O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou na segunda-feira (1/3) uma carta em que pede que sejam adotadas medidas mais rígidas para reverter o pior momento do país na pandemia de covid-19.
Só assim será possível "evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde", afirmou o Conass.
Pouco mais de um ano depois da confirmação do primeiro caso da doença no Brasil, já foram registrados mais de 10,5 milhões de infecções e quase 255 mil mortes causadas pelo novo coronavírus.
Mas, na contramão do que ocorre no restante do mundo, a pandemia não dá sinais de arrefecimento por aqui.
O país continua a bater sucessivos recordes de óbitos, enquanto o número de novos casos cresce rapidamente. Os sistemas de saúde de vários Estados não estão conseguindo dar conta dessa demanda e estão no seu limite.
Enquanto isso, a vacinação progride muito lentamente, enquanto alguns idosos precisam esperar por várias horas em filas país afora para conseguirem se imunizar.O cenário caótico se completa com a insistência do governo federal em não apoiar medidas que comprovadamente ajudam no combate à pandemia.
Entenda, a seguir, os fatos que mostram por que este o pior momento da pandemia de covid-19 no Brasil até agora.
1) País segue batendo recordes sucessivos de mortes por dia
Até pouco tempo atrás, o dia mais letal da pandemia ainda era 25 de julho, quando a média móvel de mortes havia ficado em 1.102 óbitos por dia, segundo o monitoramento feito pelo Conass.
Esse índice leva em conta a média dos sete dias imediatamente anteriores e é considerado mais adequado para medir a gravidade da situação por corrigir distorções pontuais nos números.
Mas, então, o que muitos temiam aconteceu, e após um longo período de alta desta taxa, que começou em meados de novembro, o Brasil igualou em 14 de fevereiro seu recorde de óbitos até então.
Muita gente respirou aliviada quando a média móvel voltou a cair logo depois, mas isso não durou e, em 24 de fevereiro, o país registrou um novo recorde de mortes: 1.124.
E esse índice não parou de subir desde então, para 1.149 no dia 25, 1.153 no dia 26, 1.178 no dia 27 e, finalmente, 1.205 no dia 28, o número mais recente.
2) Alta de novos casos está próxima do recorde da pandemia
A média móvel de novos casos também está crescendo aceleradamente — de novo.
Após atingir seu índice mais baixo em 6 de novembro, com 16.360, a taxa começou a subir desenfreadamente.
Houve um alívio entre o Natal e o Ano Novo, com uma breve redução dos números.
Mas logo a tendência de alta retornou com força e atingiu em 13 de janeiro o recorde de toda a pandemia: 55.626 novas infecções por dia.
Voltou a arrefecer um pouco, mas, desde 19 de fevereiro, não para de subir.
Ainda não batemos um novo recorde de novos casos, mas, com 54.726 registros em 28 de fevereiro, estamos muito perto disso.
3) Os leitos de UTIs estão quase todos lotados, com pacientes sem atendimento
O Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta o seu momento mais crítico desde o início da pandemia, de acordo com um boletim divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz na sexta-feira (26/2).
Dados coletados em 22 de fevereiro apontavam que, além do Distrito Federal, 12 Estados estavam na zona de alerta crítica, com uma ocupação de mais de 80%: Amazonas, Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Santa Catarina, Paraná.
Outros 13 Estados estavam na zona intermediária, com 60% a 80% de ocupação: Amapá, Alagoas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Tocantins.
E apenas um — Mato Grosso — estava fora da zona de alerta, com menos de 60% de ocupação.
Quando levadas em consideração apenas as capitais, 17 estavam na zona de alerta crítica, das quais sete estavam com ocupação igual ou superior a 90%: Porto Velho, Florianópolis, Manaus, Fortaleza, Goiânia, Teresina e Curitiba.
A lotação está sendo atingida até mesmo em alguns dos maiores hospitais privados do país, como o Sírio Libanês e o Albert Einstein, em São Paulo, nos quais já há fila de espera de pacientes por leitos de UTI.
4) A vacinação está lenta e com muitos problemas
Até o momento, só 3,11% da população brasileira já recebeu ao menos uma dose da vacina contra a covid-19.
Isso representa pouco mais de 6,57 milhões de pessoas, de acordo com o monitoramento feito por um consórcio de veículos de imprensa do país.
O número é ainda menor se contabilizadas apenas as pessoas que já receberam a 2ª dose. Foram 1,93 milhão até agora, ou 0,91% da população.
Até o momento, de acordo com o site Our World in Data, o Brasil já aplicou 3,97 doses a cada 100 pessoas, enquanto o índice é de 22,5 a cada 100 nos Estados Unidos, 30,77 a cada 100 no Reino Unido e 93,5 a cada 100 em Israel.
Por falta de vacinas, capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e São Luís chegaram a interromper a imunização e só puderam retomar alguns dias depois, com a chegada de novos lotes.
A combinação de grande procura com infraestrutura inadequada fez com que houvesse relatos de idosos que passaram horas na fila para conseguir ser vacinados.
5) Bolsonaro continua a fazer campanha contra o isolamento e as máscaras
Antigo crítico do isolamento social, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue fazendo campanha contra esse tipo de medida.
Na última semana, diversos Estados e cidades adotaram toques de recolher e lockdowns ou endureceram as restrições aplicadas ao comércio para tentar conter a alta de casos.
No domingo (28/2), Bolsonaro compartilhou em seu Twitter um vídeo de uma empresária que se manifestou contra o lockdown decretado pelo Distrito Federal, com a legenda: "O povo quer trabalhar".
Na sexta-feira, o presidente ameaçou os governadores dizendo que aqueles que "fecharem seus Estados" é que deverão custear o auxílio emergencial dado à população, sem detalhar como isso seria feito.
Bolsonaro também falou recentemente contra o uso de máscaras, ao comentar que um estudo feito por uma universidade alemã havia apontado prejuízos do seu uso por crianças.
O uso de máscaras e o isolamento social são dois métodos considerados altamente eficazes para conter a disseminação do coronavírus, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
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O que é o coronavírus
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus