Quando a tortuosa eleição presidencial dos Estados Unidos parecia estar caminhando para um desfecho, Donald Trump disse, na noite de 5 de novembro, que estão “roubando” seu segundo mandato, reiterando sua mensagem de que houve fraude no pleito, sem apresentar provas.
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Votos “ilegais”
“Se contarem os votos legais, eu ganho facilmente. Se contarem os votos ilegais, eles podem tentar nos roubar a eleição”.
A apuração está em andamento. O presidente pareceu estar marcando um contraste entre os votos emitidos no dia da eleição e os que chegaram pelo correio e começaram a ser contados depois.
Em vários estados importantes, incluindo a Pensilvânia, onde precisa vencer se quiser manter as esperanças de vitória, os votos presenciais começaram a ser contados no encerramento das urnas em 3 de novembro e lhe deram uma ampla vantagem sobre Biden.
Essa vantagem começou a diminuir, porém, à medida que eram contados os votos enviados pelo correio, ou aqueles depositados em urnas oficiais. Ambas as formas de voto são válidas.
Voto por correio
“Há muito tempo que falo sobre o voto pelo correio. Isso realmente destrói nosso sistema. É um sistema corrupto”.
Ao longo da campanha, Trump disse repetidamente que o voto por correio geraria uma “manipulação” da eleição. No entanto, tanto as autoridades americanas quanto os observadores estrangeiros disseram que não houve fraude.
“De repente, os votos estão sendo encontrados. É assombroso como esses votos por correio são tão unilaterais”, disse ele, ainda que suas próprias advertências contra o voto por correio possam influenciar os eleitores republicanos a evitar o método.
O voto por correio já era admitido nos Estados Unidos antes da pandemia da covid-19, mas foi por causa da pandemia que esse sistema se expandiu para níveis recordes este ano.
“Simplesmente não há sustentação para a teoria da conspiração de que votar pelo correio gera fraude”, disse Ellen Weintraub, integrante da Comissão Eleitoral Federal dos Estados Unidos, meses atrás.
“Levamos muito a sério qualquer ameaça relacionada à eleição”, disse o diretor do FBI, Christopher Wray, a um comitê de segurança do Senado em setembro deste ano.
“Historicamente, não vimos nenhum tipo de esforço coordenado para uma fraude nacional em uma grande eleição, fosse por correio, ou de outra forma”, garantiu.
Durante a apuração de votos, começaram a circular nas redes publicações que denunciavam fraude no voto por correio, mas utilizavam fotos antigas ou descontextualizadas para alegar que cédulas pró-Trump estavam sendo descartadas.
Declaração de vitória
“Estávamos ganhando em todos os lugares-chave, e realmente por muito, e então nossos números começaram a se reduzir em segredo”.
O candidato à reeleição insistiu que ganhou “com folga” nos estados decisivos da Pensilvânia e da Geórgia e que saiu vitorioso em Michigan.
Trump realmente esteve à frente nesses três estados, mas, à medida que os votos por correio eram contados, sua vantagem foi caindo.
Biden agora tem uma liderança significativa em Michigan - onde já seria o vencedor, conforme projeções de emissoras de televisão americanas - e vem diminuindo rapidamente a diferença na Pensilvânia.
A liderança de Trump no estado sulista da Geórgia caiu para 0,1%, enquanto ele falava.
“Estão tentando fraudar as eleições”, disse Trump sobre seus oponentes, mas sem fornecer elementos para apoiar essa afirmação.
Durante a apuração de votos em Michigan, um erro humano provocou um súbito aumento de votos a favor de Biden. Embora o erro tenha sido rapidamente corrigido, isso não impediu que alguns o considerassem como uma prova de fraude, uma ideia que se espalhou pelas redes sociais.
A equipe de checagem da AFP também verificou outra desinformação que surgiu horas após o encerramento da votação nos Estados Unidos, com mensagens garantindo que o estado de Wisconsin teve mais votos do que eleitores registrados. Isso também é falso.
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