O ano de 2021 foi o ano em que o uso de máscaras protetoras se consagrou no mundo inteiro, como um lembrete onipresente da emergência sanitária que, em dezembro, chegou a seu segundo ano: a luta contra o vírus da a covid-19.
Depois de despontar em Wuhan, na China, e se espalhar pelo mundo em questão de semanas, agências de saúde em todo o mundo perceberam rapidamente que até máscaras descartáveis relativamente simples, se usadas corretamente sobre a boca e o nariz, eram de grande ajuda para evitar a difusão do vírus.
E assim, as máscaras passaram a fazer parte não só de nosso cotidiano como dos principais acontecimentos de 2021. Veja a seguir, um apanhado relembrando esse desenrolar.
A desocupação
Os locais turísticos do planeta ficaram, em grande parte, desertos enquanto o mundo recebia 2021 — em parte devido ao crescimento da variante delta, uma mutação altamente transmissível do vírus, observada pela primeira vez em outubro de 2020.
Resorts all-inclusive (com tudo incluído), na República Dominicana, somente reabriram depois de vários meses, mas muitos turistas estavam receosos de sair de férias em meio à pandemia.
Propaganda política
As máscaras tornaram-se uma nova forma de publicidade e veículo para mensagens virais, especialmente no campo político.
Nesta imagem, a deputada republicana norte-americana Marjorie Taylor Greene exibe uma máscara facial com o slogan "Trump won" ("Trump venceu"), em referência à crença infundada de que a vitória do Partido Democrata na eleição presidencial norte-americana de 2020 teria sido resultado de uma fraude eleitoral.
Medidas defensivas
Dois eventos esportivos importantes programados para o verão de 2020 foram finalmente realizados em 2021. Um deles foi o campeonato europeu de futebol, a Euro 2020, que teve lugar em diversas cidades — desde Sevilha, na Espanha, até Baku, no Azerbaijão.
Apesar de o campeonato ser realizado em estádios abertos, ele causou sérios surtos de infecção devido ao enorme movimento de torcedores em aeroportos, hotéis e estádios. Até os jogadores precisaram aderir às regras, usando máscaras quando não estavam no campo de jogo.
Regra de ouro
Um espetáculo ainda maior ocorreu no final do verão no hemisfério norte: os Jogos Olímpicos de Verão em Tóquio, no Japão, entre o final de julho e o início de agosto.
Os jogos, programados para 2020, também haviam sido adiados. Com campanhas de vacinação a pleno vapor, esperava-se que o evento fosse muito mais seguro se realizado um ano mais tarde. Exigiu-se que os atletas usassem máscaras em todas as instalações olímpicas — até no pódio, para receber as medalhas.
Havia temores de que as competições precisariam ser disputadas em locais vazios — e esta foi, de fato, a recomendação do principal cientista do Japão. Mas permitiu-se afinal a entrada de torcedores, embora a capacidade dos locais fosse reduzida para auxiliar no distanciamento social.
E havia outra regra bem mais difícil de ser seguida: as comemorações tinham sido proibidas.
Conforto no frio
Longe do glamour e do espetáculo dos esportes internacionais, a covid-19 também se fez sentir nas outras atividades físicas.
Este esquiador, perto do teleférico no resort de esqui Alpe d'Huez, na França, foi obrigado a usar máscara. No Reino Unido, o diretor geral da saúde, Chris Whitty, afirmou que não era necessário que corredores usassem máscaras ao ar livre, mas outros especialistas médicos não tinham a mesma certeza.
Em março, cientistas italianos descobriram que o uso de máscaras era seguro mesmo durante exercícios de alta intensidade, pois elas causam redução de apenas 10% da inalação de oxigênio e reduzem em muito a probabilidade de difusão do vírus em academias de ginástica, por exemplo.
Companhia constante
As máscaras logo se tornaram parte vital do dia a dia, como carteiras e telefones celulares para muitos. O ritual de procura de uma máscara ao sair de casa tornou-se tão comum quanto a busca das chaves.
