Publicações compartilhadas centenas de vezes em redes sociais desde o início de dezembro asseguram que a deputada federal pelo PSOL Talíria Petrone disse, em sessão da Câmara, que policiais não fazem mais do que sua obrigação ao morrer em serviço, já que “são pagos para isso”.
Leia Mais
Checamos: quem são os donos do laboratório de Wuhan e da GlaxoChecamos: foto de Pelé em frente ao túmulo de Maradona é montagem Checamos a mensagem em camisa usada por Platini com Pelé e Maradona'Vacina chinesa' com ensaio suspenso no Peru não é CoronaVac, testada em SPA CNN não publicou em outubro o vídeo da primeira vacinação contra a covid-19 no Reino Unido“Deputada federal do PSOL Talíria Petrone eleita pelos cariocas e fluminenses, afirmou em sessão na Câmara dos deputados que ‘os policiais não fazem mais que obrigação morrer em combate contra o crime organizado, pois eles são pagos para isso, morrer’”, diz o texto replicado em múltiplas publicações no Facebook (1, 2, 3) desde o último dia 7 de dezembro.
Eleita em 2018, Talíria Petrone era assessora da vereadora Marielle Franco, defensora dos direitos dos jovens negros e crítica da violência policial em favelas do Rio de Janeiro, que foi assassinada em março do mesmo ano.
A alegação sobre a suposta fala da deputada já havia circulado no Facebook e Twitter em agosto de 2019, mas voltou a ganhar força após viralizarem nas redes imagens de câmera de segurança que mostram o momento em que um policial militar foi morto ao tentar impedir um assalto no Rio de Janeiro, no último dia 4 de dezembro.
Uma busca nas transcrições oficiais das falas proferidas por Talíria no Plenário e em comissões da Câmara dos Deputados não localiza, contudo, qualquer frase semelhante à compartilhada nas redes.
Na verdade, entre 1º de fevereiro de 2019 - quando a deputada tomou posse - e 31 de agosto do mesmo ano - mês em que a alegação foi primeiro publicada nas redes -, Talíria mencionou a palavra “policiais” sete vezes.
Em três ocasiões (1, 2, 3), defendeu os direitos previdenciários da categoria. Em outra fala, se opôs a uma emenda que propunha o porte de arma por policiais e militares em aeronaves. Em outro momento, se manifestou contra uma proposta para ampliar o acesso de dados sigilosos a qualquer autoridade policial em investigações de crimes na internet.
E em outras duas vezes (1, 2) pediu melhorias nas condições de trabalho dos agentes policiais.
“Eu queria trazer o quanto eu penso que este atual modelo de segurança pública é extremamente nocivo para os agentes da segurança pública, para os próprios policiais, que nem têm condições dignas de trabalho, seja de salário, seja de equipamentos, e que também estão inseridos numa lógica de matar”, disse Talíria, em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em 12 de junho de 2019.
Uma busca no Google pela frase viralizada não localiza qualquer registro de que a deputada tenha dado tal declaração em outro momento. A declaração também não consta em sua conta oficial no Twitter.
Em nota publicada em 23 de agosto de 2019, quando a alegação circulou pela primeira vez, Talíria a classificou de “fake news absurda”.
Está circulando essa fake news absurda nas redes! Nunca diríamos isso!
Defendemos um modelo de segurança pública a favor da vida e dos direitos: dos policiais, dos moradores de favela, do povo negro, do trabalhador. Compartilhe a verdade! pic.twitter.com/fswKdOpKIQ
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) August 23, 2019
Esse conteúdo também foi verificado pelas equipes do Aos Fatos e da Agência Lupa.
Em resumo, é falso que a deputada do PSOL Talíria Petrone tenha dito na Câmara dos Deputados que policiais não fazem mais do que sua obrigação ao morrer em serviço, já que “são pagos para isso”. A frase não consta nas transcrições oficiais das falas da deputada na casa legislativa.