O Reino Unido anunciou neste domingo (28/02) ter identificado seis casos de covid-19 em pacientes infectados pela variante do coronavírus detectada em janeiro em Manaus.
Batizada de P.1, a nova cepa é uma das variantes que geram preocupação entre autoridades de saúde de todo o mundo, por ser potencialmente mais transmissível. Ela apresenta mutações nos genes que codificam a espícula, a proteína que permite a entrada do vírus nas células humanas e, portanto, pode facilitar a infecção pelo Sars-CoV-2.
Dados divulgados pela Fiocruz no sábado indicam que adultos infectados com a variante têm carga viral até 10 vezes maior, o que reforça a teoria de que ela aumenta a transmissibilidade.
No Reino Unido, foram diagnosticados três casos na Inglaterra e outros três na Escócia.
Na Escócia, os três pacientes haviam passado pelo Brasil e retornado via Paris e Londres.
Na Inglaterra, dois dos infectados, também com passagem pelo Brasil, são da mesma família e vivem South Gloucestershire.
O terceiro não tem ligação com os outros casos, conforme a agência do Departamento de Saúde do Reino Unido, a Public Health England (PHE). Não se sabe, contudo, do paradeiro do paciente, pois, segundo a PHE, ele não teria completado o formulário do teste de covid-19 com seus dados pessoais.
As autoridades de saúde britânicas estão pedindo que todos aqueles que realizaram testes nos dias 12 e 13 de fevereiro e não tenham recebido o resultado ou não tenham preenchido o formulário procurem os órgãos de saúde.
"Identificamos os três casos graças à nossa capacidade de sequenciamento genético, que nos ajuda a achar mais variantes e mutações do que muitos países e, assim, nos dá a chance de agirmos rapidamente", afirmou a Secretária de Saúde da Escócia, Jeane Freeman.
O Reino Unido é hoje a nação que realiza o maior número do sequenciamentos do genoma do coronavírus no mundo, cerca de 10 mil por semana. Responde por cerca de 200 mil entre os mais de 600 mil sequenciamentos enviados por cientistas de todo o mundo à plataforma pública Gisaid. O Brasil contabiliza pouco mais de 3,1 mil.
Variantes de preocupação
Além da variante brasileira, também são consideradas "variants of concern" — termo usado pelo especialistas para designar as novas linhagens que geram preocupação — uma identificada em dezembro no Reino Unido e outra descoberta na África do Sul.
Assim como a P.1, a B.1.1.7 (Reino Unido) e a 501Y.V2 (África do Sul) têm mutações na espícula. Duas mutações em particular chamam a atenção: a N501Y, presente nas três variantes, e a E484K, encontrada na da África do Sul e na que circula no Brasil.
No caso da N501Y, há indicativo de que ela possa tornar o Sars-CoV-2 mais transmissível — mais contagioso, o vírus poderia levar mais pessoas ao hospital e elevar o número de mortes. Não há indicativo, contudo, de que a mutação resulte em uma versão mais grave da covid-19.
No caso da E484K, estudos têm demonstrado que ela pode dificultar a ação de anticorpos, o que gera uma preocupação em relação a um possível efeito sobre as vacinas.
No início de fevereiro, a África do Sul suspendeu o uso da vacina da Oxford-AstraZeneca depois que um pequeno estudo ainda não revisado por outros cientistas sugeriu que a vacina oferece "proteção mínima" contra casos leves e moderados da variante descoberta no país. Recentemente, a Moderna anunciou já ter desenvolvido uma versão do imunizante especificamente contra a variante.
Mais estudos, entretanto, ainda são necessários para determinar o real impacto potencial das novas variantes sobre os programas de vacinação contra a covid-19.
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