A Índia registrou o maior número de mortes diárias por coronavírus desde o início da pandemia — um dia depois de se tornar o primeiro país a registrar mais de 400 mil novos casos.
O ministério da Saúde disse neste domingo (02/05) que 3.689 pessoas morreram nas últimas 24 horas.
O número ainda é inferior ao registrado por Brasil no começo de abril e pelos Estados Unidos em janeiro. Ambos os países registraram mais de 4 mil mortes em um só dia.
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Em meio à crise, começou no domingo a contagem dos votos para eleições que foram realizadas em cinco Estados em março e abril.
Os resultados podem refletir como a pandemia afetou o apoio a Modi e seu partido nacionalista hindu, o BJP. Modi foi criticado por permitir que as pessoas se reunissem em comícios políticos em março e abril, com mínimo distanciamento social e pouquíssimo uso de máscaras.
A Índia registrou desde o começo da pandemia mais de 19 milhões de casos de coronavírus — perdendo apenas para os EUA (onde houve mais de 32 milhões de casos até agora). O governo também confirmou mais de 215 mil mortes, embora o número real seja considerado muito maior.
Os especialistas citam as baixas taxas de teste e o número de pessoas que morrem em casa, especialmente nas áreas rurais, como fatores que contribuem para os números estarem subnotificados.
O número anterior de mortes diárias mais alto no país, também relatado esta semana, foi de 3.645.
O Brasil e os Estados Unidos registraram taxas diárias de mais de 4 mil durante a pandemia.
Na Índia, imagens angustiantes de famílias implorando por leitos hospitalares e suprimentos que salvam vidas vêm surgindo há mais de 10 dias, enquanto necrotérios e crematórios permanecem sobrecarregados.
Doze pessoas morreram no sábado no Batra Hospital de Delhi depois que o lugar ficou sem oxigênio pela segunda vez em uma semana.
O jornal The Times of India relatou 16 mortes no Estado de Andhra Pradesh, no sul, devido à escassez de oxigênio em dois hospitais e seis no subúrbio de Gurgaon, em Delhi.
A Suprema Corte de Delhi declarou agora que começará a punir as autoridades se os suprimentos vitais não chegarem aos hospitais.
Como está a vacinação na Índia?
Todos os adultos na Índia podem receber vacina contra o coronavírus. Mas o lançamento planejado de uma campanha nacional no sábado fracassou, já que vários Estados disseram que não tinham doses suficientes para começar a vacinar as pessoas com idade entre 18 e 44 anos.
Apesar de ser o maior produtor mundial de vacinas, o país está sofrendo com uma escassez interna e suspendeu temporariamente todas as exportações da vacina da AstraZeneca para atender à demanda interna.
O Ministério da Saúde disse no domingo que 84.599 pessoas nessa faixa etária receberam a primeira dose da vacina contra o coronavírus.
A Índia tem usado duas vacinas: a vacina Oxford-AstraZeneca (conhecida localmente como Covishield) e outra feita pela empresa indiana Bharat Biotech (Covaxin). A vacina russa Sputnik V também foi aprovada para uso, e as primeiras 150 mil doses chegaram no sábado.
O que outros países estão fazendo para ajudar?
Diversos países enviaram uma enxurrada de suprimentos médicos de emergência. Até quinta-feira, 40 países haviam enviado ajuda.
O primeiro de vários aviões dos Estados Unidos carregando cilindros de oxigênio, máscaras e testes de diagnóstico rápido chegou a Delhi na sexta-feira.
"O vínculo entre a democracia mais antiga e a maior continua se fortalecendo", tuitou o ministério da Saúde da Índia.
Os EUA já haviam sido criticados por proibir o envio de matérias-primas para vacinas no exterior, o que limitou a capacidade da Índia de produzir mais doses da AstraZeneca. A medida foi suspensa na semana passada.
Uma aeronave militar alemã com 120 ventiladores chegou à Índia no sábado, enquanto o Reino Unido também enviou centenas de equipamentos médicos.
Por que a Índia não está adotando lockdown nacional?
O governo central reluta em impor um lockdown nacional, que o primeiro-ministro chamou de "último recurso". Os principais líderes temem o impacto econômico, depois que o lockdown do ano passado viu a produção da Índia cair um recorde de 24% em abril-junho em comparação com o ano anterior.
O custo humano também pode ser grave. O lockdown nacional de 68 dias no ano passado viu milhões de trabalhadores migrantes da Índia fazerem jornadas árduas de volta às suas aldeias natais depois de se encontrarem desempregados e sem dinheiro.
Os pobres, especialmente crianças subnutridas e mulheres grávidas que dependem de programas do governo, têm dificuldade de acessar os benefícios. Os programas de imunização foram interrompidos e aqueles que sofriam de doenças graves nem sempre conseguiam ter acesso a serviços de saúde essenciais.
Mas vários Estados têm restrições em vigor.
O Estado de Odisha foi o último a anunciar um lockdown de duas semanas, juntando-se a Delhi, Maharashtra, Karnataka e Bengala Ocidental.
Outros Estados, incluindo o populoso Uttar Pradesh, têm toque de recolher noturno ou lockdowns nos finais de semana.
O Dr. Anthony Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas dos EUA, disse no sábado que uma paralisação "imediata" por "algumas semanas" poderia interromper a cadeia de transmissão na Índia.
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