A necessidade de máscaras foi ainda maior nas cidades e comunidades superpopulosas, como em partes da Índia — que sofreu terríveis perdas na primavera e no verão, à medida que a variante delta varria o país.
Na foto acima, um sadhu — ou homem sagrado, místico — indiano usa uma máscara enquanto se banha no rio Ganges em abril, durante o festival Kumbh Mela (a principal festa do hinduísmo), na cidade indiana de Haridwar.
Mudanças culturais
Máscaras podiam ser vistas até nos tapetes vermelhos mais exclusivos, como no Festival de Cinema de Cannes, na França, em maio.
Muitos desses eventos haviam sido adiados ou realizados online em 2020 devido à pandemia e as máscaras eram um sinal visível de que o mundo ainda estava muito longe de voltar ao normal. A indústria cinematográfica passou grande parte do ano em relativo lockdown, com alguns dos seus maiores lançamentos — como o filme de James Bond Sem Tempo para Morrer — sendo postergados por várias vezes à medida que persistiam as restrições do lockdown.
Um momento sem máscaras
Muitos líderes políticos precisaram usar máscaras em todos os eventos públicos, reforçando sua eficácia para o público.
Em forte contraste com seu predecessor, Donald Trump — que compareceu sem máscara até a comícios políticos na corrida para a eleição de 2020 —, o presidente norte-americano Joe Biden sempre usou máscaras. No verão, ele apelou aos norte-americanos que usassem máscaras em ambientes internos, devido à escalada da contagem de mortos pela covid-19.
Nesta imagem, ele é visto beijando sua esposa Jill Biden no gramado da Casa Branca em janeiro, antes de uma viagem a um hospital militar.
Questão ecumênica?
Em novembro de 2020, o Papa Francisco — líder de 1,3 bilhão de católicos no mundo — chamou de "egoístas" as pessoas que se recusavam a usar máscaras.
O pontífice recebeu críticas em 2020 por nem sempre usar máscaras em ambientes públicos e parece ter levado essas críticas a sério. Em 2021, ele apareceu usando máscara regularmente nas audiências gerais semanais realizadas no Vaticano.
Nos Estados Unidos, algumas igrejas apelaram às suas congregações para que usassem máscaras, a fim de ajudar a reprimir a difusão da doença, mas outras resistiam. Algumas até ofereceram "isenções religiosas" para que as pessoas pudessem descumprir exigências de máscaras e vacinas nos locais de trabalho.
Por trás das máscaras
Um mundo em pandemia precisa de uma imensa quantidade de máscaras.
Apenas uma companhia — o conglomerado norte-americano 3M — produziu cerca de 2,5 bilhões de máscaras em 2021. Esse número foi quatro vezes maior que a quantidade produzida em 2019 (antes da pandemia) e um sinal do imenso esforço sendo dedicado à produção de máscaras em todo o mundo.
Relatos indicaram que muitas companhias menores nos Estados Unidos que passaram a fabricar máscaras com o início da pandemia, em 2020, acabaram com imensos estoques de máscaras que não foram vendidas, já que empresas chinesas produziram grandes quantidades a preços mais baixos.
Cobrindo o rosto
As agências de saúde pública apelaram às pessoas para que usassem máscaras — e as usassem corretamente, cobrindo a boca e o nariz durante o uso.
E quando elas estiverem fora de uso? Seria mais seguro pendurá-la no braço ou colocá-la no bolso ou em uma sacola?
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos deixou claro este ponto: não carregue uma máscara fora de uso balançando no seu braço, nem em volta do pescoço, para evitar que ela fique mais contaminada. Segundo instruções da própria 3M sobre o uso de máscaras, você também não deve guardá-la no bolso ou sacola entre um uso e outro.
E, para quem usa máscaras reutilizáveis, é importante lavá-las regularmente.
A pandemia não mostra sinais de desaceleração, pelo menos para o futuro próximo — e parece que as máscaras continuarão a ser uma das nossas armas mais visíveis na batalha para superá-la.
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