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Checamos: Políticos de diversos países e níveis morreram de COVID-19

Milhares de publicações em redes sociais afirmam que o coronavírus não atingiu fatalmente políticos ao redor do planeta, o que é fake news


11/08/2020 15:23 - atualizado 21/08/2020 07:57

Várias publicações compartilhadas dezenas de milhares de vezes em redes sociais durante a pandemia de COVID-19 sugerem que o novo coronavírus não causou a morte de nenhum político.

No entanto, políticos em exercício e ex-funcionários de diferentes níveis de governo faleceram devido à enfermidade em todo o mundo.

“Que raro [um] vírus tão mortal que não matou nenhum político… Será que este ‘vírus’ é corrupto?”, dizem publicações compartilhadas no Facebook (1, 2), desde o final de julho.

Versões semelhantes, replicadas mais de 100 mil vezes no Facebook (1, 2, 3) e Twitter (1, 2, 3) desde o final de março, asseguram que o novo coronavírus “não matou nenhum político nem aqui e nem na China”, em uma aparente referência à expressão que significa que algo não aconteceu em nenhum lugar do mundo. 


No entanto, desde que o novo coronavírus foi detectado, em dezembro de 2019, políticos de diferentes níveis de governo e em diversos países, incluindo o Brasil e a China, foram contaminados e faleceram devido à COVID-19. A seguir, a equipe de checagem da AFP reuniu alguns exemplos:

América


A América Latina é uma das regiões mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus a nível mundial, onde mais de 50 políticos faleceram devido à doença até a publicação deste artigo.

Em março deste ano, quando as publicações começaram a circular, já havia falecido em decorrência da COVID-19 no Brasil, o prefeito de São José do Divino (Piauí), Antônio Nonato Lima Gomes. No final de maio, também foi confirmada a morte de Gil Vianna, deputado estadual pelo PSL e próximo ao presidente Jair Bolsonaro.

Na Venezuela, faleceu em 13 de agosto Darío Vivas, chefe do governo de Caracas e importante político chavista do governo de Nicolás Maduro, quase um mês após testar positivo para o novo coronavírus. Essa morte se soma à do cônsul do país no Brasil, Faustino Torella, que batalhou por mais de 50 dias contra a COVID-19, falecendo em 5 de agosto.
Captura de tela feita em 18 de agosto de 2020 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 18 de agosto de 2020 de uma publicação no Facebook

O México é o país da região onde mais políticos em exercício faleceram devido ao novo coronavírus: a equipe de checagem da AFP contabilizou ao menos 24 mortes de prefeitos e funcionários municipais e estaduais. Entre elas, em julho, a do secretário de Saúde do estado de Chihuahua, Jesús Enrique Grajeda, e, em maio, a do presidente municipal da localidade de Mazatecochco, José Esteban Cortés.

No Peru, nove prefeitos faleceram por COVID-19. Entre eles Luis Pascal Chauca, prefeito de Pucusana, na província de Lima.

Dois deputados e dois prefeitos da Bolívia também morreram devido à doença. Uma das mortes mais recentes foi a do legislador Francisco Cuéllar, do Movimento para o Socialismo (MAS). Em 16 de agosto, por sua vez, faleceu Esther Morales, que acompanhou seu irmão e ex-presidente boliviano, Evo Morales, em sua vida política.

Políticos, parlamentares e funcionários públicos em atividade também perderam a batalha para o novo coronavírus no Equador, no Chile, na Nicarágua, em Honduras e El Salvador, segundo reportado por diferentes veículos locais.

Nos Estados Unidos, por sua vez, o site de informação sobre política Ballotpedia criou uma base de dados dedicada a contabilizar as “mortes, diagnósticos e quarentenas relacionados à COVID-19 de funcionários eleitos, candidatos e funcionários governamentais”.

A nível estadual, o site reportou quatro mortes, ocorridas em março e abril: dois membros da Câmara de Representantes dos estados de Luisiana e Dakota do Sul, assim como dois integrantes da Suprema Corte do estado de Nova York.

