Jornal Estado de Minas

Na ONU, Bolsonaro fala em tratamento precoce e diz que protege Amazônia; assista

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (21/9), na Assembleia Geral da ONU, que o país viveu "a maior manifestação de sua história" no dia 7 de setembro, com os atos convocados por ele em diversas cidades.

Bolsonaro também defendeu o tratamento precoce contra o coronavírus - que, segundo cientistas, não tem eficácia e oferece riscos - e disse que seu governo protege a Amazônia.



Bolsonaro discursou na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Ele falou depois do Secretário Geral da ONU, o português António Guterres, e do presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, das Maldivas. Assista acima.

Seguindo a ordem tradicional de líderes de Estado desde a fundação da ONU, Bolsonaro falou imediatamente antes do presidente americano, Joe Biden.

Antes de Bolsonaro, Guterres fez um apelo por igualdade econômica no mundo, combate à desinformação, foco na agenda do aquecimento global e melhor distribuição de vacinas para as populações em países pobres.

Confira abaixo os principais trechos do discurso de Bolsonaro na ONU.



Brasil 'diferente da mídia e sem corrupção'

"Venho mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões", disse Bolsonaro na abertura do discurso.

"O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019. Estamos a dois anos e oito meses sem qualquer caso concreto de corrupção. O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a constituição, valoriza a família e deve lealdade ao seu povo. Isso é muito."

Brasil 'à beira do socialismo'

"É uma sólida base se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo. Nossas estatais davam prejuízos de bilhões de dólares no passado. Hoje são lucrativas. Nosso banco de desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas sem garantias. Quem honrava esses compromissos era o próprio povo brasileiro. Tudo isso mudou", disse o presidente.

"Apresento agora um novo Brasil, com sua credibilidade já recuperada diante do mundo."

Economia e investimentos

Bolsonaro listou investimentos feitos em parceria entre o governo e a iniciativa privada, falando que foram contratados "US$ 100 bilhões de dólares em investimentos". Ele ressaltou investimentos feitos nas áreas de ferrovias e saneamento básico, e disse que o leilão do 5G, na área de telecomunicações, será realizado em breve.



"Temos tudo o que o investidor procura, um grande mercado consumidor, excelentes serviços, tradição de respeito a contratos e confiança em nosso governo."

Agricultura e meio ambiente

"Nossa moderna e sustentável agricultura de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional. Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa como a nossa. Nosso código florestal deve servir de exemplo para outros países."

Bolsonaro disse que o Brasil "tem grandes desafios ambientais", mas que dois terços do território são formados por vegetação nativa, "a mesma desde o seu descobrimento, em 1500". Ele diz que, no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta.

"Antecipamos de 2060 para 2050 o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros destinados ao fortalecimento dos órgão ambientais foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal. E os resultados desta importante ação já começaram a aparecer. Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior."



Bolsonaro disse: "Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa?". Em seguida, afirmou: "Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia."

'Temos a família tradicional como fundamento da civilização', disse Boldonaro na ONU (foto: Reuters)

Energias renováveis

"O Brasil já é um exemplo na geração de energia, com 83% advinda de fontes renováveis. Por ocasião da COP 26 buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes. O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo."

Racismo, religião e indígenas

"Ratificamos a convenção interamericana contra o racismo e formas correlatas de intolerância. Temos a família tradicional como fundamento da civilização — e a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e de expressão."

Bolsonaro disse que 14% do território nacional — "equivalente a França e Alemanha juntas" — é destinado a terras indígenas, dizendo que os indígenas vivem em liberdade e que "quer usar suas terras para agricultura e outras atividades".



Afeganistão

Bolsonaro também falou que o brasil acolheu refugiados da Venezuela, que fugiram da "crise político-econômica provocada pela ditadura bolivariana". E disse que o Brasil está preocupado com o futuro do Afeganistão: "Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos".

O presidente brasileiro também defendeu uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, com assento permanente do Brasil.

Pandemia de covid

"A pandemia pegou a todos de surpresa em 2020. Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo. Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação", disse o presidente, afirmando que pessoas ficaram em casa por decisão de governadores e prefeitos.

"Concedemos um auxilio emergencial de 800 dólares para 68 milhões de pessoas em 2020. Lembro que terminamos 2020, ano da pandemia, com mais empregos formais do que em dezembro de 2019", disse o presidente, afirmando que o auxílio custou 40 bilhões de dólares.



Vacinas contra covid e passaporte sanitário

Bolsonaro, que diz não ter se vacinado, se manifestou contra o passaporte de covid.

"Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos. Apoiamos a vacinação, contudo nosso governo tem se posicionado contra o passaporte sanitário ou a qualquer obrigação de vacina."

Apoiadores tiram foto com Jair Bolsonaro durante visita do presidente brasileiro aos Estados Unidos (foto: Mariana Sanches/ BBC News Brasil)

Tratamento precoce

Na tribuna da ONU, o presidente brasileiro voltou a defender o tratamento da covid com medicamentos sem eficácia comprovada.

"Desde o início da pandemia, defendemos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez esse tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label. Não entendemos porque muitos países juntamente com grande parte da mídia se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos."



7 de setembro

"No último 7 de setembro, data da nossa independência, milhões de brasileiros de forma pacífica e patriótica foram às ruas na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abre mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo."

"Como demonstrado, o Brasil vive novos tempos. Na economia, temos um dos melhores desempenhos dos emergentes. Meu governo recuperou a credibilidade externa e hoje se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos. É aqui nessa Assembleia Geral que vislumbramos um mundo de mais liberdade, democracia, prosperidade e paz."


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