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Estado de Minas CHECAMOS

Checamos: Vídeo não mostra 'farsa' da vacina chinesa contra a COVID-19, mas simulação para registro de imagens

Gravação mostra uma simulação para produção de imagens devido a protocolos segurança; voluntária recebeu a vacina, mas em outro momento


23/07/2020 20:13 - atualizado 24/07/2020 08:39

Um vídeo que supostamente prova que a primeira voluntária brasileira a testar a vacina contra a COVID-19 da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech não recebeu de verdade a CoronaVac foi compartilhado milhares de vezes em redes sociais desde o último dia 22 de julho.

A gravação mostra, contudo, uma simulação realizada para produção de imagens devido aos protocolos segurança. A voluntária efetivamente recebeu a vacina, mas em outro momento, como comprovam fotos e vídeos oficiais.

“Me conta aí sobre essa armação desgraçada. A mão não sai a frente do braço, quase 1 minuto para ser aplicada, e o líquido da vachina [sic] entra no seu braço por Wi-Fi, nem precisa tirar a tampa”, diz publicação compartilhada mais de 4 mil vezes no Facebook.

A legenda acompanha um vídeo em que o governador do estado de São Paulo, João Doria, assiste enquanto um profissional de saúde parece aplicar uma vacina em uma mulher. Ao final da gravação, é possível ver que a tampa que protege a agulha da seringa não havia sido removida. 

Postagens semelhantes circulam amplamente no Facebook (1, 2, 3), Twitter (1, 2, 3) e Instagram (1, 2, 3), somando mais de 20 mil compartilhamentos e de 750 mil visualizações em menos de 24 horas.

“No fim do procedimento a agulha está com o protetor? Eu vi isso? E cadê o algodão? Me parece mais uma farsa”, afirma uma das postagens.

Uma das vacinas em estudo para prevenir o novo coronavírus, a CoronaVac começou a ser testada no Brasil no último dia 21 de julho, como parte de um acordo entre o Instituto Butantan, ligado ao governo do estado de São Paulo, e o laboratório chinês Sinovac Biotech.

Anunciado em 11 de junho, o acordo prevê a realização da terceira fase clínica da vacina em 9 mil voluntários brasileiros e uma futura produção nacional caso a imunização se prove eficaz e segura.

O vídeo viralizado não mostra, contudo, uma farsa nesse processo de testes.

Simulação para registro de imagens


Como explicou à AFP a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, as imagens compartilhadas nas redes mostram uma simulação realizada no último dia 21 de julho para permitir a produção de imagens de divulgação dos testes respeitando, ao mesmo tempo, “os protocolos de segurança e de prevenção à COVID-19”.

“A médica Stefania Teixeira Porto realmente foi a primeira voluntária a tomar a vacina no Hospital das Clínicas, seguindo as normas técnicas de preparo e aplicação”, disse uma porta-voz da Secretaria ao AFP Checamos.

“Considerando os protocolos de segurança e de prevenção à COVID-19, por se tratar de ambiente hospitalar e considerando o volume de veículos de comunicação participantes na coletiva realizada no HC [Hospital das Clínicas], a visita não foi aberta para a imprensa”, continuou. “Assim, foi organizada uma simulação para os respectivos registros audiovisuais”.

Como explica o Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação do Ministério da Saúde, a sala de vacinação é classificada como uma “área semicrítica” e deve ser destinada exclusivamente à administração dos imunobiológicos para reduzir o “risco de contaminação para os indivíduos vacinados e também para a equipe de vacinação”.

Uma foto publicada no Flickr oficial do governo de São Paulo mostra que a vacina efetivamente foi aplicada na voluntária após ser reduzido o número de pessoas presentes na sala. 
Captura de tela feita em 22 de julho de 2020 de vídeo publicado no Facebook
Captura de tela feita em 22 de julho de 2020 de vídeo publicado no Facebook

Um vídeo divulgado pelo governo de São Paulo e publicado pela AFP também mostra a agulha da vacina sendo inserida no braço da voluntária. 



A CoronaVac não é a única candidata à vacina contra a COVID-19 que está sendo testada no Brasil. No último dia 21 de junho, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) recebeu 15 voluntários que testarão a eficácia da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, que  firmou uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Com mais de 2,2 milhões de casos confirmados e de 82 mil óbitos pelo novo coronavírus, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes provocadas pela COVID-19. Globalmente, são mais de 15 milhões de infectados e de 627 mil mortos.

Em resumo, o vídeo compartilhado nas redes sociais não prova que a primeira voluntária brasileira a testar a vacina desenvolvida na China para prevenir o novo coronavírus não recebeu de verdade a dose. A gravação mostra uma simulação realizada para produção de imagens de divulgação. Outras imagens mostram a vacina sendo aplicada na voluntária.

Uma outra simulação de vacinação já foi alvo de desinformação nas redes e foi verificada pela AFP.


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