A nível local, ao menos três políticos morreram nos estados de Minnesota, Nova Jersey e Geórgia, segundo o portal.

No final de julho, o político conservador e ex-candidato à Presidência pelo Partido Republicano Herman Cain também morreu após testar positivo para o coronavírus. Semanas antes, ele havia comparecido ao comício do presidente Donald Trump em Tulsa, Oklahoma.

Europa


Na França, no início de abril, a AFP já havia contabilizado cinco prefeitos e presidentes de executivos locais que morreram devido à COVID-19, entre eles, Alain Lescouet, prefeito de Saint-Brice Courcelles, no departamento de Marne, e Jean-Jacques Zalay, vice-prefeito da localidade de Tracy le Mont, no departamento de Oise.

Também no final de março, a classe política francesa foi sacudida pela morte de Patrick Devedjian, ex-ministro e presidente do conselho departamental de Altos do Sena, a oeste de Paris.
Diosdado Cabello (esquerda), junto ao chefe do governo de Caracas, Darío Vivas, em um ato político em 7 de agosto de 2017
Diosdado Cabello (esquerda), junto ao chefe do governo de Caracas, Darío Vivas, em um ato político em 7 de agosto de 2017

A Espanha, por sua parte, registrou a primeira morte de um prefeito em exercício em 28 de março: Narciso Arranz, chefe da localidade de Cantalojas, ao norte de Madrid. Outros ex-funcionários como o ex-diretor da Polícia Nacional Juan Cotino, e o ex-presidente de Governo da Comunidade Autônoma de Aragão Santiago Lanzuela, faleceram durante o ponto mais crítico da pandemia no país, entre março e abril.

Na Bélgica, o coronavírus vitimou diversos ex-políticos, entre eles o ex-senador Philippe Bodson.

Ásia


Na China, a morte de duas autoridades públicas foram notificadas logo no início da pandemia, ainda em janeiro deste ano. Entre elas, a de Wang Xianliang, ex-chefe da Comissão de Assuntos Étnicos e Religiosos de Wuhan, e a de Yang Xiaobo, ex-prefeito de Huangshi, na província de Hubei.

No Irã, ao menos oito políticos e líderes de alto escalão faleceram devido ao novo coronavírus. Entre eles, morreram, em março, o general iraniano e comandante chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, Nasser Shabani, e a parlamentar Fatemeh Rahbar.

Na Índia, ao menos três políticos em exercício faleceram de COVID-19, incluindo o ministro da Educação do estado de Uttar Pradesh, Kamal Rani Varun, no início de agosto.

África


Na África do Sul, vários políticos morreram por COVID-19, como o presidente do Conselho Municipal da cidade de Buffalo, Alfred Mtsi; Martha Mmola, integrante do Conselho Nacional de Províncias e o deputado Zamuloxo Peter.

Líderes com COVID-19


Ao decorrer da pandemia, diversos mandatários também informaram terem testado positivo para a doença, como o presidente Jair Bolsonaro; Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido; Jeanine Áñez, presidente interina da Bolívia e Juan Orlando Hernández, mandatário de Honduras.
O ex-ministro Patrick Devedjian em 8 de setembro de 2010 em Paris
O ex-ministro Patrick Devedjian em 8 de setembro de 2010 em Paris

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a maioria das pessoas (cerca de 80%) irá se recuperar da doença sem necessidade de tratamento hospitalar”. Uma em cada cinco pessoas que contraem a COVID-19 apresenta um quadro grave e pode passar por dificuldades para respirar.

Até este dia 18 de agosto, a pandemia de coronavírus deixou mais de 774 mil mortos em todo o mundo, e foram registrados mais de 21 milhões de casos positivos.

Em resumo, vários políticos e ex-funcionários públicos faleceram devido à COVID-19 em múltiplos países.


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