Enquanto alguns países lutam para obter mais vacinas, outros se perguntam o que fazer com as doses que encomendaram, mas não usarão mais por causa de preocupações com sua segurança.
Vários países restringiram o uso das vacinas Oxford-AstraZeneca e da Janssen (Johnson & Johnson) devido a um risco muito pequeno de coágulos sanguíneos.
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A Dinamarca parou totalmente de distribuir a AstraZeneca, gerando uma onda de interesse nas doses que não serão usadas naquele país.
A República Tcheca fez uma oferta para comprar "todas as vacinas AstraZeneca da Dinamarca". Estônia, Letônia e Lituânia também manifestaram interesse.
Por que isso está acontecendo?
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É praticamente o mesmo risco de morrer em um acidente de trânsito durante uma viagem de 400 km.
Mesmo assim, as autoridades sanitárias da Dinamarca tomaram a decisão de interromper o uso da vacina AstraZeneca. Explicaram que havia outras vacinas disponíveis, que a epidemia estava sob controle no país e que estavam agindo com cautela em resposta a um "risco conhecido de efeitos adversos graves".
A decisão significa que 2,4 milhões de doses da AstraZeneca que a Dinamarca concordou em comprar serão retiradas de circulação.
Além disso, uma ligação entre a vacina da Janssen e a ocorrência de coágulos sanguíneos raros também está sendo investigada.
Até que as verificações de segurança sejam concluídas, o uso dessas vacinas foi suspenso nos Estados Unidos, que havia encomendado 100 milhões de doses.
O uso da vacina da Janssen também foi suspenso na África do Sul. Essa vacina havia sido escolhida para uso no país africano após estudos mostrarem que proporcionava maior proteção contra a variante local da covid-19.
A AstraZeneca, que é menos eficaz contra essa variante, já havia perdido popularidade na África do Sul, o que também resultou em vacinas não utilizadas.
Para evitar o desperdício, a África do Sul vendeu um milhão de doses de AstraZeneca para distribuição em 14 países africanos.
Essas vacinas podem ser usadas em outro lugar?
Em teoria, sim. Os países estão dispostos a vender ou doar vacinas de que não precisam mais.
No dia 15 de abril, o diretor para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS), Hans Kluge, sugeriu que a Dinamarca estava tentando fazer exatamente isso.
"Eu entendo que o Ministério das Relações Exteriores dinamarquês está pronto, ou já está procurando opções, para compartilhar as vacinas AstraZeneca com os países mais pobres", disse Kluge em um comunicado.
E alguns vizinhos da Dinamarca se ofereceram para receber as doses indesejadas.
"Temos menos vacinas do que pessoas dispostas a serem vacinadas", disse a primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Simonyte. "Portanto, a Lituânia expressou sua disposição de receber tantas doses da AstraZeneca quanto a Dinamarca estiver disposta a compartilhar."
Em um tuíte, o ministro do Interior tcheco, Jan Hamacek, disse que instruiu um diplomata a declarar o interesse do país em "comprar todas as vacinas AstraZeneca da Dinamarca".
O governo da Dinamarca ainda não fez comentários.
Nesse ínterim, essas vacinas serão mantidas em armazenamento. As vacinas da AstraZeneca e da Janssen têm a vantagem de poderem ser armazenadas em temperatura de geladeira, o que as torna mais fáceis de transportar do que a vacina da Pfizer, que deve ser armazenada a -70 graus.
No entanto, as vacinas têm um prazo de validade, que varia de acordo com o fabricante do imunizante.
Quantas vacinas não foram utilizadas?
Não há registro global, mas os dados regionais fornecem uma visão geral. A Dinamarca, por exemplo, recebeu 202.920 doses de AstraZeneca até 15 de abril, mostram números do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDP).
Destas, 150.671 doses foram administradas e 52.249 permaneceram sem uso.
O quadro é semelhante em toda a Europa, onde vários países limitaram as vacinas AstraZeneca e Janssen aos idosos.
Os dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos também mostram que muitos Estados americanos têm doses em excesso.
Mais de 20% das vacinas adquiridas ainda não foram administradas em estados como Alabama (37%), Alasca (35%), Vermont (27%) e Carolina do Norte (24%).
Especialistas em saúde dizem que a capacidade não utilizada sugere que algumas áreas podem estar com residentes que não estão dispostos a ser vacinados.
Existe um plano para compartilhar as vacinas restantes?
Sim. Chama-se Covax.
É um consórcio internacional que visa garantir que as vacinas sejam compartilhadas de forma justa entre todas as nações, ricas e pobres. É liderado pela OMS com a participação da Aliança Global de Vacinas (Gavi) e da Coalizão para Inovação na Preparação para Epidemias (Cepi).
Até o final de 2021, a Covax espera entregar mais de 2 bilhões de doses em 190 países.
Parte desse esquema envolve a redistribuição do excedente de vacinas dos países ricos para os pobres.
Por exemplo, o Reino Unido, que comprou cerca de 450 milhões de doses, prometeu doar a maior parte de seu "excedente" aos países mais pobres. Outros países mais ricos fizeram gestos semelhantes de solidariedade.
Porém, eles têm enfrentado críticas porque, até o momento, nenhum explicou exatamente quando terão as doses excedentes e quantas pretendem doar.
Pelo menos por enquanto, os países ricos estão se concentrando na vacinação de suas próprias populações, ao mesmo tempo em que fornecem recursos financeiros para o programa Covax.
Como e quando as vacinas excedentes poderão ser compartilhadas?
Ainda não se sabe.
A BBC perguntou à Gavi se tinha um registro de quantas vacinas excedentes os países haviam prometido à Covax. Esta foi a sua resposta:
"Dado o contexto de fornecimento limitado de curto prazo, as doses doadas de países com excesso de oferta e alocadas de forma equitativa por meio da Covax serão uma parte importante da solução para obter acesso rápido e equitativo globalmente. Estamos conversando com várias economias de alta renda sobre o compartilhamento de seus doses excedentes e estamos ansiosos para anunciar nossos primeiros acordos em breve."
Portanto, existem acordos para compartilhar vacinas excedentes, mas ainda não há informações concretas sobre quando e quem recebe o quê, o que é frustrante para muitos.
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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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