A gravação de uma orangotango lavando as mãos, supostamente imitando os seus cuidadores para se proteger de um possível contágio pelo novo coronavírus, tem circulado nas redes sociais ao menos desde o último dia 2 de abril. O vídeo, contudo, pode ser encontrado na internet pelo menos desde novembro de 2019, ou seja, semanas antes do primeiro caso de COVID-19 ser detectado em Wuhan, na China, em dezembro daquele ano.
“A orangotango Sandra começou a lavar as mãos depois de ter vistos os cuidadores do jardim zoológico a fazerem-no repetidamente durante a crise do COVID-19 ”, dizem as publicações, encontradas desde 2 de abril de 2020 no Facebook (1, 2), Twitter (1, 2), YouTube e em sites da Internet (1, 2).
Postagens com alegações semelhantes foram igualmente vistas em espanhol (1, 2) e inglês.
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A descrição, além disso, indica: “Sandra tem bacias de água diariamente e gosta muito de lavar suas coisas. seus brinquedos, seu entorno e suas mãos! Sandra adora se lavar!”. Junto a este texto está a hashtag #OrangutanCaringWeek, em referência a uma iniciativa que ocorre a cada ano no mês de novembro em apoio à conservação destes animais.
A sequência foi filmada pouco depois que a orangotango chegou a esta instituição, em novembro de 2019.
Sandra nasceu em 1986 no Zoológico de Rostock, na Alemanha. Em 1994 foi transferida para o Zoológico de Buenos Aires. Mas em 2015 a Justiça argentina a declarou “sujeito não humano” e ditou que fosse garantido seu cuidado e bem-estar. Em setembro de 2019 Sandra foi enviada aos Estados Unidos.
Em resumo, o vídeo da orangotango Sandra lavando as mãos foi publicado em novembro de 2019, ou seja, antes que fossem detectados os primeiros casos do novo coronavírus na China. Por isso, a cena não tem qualquer relação com a atual pandemia.