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Estado de Minas

Guerra das vacinas: por que a Itália bloqueou exportação de doses para a Austrália

O país europeu impediu o embarque de 250 mil doses do imunizante de Oxford/AstraZeneca e tornou-se o primeiro membro da União Europeia a usar as novas regras criadas pelo bloco para garantir o fornecimento do que foi comprado.


04/03/2021 23:40 - atualizado 04/03/2021 23:40

AstraZeneca alega estar enfrentando problemas de produção de sua vacina(foto: Reuters)
AstraZeneca alega estar enfrentando problemas de produção de sua vacina (foto: Reuters)
O governo italiano bloqueou a exportação para a Austrália de uma remessa da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca.

 

A decisão envolve 250 mil doses produzidas em uma fábrica da AstraZeneca na Itália.

 

O país é o primeiro da União Europeia (UE) a usar os novos regulamentos do bloco, permitindo que as exportações sejam interrompidas se a empresa fornecedora das vacinas não cumprir as obrigações assumidas localmente.

A AstraZeneca disse que fornecerá apenas 40% do acordado com Estados-membros da UE nos primeiros três meses do ano. A companhia disse estar enfrentando problemas de produção para justificar o déficit.

 

Em janeiro, o então primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte disse que os atrasos no fornecimento de vacinas pela AstraZeneca e pela Pfizer são "inaceitáveis" e acusou as empresas de violarem seus contratos.

 

A UE tem sido amplamente criticada pela lentidão do seu programa de vacinação. No esquema estabelecido em junho do ano passado, o bloco negociou a compra de vacinas em nome dos Estados-membros.

 

Não houve nenhum comentário oficial sobre a ação italiana por parte da Austrália, da UE ou da AstraZeneca.

 

A Austrália iniciou seu programa de vacinação na semana passada usando a vacina Pfizer. A vacinação com o imunizante da AstraZeneca está prevista para ter início na sexta-feira (5/3).

O que a Itália diz?

O governo italiano abordou a Comissão Europeia na semana passada para comunicar sua intenção de bloquear o embarque das doses.

 

Em nota, o Ministério de Relações Exteriores do país explicou a medida, informando que havia recebido o pedido de autorização no dia 24 de fevereiro.

 

Os pedidos anteriores foram autorizados porque incluíam um número limitado de amostras para pesquisa científica, mas o último, muito maior, foi rejeitado.

 

O governo italiano explicou a medida dizendo que a Austrália não consta em uma lista de países "vulneráveis", que há uma escassez permanente de vacinas na UE e na Itália e que o número de doses era alto em comparação com a quantidade dada à Itália e à UE como um todo.


As vacinações começaram na Austrália na semana passada usando a vacina da Pfizer(foto: EPA)
As vacinações começaram na Austrália na semana passada usando a vacina da Pfizer (foto: EPA)

O que representa o bloqueio?

Em uma guerra pelas vacinas cada vez mais acirrada, este é um movimento importante de um dos pesos-pesados da UE.

 

É a primeira proibição do tipo depois que os fabricantes tiveram de passar a pedir autorização para exportação ao país em que a vacina é produzida.

 

O novo primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, figura influente na Europa como ex-presidente do Banco Central Europeu, argumentou em videoconferência com líderes da UE que as regras deveriam ser aplicadas com rigor.

 

Ele estava furioso com as reduções da AstraZeneca de até 70% no fornecimento de doses em relação ao que foi contratado.

 

Draghi está claramente determinado a mostrar que o seu país — e a UE — usarão todos os meios necessários para garantir a imunização de sua população.

Como surgiu a briga com a AstraZeneca?

A UE assinou um acordo com a AstraZeneca em agosto para a compra de 300 milhões de doses, com opção para mais 100 milhões.

 

Mas, no início deste ano, a empresa relatou atrasos na produção em fábricas na Holanda e na Bélgica.

Em vez de receber 100 milhões de doses até o final de março, espera-se agora que a UE receba apenas 40 milhões.

 

O bloco acusou a empresa de violar o acordo. A comissária de Saúde da UE, Stella Kyriakides, afirmou que as fábricas da companhia no Reino Unido que produzem a vacina deveriam compensar o déficit.

 

Kyriakides também criticou o presidente da AstraZeneca, Pascal Soriot, por dizer que o contrato previa que a empresa fizesse seu "melhor esforço" para entregar o que foi acordado, em vez de prever uma obrigação de cumprir um prazo para entrega de vacinas.

 

Como resultado da disputa, a UE anunciou controles de exportação que começaram a vigorar em 30 de janeiro.


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