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Estado de Minas

Brasil supera meta mínima de vacinação da OMS, distante para 50 países

A maioria das pessoas que não atingem a meta de 10% das pessoas totalmente vacinadas até o final de setembro estão na África.


01/10/2021 17:17 - atualizado 09/10/2021 17:40

Uma enfermeira de Uganda administra uma dose de vacina em Kampala
A OMS queria 10% do mundo totalmente vacinado até o final de setembro (foto: Getty Images)

Mais de 50 países não cumpriram a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que 10% de suas populações fossem totalmente vacinadas contra a covid-19 até o final de setembro.

A maioria está na África, onde o número geral da OMS para pessoas totalmente vacinadas é atualmente de 4,4%.

No Brasil, mais de 42% de toda a população foi totalmente vacinada; na União Europeia, cerca de 62%; e nos Estados Unidos, 55%.

Quais países não atingiram a meta de 10%?

Muitos, mas não todos, são países de baixa renda, lutando com a falta de vacinas e problemas de infraestrutura de saúde.

Alguns sofrem com conflitos ou distúrbios civis, como Iêmen, Síria, Iraque, Afeganistão e Mianmar, enquanto outros, como o Haiti, foram atingidos por desastres naturais, tornando a tarefa de vacinar seus povos muito difícil.

Mas a rica Taiwan, cujo programa de vacinação tem sido prejudicado por atrasos nas entregas e outros problemas, ainda está um pouco abaixo de 10%.

O Vietnã, que até alguns meses atrás tinha um dos números mais baixos de casos de coronavírus em todo o mundo, também ficou aquém da meta de 10%.

Cena de rua na hora do rush em Hanói, Vietnã
Menos de 10% da população do Vietnã foi totalmente vacinada (foto: Getty Images)

Na África, apenas 15 dos 54 países alcançaram a meta de 10%. Metade dos países do continente vacinou menos de 2% de sua população.

Alguns países maiores com grandes populações ficaram muito aquém dessa meta. O Egito tem apenas cerca de 5% de sua população totalmente vacinada, com a Etiópia e a Nigéria cada uma com menos de 3%.

Dois países do continente, Burundi e Eritreia, ainda não implementaram programas de vacinação.

BBC
(foto: BBC)

"Muitos dos países [mais vacinados] estão nas faixas de renda média-alta ou alta e adquiriram vacinas diretamente dos fabricantes", diz a diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti.

Por que a África ficou para trás?

Os governos africanos contaram com uma combinação de acordos bilaterais, doações e o esquema de compartilhamento de vacinas da Covax para iniciar seus programas.

No início deste ano, os países lutaram para obter suprimentos via Covax, mas a situação melhorou em julho e agosto.

Os países mais ricos anunciaram doações para a Covax ou diretamente para as nações africanas na cúpula do G7 no Reino Unido em junho.

Suprimentos da Covax sendo carregados na República Democrática do Congo
Suprimentos da Covax sendo carregados na República Democrática do Congo (foto: Getty Images)

Outras promessas foram feitas na Assembleia Geral da ONU neste mês, quando os EUA disseram que doariam mais 500 milhões de doses da vacina Pfizer além do que já havia prometido.

Uma pesquisa recente sobre o fornecimento de vacinas no G7 e na UE calculou que, de mais de um bilhão de doses que essas nações se comprometeram a doar, menos de 15% haviam sido entregues até agora.

A OMS havia projetado anteriormente que o continente precisava de um total de cerca de 270 milhões de doses de vacina para atingir a meta de 10% totalmente vacinados até o final de setembro.

No último dia do mês, a OMS havia recebido 200 milhões de doses, portanto, 70 milhões de doses (ou quase 25%) abaixo da meta.

O que causou a escassez de vacinas?

O maior problema enfrentado pelo esquema Covax, do qual muitos estados africanos dependem, é a sua dependência das vacinas do Serum Institute of India, o maior fabricante de vacinas do mundo.

A Índia suspendeu as exportações de vacinas em abril em resposta às suas próprias necessidades urgentes, e outros fabricantes enfrentaram problemas para aumentar a produção.

Os países mais ricos assinaram acordos com fabricantes já em julho de 2020, enquanto elas ainda estavam em desenvolvimento e em testes.

Esses governos receberam prioridade dos fabricantes, dificultando o trabalho do esquema Covax.

No início deste mês, uma declaração da Covax sobre as previsões de abastecimento para o resto deste ano e início de 2022 reduziu a estimativa do número de doses que espera receber.

A nota cita proibições de exportação, mas também problemas em aumentar a produção com rapidez suficiente e atrasos na aprovação regulatória de algumas vacinas.

A Índia anunciou que retomará algumas exportações a partir de outubro e se concentrará nos países asiáticos e no esquema da Covax (embora ainda não esteja claro em quais quantidades).

"Temos que pedir aos países, quando estiverem compartilhando as doses, que as compartilhem com uma vida útil mais longa", disse Ayoade Alakija, da Aliança de Entrega de Vacinas da União Africana.

O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, pediu uma ação urgente para garantir que milhões de vacinas não utilizadas armazenadas em países ricos não sejam desperdiçadas.

Quanta vacina é necessária na África?

A OMS tem como meta que 40% da população mundial seja totalmente vacinada até o final de 2021.

Mas a Covax já revisou para baixo o número de doses que pretende entregar à África até então, de 620 milhões de doses para cerca de 470 milhões.

Isso será suficiente para vacinar totalmente apenas 17% da população da África, com cerca de 500 milhões de doses extras necessárias para que as nações africanas atinjam a meta de 40% até o final de dezembro.

"Nesse ritmo, o continente só vai atingir a meta de 40% até o final de março de 2022", diz Moeti.

Uma trabalhadora de saúde é vacinada na África do Sul
Uma trabalhadora de saúde é vacinada na África do Sul (foto: Getty Images)

Também existem preocupações sobre pessoas que não querem receber a vacina em alguns países.

É difícil quantificar o impacto que isso pode ter, mas um estudo sul-africano mostrou que, embora tenha havido uma queda geral na desconfiança da população como um todo, ela aumentou entre os jovens de 18 a 25 anos.

Pesquisa adicional de Becky Dale e Kumar Malhotra


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