Mers causa os mesmos tipos de complicações no sistema respiratório que a COVID-19, incluindo pneumonia. Os sintomas geralmente começam com congestão nasal, tosse, dores no peito ou dificuldade para respirar.

Nos casos mais graves, pode causar fibrose — cicatrizes irreversíveis — nos pulmões. E isso pode ser fatal. Mais de um terço de todos os humanos conhecidos que contraíram Mers morreram em decorrência disso, de acordo com a OMS.



Embora tenhamos visto pela COVID-19 como um surto pode pegar os sistemas de saúde em todo o mundo despreparados, o de Marsabit corre o risco de ficar particularmente sobrecarregado.

Em 2014, havia apenas cinco médicos em todo o condado de Marsabit — um médico para cada 64 mil pessoas. O mínimo que a OMS recomenda é de 1 para cada mil pessoas.

Mas a ameaça vai muito além de Marsabit.

Alguns cientistas dizem que a Mers pode representar um risco para os humanos em todo o mundo — começando por onde quer que os camelos sejam encontrados.

Longe do Quênia, no deserto de Gobi na China e na Mongólia, os camelos selvagens estão entrando em contato maior com humanos e rebanhos, tornando-os mais vulneráveis %u200B%u200Bà Mers.

Enquanto isso, no Marrocos, um estudo de 2019 descobriu anticorpos contra Mers entre pastores de camelos e trabalhadores de matadouros, sugerindo "alto risco" de a doença saltar para os humanos lá também.

Depois de passar de animais para humanos, um surto de Mers pode crescer rapidamente. Só a Arábia Saudita viu 15 pessoas infectadas em dezembro de 2019 e janeiro de 2020 — três das quais eram funcionários de hospitais contaminados por seus pacientes.



"O fato de os vírus de RNA, como os coronavírus, sofrerem mutação significa que você nunca sabe o que poderia acontecer com aquele vírus específico", diz Zimmerman.

Segundo ela, é por isso que é tão importante agora financiar pesquisas para identificar os animais e as doenças que podem causar a próxima epidemia regional ou global.

Se, ou quando, a Mers saltar de camelos para humanos no Quênia, "não há nenhum plano de contingência pronto", diz Njenga.

Em vez disso, os profissionais de saúde na região de Marsabit foram treinados para "praticamente usar o manual da COVID-19: isolar a pessoa (e) usar equipamentos de proteção individual (EPI)" para evitar que sejam infectados, acrescenta Njenga.

Os profissionais de saúde também terão que realizar o rastreamento do contágio o mais rápido possível — assim como grande parte do mundo está fazendo agora com a COVID-19.

Os pastores provavelmente serão as primeiras vítimas, acredita Minayo.



"Os camelos também espirram e tossem. Quando cospem em você, quando espirram... qualquer pessoa que está em contato com camelos pode pegar essa infecção pelas gotículas", explica.

E diferentemente dos seres humanos, diz ela, "camelos não usam máscaras".

Estilo de vida arriscado

Em uma manhã ensolarada em sua casa no distrito de Karare, em Marsabit, Ng'iro Neepe ordenha cada um dos camelos fêmeas de sua família, que chama de damas, com as próprias mãos.

Quando peço a Dub Wato para traduzir minha pergunta para Neepe sobre o que ela faria se a doença matasse seus camelos, ela sorri, achando graça.

"Diga a este mzungu que somos Samburu", diz ela, se referindo a uma das 42 tribos do Quênia conhecidas pelo pastoreio.



"Leite é tudo", afirma Neepe, sendo mzungu a palavra em suaíli para "estrangeiro".

"Sem ele não temos nada. Dependemos dele para conseguir dinheiro para comprar coisas. Eu bebo, preparo chai e vendo."

Para que eu experimente, ela leva um recipiente novo para sua pequena cabana com telhado de palha, acende uma pequena fogueira e começa a ferver chai de leite de camelo.

O leite é gorduroso, com um sabor mais doce que o leite de vaca. A maioria dos quenianos aprecia seu chai diário com açúcar. Mas aqui, muitos bebem leite de camelo puro, com uma camada de espuma.

Os pastores de camelos de Marsabit podem em breve desfrutar do chai quente com menos regularidade.

"As frequências das secas aumentaram para a cada um a três anos, durante as quais os pastores podem perder até 50% de seus rebanhos", constatou um relatório do governo queniano.



"Em muitas áreas, eventos extremos e variabilidade do clima são a norma agora."

