(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas FACT-CHECKING

Checamos: A voluntária que contou aos meios de comunicação as possíveis reações à vacina faz parte dos testes de Oxford

Diferentemente do que afirmam postagens em redes sociais, a vacina em teste na voluntária não é a 'chinesa do Doria'


28/07/2020 19:01 - atualizado 29/07/2020 09:12

A história de uma voluntária que faz parte de um dos testes de vacina contra o novo coronavírus no Brasil viralizou nas redes sociais em pouco mais de dois dias.

Ela contava ter tido reações à dose, que internautas afirmaram ser da “vacina chinesa do Doria”. No entanto, isto é falso. Ela faz parte dos testes da Universidade de Oxford, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e não tem relação com a CoronaVac, cujos testes são coordenados pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, em São Paulo.

“A COBAIA DO DÓRIA QUE TOMOU A VACINA. ‘Comecei a me sentir muito indisposta, enorme moleza no corpo, muito sono, cansaço e febre de 38 graus, meu corpo inteiro começou a doer; e os olhos a lacrimejar, a dor no braço é absurda, mal posso levantá-lo [sic], diz o texto que acompanha a foto de uma mulher, em publicações compartilhadas mais de 5,4 mil vezes no Facebook (1, 2, 3, 4) desde o último dia 25 de julho, fazendo referência ao governador de São Paulo, João Doria.

Junto com essa imagem há legendas como: “Coronovac da china [sic], “Reação da Vacina do Dória, alguém mais aí se dispõe a ser cobaia ?! [sic] e “Tem otário pra TUDO, até pra aceitar ser cobaia de vacina Ching ling. Cadê o governo brasileiro que não proíbe esse caos? [sic].

A fotografia com o texto também circulou em publicações no Instagram (1, 2) e Twitter (1).

Na imagem é possível ver o endereço do site da revista Marie Claire, no site da Editora Globo, onde está a mesma fotografia da mulher vista nas postagens viralizadas. Trata-se de Jackeline Desiderrio, que foi aceita como voluntária dos testes da vacina de Oxford, e não da desenvolvida pela farmacêutica chinesa.

Na matéria publicada no mesmo dia 25 de julho, Jackeline conta como foi o processo de candidatura aos testes, aceitação, o momento da vacina e suas reações.

De fato, o texto visto nas postagens viralizadas narra as suas reações - “Comecei a me sentir indisposta, com uma enorme moleza no corpo, muito sono, cansaço e febre de 38 graus. Em seguida, meu corpo inteiro começou a doer; e os olhos, a lacrimejar. Fora a dor no braço que é absurda, mal posso levantá-lo” - está no depoimento.

Contudo, o teste do qual Jackeline faz parte é o da vacina de Oxford, que assinou um compromisso com a Fiocruz para a sua produção, não da vacina da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan - a chamada “CoronaVac”.

A voluntária especifica que a equipe lhe deu um termômetro para acompanhar a sua temperatura e “comprimidos de paracetamol, para caso tivesse febre”, uma reação esperada nestes testes.

A matéria da revista ainda faz uma ressalva de que “os participantes desse estudo da Universidade de Oxford não sabem se tomaram a vacina feita para combater a COVID-19. Isso acontece porque o grupo de vacinados é dividido em dois, os que recebem a vacina para a COVID-19 e os que recebem o placebo”.

Este procedimento de divisão em dois grupos é semelhante ao realizado pelo Instituto Butantan, ligado ao governo estadual de São Paulo, como explicou a assessoria da instituição ao Checamos: “Nessa fase, de aplicação da vacina propriamente dita, uma parte irá receber a vacina e outra parte vai receber apenas um placebo” e apenas um grupo restrito saberá quem recebeu a vacina, ou o placebo, para o acompanhamento dos resultados.

Para que uma vacina seja produzida, em uma de suas etapas são criados os chamados “grupos de controle” com voluntários para avaliar a eficácia. Isso significa que uma parte das pessoas receberá a vacina em questão, e a outra, uma vacina placebo, o que é definido aleatoriamente e restrito a um grupo de pesquisadores.

A AFP também conversou com uma voluntária dos testes da vacina de Oxford, Mônica Levi, que citou alguns dos efeitos que podem existir - “mal-estar, calafrio, dor de cabeça, febre”. Ela disse ter sentido “dor de cabeça e calafrio” e para isso tomou “paracetamol”. “Mas nem sei se eu tomei a vacina, ou a vacina placebo, [pois] 50% dos voluntários recebam a vacina placebo. Mas a gente não vai saber durante o estudo que vacina que recebemos”.

E completou: “Depois de tomar a vacina a gente tem que voltar em 28 dias, três meses, seis meses e um ano. Nesses retornos eles vão recolher exame de sangue. É Oxford que vai analisar o nosso sangue”.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) é a instituição responsável pelos testes do estudo da Universidade de Oxford, em parceria com o laboratório AstraZeneca, que conta com 5 mil voluntários brasileiros.

Em resumo, é falso que a mulher que relatou à imprensa possíveis sintomas a uma vacina contra o novo coronavírus seja voluntária dos testes da “CoronaVac”, da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e que tem sido testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan. Jackeline Desiderrio é, na verdade, voluntária dos testes da vacina da Universidade de Oxford, e não sabe se tomou de fato a vacina, ou um placebo.

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)