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Estado de Minas FACT-CHECKING

Checamos: teste para COVID-19 não afeta barreira hematoencefálica, garantem especialistas

Publicações fake news muito compartilhadas em redes sociais afirmam que o cotonete usado no exame swab pode danificar membrana semipermeável


12/07/2020 23:18 - atualizado 20/07/2020 08:26

Publicações compartilhadas centenas de vezes em redes sociais desde o início de julho alegam que a coleta de secreção nasal realizada para detectar a infecção por COVID-19 pode danificar a barreira hematoencefálica, uma membrana semipermeável que separa o sangue de outros líquidos no cérebro, causando uma inflamação cerebral.

A alegação é falsa: especialistas garantem que o swab, tipo de cotonete utilizado no exame, não é inserido próximo a esta barreira e não representa um risco à saúde humana.

“Sabe esse ‘cotonetão’ que estão usando para testar covid? Então… O local em que eles estão "obtendo uma amostra" para o teste Covid-19 é chamado de Barreira Sangue-Cerebral”, começa o texto compartilhado centenas de vezes no Facebook, utilizando a tradução do nome da membrana em inglês.

“Se, de alguma forma, a sua barreira hematoencefálica estiver comprometida, ela se tornará uma ‘barreira hematoencefálica com vazamento’, que é um cérebro inflamado!  Em seguida, permite que bactérias e outras toxinas entrem no seu cérebro e infectem o tecido cerebral, o que pode levar a inflamação e, às vezes, à morte”, continua a mensagem, replicada em diversas outras postagens no Facebook (1, 2, 3) e Instagram.

O texto, que circulou também em inglês e em espanhol, termina estimulando o leitor a recusar o teste de detecção da COVID-19: “Agora, faça esse teste e caso entre qualquer contaminação aí sim você estará bem encrencado!!”.

As alegações são, contudo, falsas.

O que é o teste com swab nasal?


Como explicou ao AFP Checamos a neurologista Cristiane Nascimento, coordenadora do Departamento Científico de Neuroinfecção da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), o exame com swab nasal é feito com uma haste flexível semelhante a um cotonete.

“Uma haste é introduzida no nariz e atinge a parede posterior da nasofaringe. Tendo essa haste na nasofaringe, a gente faz uma rotação e obtém o material necessário para análise”, afirmou a médica. No caso da coleta de secreção nasal, a análise tem como objetivo detectar o PCR, “que nada mais é do que a detecção do vírus em si”.

Essa é a diferença do teste PCR para os testes rápidos, que identificam se o corpo desenvolveu anticorpos para o novo coronavírus, como explica o Ministério da Saúde brasileiro. 
Captura de tela feita em 13 de julho de 2020 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 13 de julho de 2020 de uma publicação no Facebook

O swab nasal não é utilizado exclusivamente para detectar o novo coronavírus, mas é administrado com frequência em Centros de Terapia Intensiva (CTI) para detectar bactérias hospitalares, acrescentou a médica.

O exame pode afetar a barreira hematoencefálica?


Ao contrário do que sugerem as publicações viralizadas, “o swab é feito na nasofaringe, não tem nada a ver com a barreira hematoencefálica”, garantiu Cristiane Nascimento.

A informação foi reiterada por John Dwyer, imunologista e professor emérito da Universidade de Nova Gales do Sul. “O swab não é colocado na barreira hematoencefálica e não compromete a barreira hematoencefálica e, portanto, não representa nenhum risco ao nosso sistema nervoso”, afirmou, em e-mail enviado à AFP no último dia 10 de julho.

A barreira hematoencefálica, como explicou a neurologista Cristiane Nascimento, é uma membrana composta por células endoteliais que separa o sangue do cérebro.

“Essas células têm uma maneira de ligação diferente das endoteliais do resto do corpo. Por essa ligação ser muito estreita e diferenciada, não há uma passagem de qualquer substância para dentro do cérebro”, afirmou. “Então ela é fundamental porque impede a passagem de toxinas, de substâncias de vírus, bactérias, etc”.

Embora o teste PCR possa ser “momentaneamente desagradável”, acrescentou o imunologista John Dwyer, “não há como um simples cotonete danificar a barreira hematoencefálica”.

O professor John Mathews, epidemiologista da Universidade de Melbourne, também disse à AFP que o swab “não compromete a barreira hematoencefálica de maneira nenhuma”.

“Swabs nasofaríngeos de rotina para detectar outros vírus ou para outros resultados laboratoriais têm sido coletados com segurança há muitos anos”, disse, ainda, por e-mail no último dia 10 de julho.

O comprometimento da barreira hematoencefálica realmente poderia, por sua vez, causar uma inflamação no cérebro. Mas, este não é o caso do teste com swab nasal, e sim de algumas doenças neurológicas como a meningite, encefalite e esclerose múltipla, citou a neurologista Cristiane Nascimento.

Em resumo, é falso que a coleta de secreção nasal realizada para detectar a infecção por COVID-19 possa comprometer a barreira hematoencefálica, provocando uma inflamação no cérebro. Como informaram especialistas à AFP, o exame com swab nasal não atinge essa membrana.

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 


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