Mas os cientistas do clima dizem que o pior ainda está por vir: a ONU prevê que as temperaturas no Quênia subirão 2°C até 2050 e, em 2100, algumas partes da África Oriental poderão ter um aumento de mais de 50% nas terras afetadas pela seca.

Essas secas crescentes já forçaram os pastores a se embrenhar mais longe no deserto em busca de grama para seus rebanhos pastarem — e assim eles passam cada vez mais tempo longe de suas casas, sem fogo, diz Njenga.

Cada noite que os pastores passam longe de suas propriedades, procurando grama para pastagem, é uma noite em que dormem com seus camelos para se aquecer.

Ao longo do dia, bebem leite de camelo cru — às vezes sua única fonte de alimento por dias ou semanas a fio. Quando um camelo morre no deserto, os pastores costumam comer a carne sem cozinhar por falta de lenha.

Todos esses comportamentos correm o risco de espalhar o vírus.



"Nós dizemos a eles como podem se proteger", diz Dub Wato.

"Evite o contato próximo e, quando o contato for necessário, você pode colocar uma máscara. Depois de ter feito o contato próximo, lave as mãos ou desinfete — da mesma forma que fazemos com a COVID-19."

No Quênia, a maior parte do leite de camelo é consumido cru, o que pode espalhar doenças. A equipe de Dub Wato incentiva os pastores a ferver o leite antes de tomar.

Alguns pastores levam em conta as recomendações.

"Antes de vocês virem nos contar, não sabíamos que havia doenças no leite", afirma o irmão de Neepe, um pastor Sambru chamado Lemilayon Lekonkoi, a Dub Wato.

"A gente só tomava leite cru. Mas, desde que fomos informados, nós agora fervemos."



Ainda assim, os cientistas em Marsabit dizem que a mudança de comportamento por si só não é capaz de resolver tudo. Muitos pastores não têm escolha a não ser viver em contato próximo com seus camelos. E alguns ainda bebem leite de camelo cru quando estão no mato.

Clima para camelos

Assim como as vacas nas Américas, os porcos na Europa e os outros animais que comemos ao redor do mundo, os camelos são selecionados para consumo humano — se reproduzem, são criados e alimentados para fornecer leite e carne.

"Esses animais que mantemos, não os mantemos como animais de estimação", diz Minayo.

"Eles são nosso meio de vida."

Muitos especialistas acreditam que o risco de doenças zoonóticas tende a aumentar à medida que mais animais são criados para alimentar mais pessoas e as mudanças climáticas os força a encontrar novas fronteiras.



As mudanças climáticas também trazem outra consequência: conforme as secas se tornam mais frequentes, mais pastores estão deixando de lado outros animais para criar camelos, que são mais resistentes.

De 400 famílias da tribo Borana ouvidas em um estudo de 2014, 41% disseram que pararam de criar certos animais devido às mudanças climáticas, enquanto 71% contaram que optaram pelos camelos devido ao tempo que podem ficar sem água.

"Comecei a criar camelos recentemente", revela Lekonkoi.

Ele trocou as vacas por causa da capacidade dos camelos de suportar as secas cada vez mais frequentes. E não se arrepende.

"Todo mundo agora vê a importância do camelo."

Mas os camelos podem representar um risco maior para os humanos do que outros animais, sobretudo devido ao seu tempo de vida.

As vacas leiteiras tendem a ser abatidas após cerca de seis anos, ou seja, uma vaca infectada com brucelose, por exemplo, tem um tempo limitado em que pode transmitir a bactéria para humanos. Cabras e ovelhas vivem apenas dois anos.



Mas um camelo infectado por Mers ou outras doenças pode permanecer um risco ao longo dos seus 15 a 20 anos de vida.

Lekonkoi conhece a Mers pelo seu nome coloquial — Homa ya Ngamia (gripe dos camelos) — somente porque Minayo e Dub Wato o alertaram a respeito. Ele acredita ter visto a doença afetar camelos próximos.

"Nós os vemos tossindo — assim como os seres humanos. Mas nós apenas vivemos com eles, com sua tosse", diz.

"Não podemos fugir deles."

Essa é a tensão no centro da batalha para evitar a propagação da Mers. Os pastores de Marsabit dependem de seus camelos para sobreviver.

Mas os cientistas acreditam que, à medida que os pastores enfrentarem cada vez mais secas e climas mais adversos, o risco de serem infectados por um vírus perigoso aumentará. E estão trabalhando duro para impedir a próxima pandemia, testando camelos e pessoas.



Porém, em um mundo em transformação que torna ainda mais fácil para as doenças saltarem de animais para humanos, a questão que permanece é se os testes e a prevenção serão suficientes.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.


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