Para chamar atenção para os graves incêndios florestais que têm atingido o Pantanal, a floresta amazônica, a Chapada dos Guimarães e o município de Tangará da Serra em agosto e setembro de 2020, usuários passaram a compartilhar registros de chamas consumindo biomas nas redes sociais.
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A mensagem, replicada também no Twitter, é acompanhada por até seis fotos de chamas consumindo vegetações.
O Pantanal, bioma de vegetação úmida localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, registrou este ano número recorde de focos ativos de incêndios, com 14.764 entre janeiro e 13 de setembro.
Estas cinco fotografias foram feitas pela AFP nesta região entre agosto e setembro de 2020.
“Seca, altas temperaturas, e áreas de baixa umidade têm causado incêndios em vários locais em Brasília, de acordo com os bombeiros que apagam as chamas”, indica a legenda.
Parque da Chapada Imperial, 2010
Uma pesquisa também reversa pela foto de um homem bebendo água durante um incêndio mostra, por sua vez, que ela foi publicada em setembro de 2010 no site do jornal Estado de S.Paulo.
A legenda indica que o clique foi feito pelo fotógrafo Celso Junior em 6 de setembro de 2010, no parque da Chapada Imperial em Brazlândia, cidade satélite de Brasília.
Segundo reportado na época, esse incêndio consumiu até 95% da reserva, uma das maiores da capital, e teria sido provocado por um fazendeiro que ateou fogo na área para preparar o pasto.
Pantanal, 2017
Uma terceira imagem, na qual chamas consomem árvores, realmente mostra um incêndio no Pantanal, mas em 2017, como indicou uma busca reversa no Google. A foto foi publicada em 30 de agosto daquele ano no site do governo do Mato Grosso.
Segundo informou o portal oficial, a imagem foi feita pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso (CBMMT) durante um incêndio que atingia a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), em Barão de Melgaço, parte do Pantanal.
Na época, as possíveis causas consideradas estavam relacionadas à coleta de isca na beira do rio, queimada de roça sem monitoramento, retirada do mel com fogo ou ação criminosa.
Foto de 2012
Uma busca pelo registro mais antigo da quarta imagem com a ferramenta TinEye mostra, por sua vez, que ela foi publicada em 1º de março de 2012 no banco de imagens iStock.
A legenda da foto não especifica quando ou onde ela foi tirada, informando se tratar apenas de uma “queimada controlada de pradaria ou de um prado de flores silvestres”.
Brasília, 2010
A quinta imagem, na qual é possível ver a silhueta de um homem com uma pá na frente de um incêndio, foi localizada no banco de imagens da European Pressphoto Agency (EPA).
O registro foi feito pelo fotógrafo Fernando Bezerra Jr. em 25 de agosto de 2010, em Brasília. Segundo a legenda, a imagem mostra um “bombeiro criando um fogo controlado em campos próximos à capital brasileira”.
“A operação visa reduzir os danos que poderiam ser causados por um cigarro aceso ou por outros meios, devido à baixa umidade que afeta a maior parte das regiões brasileiras”, continua a legenda.
Chapada dos Guimarães, 2020
A imagem de uma linha de fogo sobre uma estrutura rochosa é a única que retrata a situação atual.
O registro mais antigo da foto localizado pelo AFP Checamos foi em um tuíte publicado em 31 de agosto deste ano, sobre os incêndios que afetaram o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.
Dois dias antes, o Corpo de Bombeiros Militar do estado havia reportado o acionamento de suas equipes para combater um incêndio de grandes proporções no município.
Contactado pela equipe de checagem da AFP, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso confirmou que a imagem compartilhada nas redes retrata um dos incêndios recentes na Chapada dos Guimarães.
“Ao fundo é possível ver as luzes da capital, Cuiabá. Neste ano, até agora, a Chapada queimou menos que no ano passado, mas o Pantanal está nos piores incêndios da história”, afirmou um porta-voz da organização.
Em resumo, embora incêndios florestais estejam sendo registrados em diversos biomas brasileiros entre agosto e setembro deste ano, nem todas as imagens compartilhadas nas redes retratam este cenário.