Jornal Estado de Minas

GUERRA NA UCRÂNIA

Quem foi Molotov e por que ele dá nome a explosivos usados contra os russos



Alguns estão incrédulos com a guerra, outros estão com medo, mas há milhares de civis ucranianos que decidiram ajudar seu Exército a defender o país da invasão russa.

Cidadãos responderam ao chamado do governo do país, que tem uma força militar e uma população significativamente menor que a da Rússia.





Muitos recorreram aos chamados coquetéis molotov, bombas incendiárias caseiras feitas de substâncias inflamáveis %u200B%u200Bem um recipiente de vidro.

As imagens de pessoas comuns dedicadas à fabricação desses explosivos rodaram o mundo.

Com eles e outras armas fornecidas pelo Estado, os civis ajudaram a defender as principais cidades ucranianas, como Kiev ou Kharkiv, ainda sob controle ucraniano.

O Ministério da Defesa até deu orientações em suas mídias sociais sobre como usá-los contra veículos do Exército russo.

Essas "bombas caseiras" têm uma origem surpreendente - e seu nome vem de um ex-dignitário da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Vyacheslav Mikhailovich Molotov, que foi protagonista de outro conflito militar.





Ucranianos são treinados em como fabricar e lançar coquetéis molotov (foto: Reuters)

Quem foi Molotov?

Vyacheslav Mikhailovich Molotov, de nacionalidade russa e nascido com o sobrenome Scriabin, foi ministro das Relações Exteriores da URSS duas vezes, entre 1939-1949 e 1953-1956.

Nascido em 1890 de pais de classe média, ele era desde 1906 parte da facção bolchevique do Partido Social Democrata Russo, que mais tarde se tornou o Partido Comunista da URSS.


Vyacheslav Mikhailovich Molotov deu nome às bombas caseiras (foto: Getty Images)

De acordo com o Wilson Center nos Estados Unidos, ele foi colaborador de Vladimir Lenin e Joseph Stalin na revolução de 1917, que levou à queda da dinastia czarista e inaugurou a República Socialista Federativa Soviética Russa.

Mais tarde, ocupou vários cargos no partido, como secretário do Comitê Central e a liderança do Comitê do Partido em Moscou.

Esta última posição, segundo o Wilson Center, foi alcançada após a participação no chamado "expurgo" do Partido Comunista Soviético, um processo de perseguição aos opositores de Stalin.





O Pacto Molotov-Ribbentrop

No entanto, ele é mais conhecido por assinar - como comissário de Relações Exteriores - o pacto Molotov-Ribbentrop em agosto de 1939, um tratado de não agressão entre a URSS de Stalin e a Alemanha nazista de Adolf Hitler.

O acordo, segundo várias fontes, também continha um acordo entre ambas as potências para dividir seus interesses de conquista na Polônia e no resto da Europa.


Civis ajudaram a defender as principais cidades ucranianas, como Kiev ou Kharkiv (foto: Reuters)

Sem medo de provocar a URSS, em setembro de 1939 o governo nazista atacou a Polônia, invasão que levou à Segunda Guerra Mundial.

Os soviéticos, por sua vez, invadiram a Finlândia em novembro do mesmo ano, o que ficou conhecido como a Guerra de Inverno.

Foi nesse conflito que os coquetéis molotov ganharam fama.

A Guerra de Inverno e as bombas caseiras

Uma resenha do livro A Frozen Hell: The Russo-Finnish War of the Winter of 1939-1940, (Um inferno congelado: a guerra de inverno russo-finlandesa de 1939-1940, em inglês), do historiador William Trotter, explica por que os soldados finlandeses nomearam suas bombas caseiras de "coquetéis Molotov".





O diplomata Molotov, na rádio soviética, disse que o Exército de seu país durante o conflito não lançou bombas em território finlandês, mas "suprimentos e alimentos".

Com suas palavras, os soldados começaram sarcasticamente a chamar os bombardeios soviéticos de "cestas de piquenique Molotov".

Mais tarde, eles adotaram o nome para suas próprias bombas improvisadas.

A origem dos coquetéis molotov foi anterior, no entanto - há registros do uso desses explosivos, por exemplo, na Guerra Civil Espanhola de 1936-39.

Agora, os coquetéis molotov estão de volta ao noticiário com a resistência do povo ucraniano à invasão russa.

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