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Covid: por que China volta à 'estaca zero' da pandemia com novo surto da doença

Milhões de pessoas em todo o país estão enfrentando severas restrições à medida que os casos de coronavírus aumentam. Entre as áreas afetadas pelas novas medidas estão alguns centros do país.


17/03/2022 07:20 - atualizado 17/03/2022 08:01


Um trabalhador médico coleta uma amostra de um residente local para teste de ácido nucleico COVID-19 em 13 de março de 2022 em Changchun, província de Jilin, na China
China registrou recorde de mais de 5 mil casos, a maioria na província de Jilin (foto: Getty Images)

Escolas fechadas, home office e embalagens pulverizadas com desinfetante nas portas de casa.

As cenas que ocorreram há dois anos na China, no período mais severo de confinamento em meio ao alastramento da pandemia de covid-19, voltaram a ser vistas em algumas grandes cidades do gigante asiático.

Milhões de pessoas em todo o país estão agora enfrentando novamente duras restrições à medida que os casos de coronavírus aumentam. Entre as áreas afetadas pelas novas medidas estão alguns dos principais centros do país, como o centro tecnológico de Shenzhen e a megacidade de Xangai.

Grandes empresas multinacionais pararam suas operações à medida que a China expande as áreas em confinamento.

Toyota, Volkswagen e a fornecedora da Apple Foxconn estão entre as empresas afetadas e há preocupações de que as cadeias de suprimentos possam ser interrompidas novamente.

Província de Jilin

A China registrou na terça-feira (15/3) um recorde de mais de 5 mil casos, a maioria na província de Jilin, levando as autoridades a implementar um lockdown na área.

Os 24 milhões de habitantes desta província no nordeste do país foram obrigadas a permanecer em quarentena na última segunda-feira (14/3).

É a primeira vez que a China restringiu uma província inteira desde o fechamento de Wuhan e Hebei, onde o coronavírus foi inicialmente detectado, no início da pandemia.


Filas em um centro de exames em Hong Kongg.
Filas em um centro de exames em Hong Kong, que passou de modelo a local com maior mortalidade pelo vírus no mundo (foto: Reuters)

Os moradores de Jilin foram proibidos de se locomover e quem quiser deixar a província deve solicitar uma autorização policial.

As medidas ocorrem um dia depois que o governo chinês impôs um lockdown de cinco dias aos 12,5 milhões de habitantes da cidade de Shenzhen, no sul, onde todos os serviços de ônibus e metrô estão suspensos.

Na terça-feira, as autoridades da cidade de Langfang, que faz fronteira com a capital Pequim, bem como Dongguan, na província de Guangdong, no sul, também confinaram suas populações.

As empresas em muitas das regiões afetadas foram instruídas a fechar ou fazer seus funcionários trabalharem em casa, a menos que forneçam serviços essenciais, como alimentos, serviços públicos ou outras necessidades.

A Foxconn, que fabrica iPhones para a Apple, interrompeu as operações em Shenzhen na segunda-feira, dizendo que a data de sua retomada "será informada pelo governo local".

Algumas áreas residenciais estão impondo regras rígidas sobre quem pode entrar.

As embalagens estão sendo novamente pulverizadas com desinfetante nas portas das casas.

Tolerância zero

A China tem registrado relativamente menos casos de covid graças à sua política rígida de "covid zero", pela qual o governo central implementa lockdowns, testes em massa e restrições de viagem sempre que um novo surto acontece.

No entanto, a rápida transmissibilidade da variante ômicron vem tornando essa missão cada vez mais desafiadora.

Desde o início do ano, a China registrou mais casos de transmissão interna do que em todo o ano de 2021.

O principal especialista em doenças infecciosas da China, Zhang Wenhong, chamou os recentes surtos de "o período mais difícil nos últimos dois anos de combate à covid".

E afirmou em um post on-line amplamente divulgado que o país ainda estava "experimentando os estágios iniciais de crescimento exponencial".

Mas Wenhong acrescentou que, embora seja necessário que a China mantenha sua estratégia "covid zero" para controlar surtos por enquanto, "isso não significa necessariamente que continuaremos implementando lockdowns e testes em massa para sempre".

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