Publicações e matérias que somam mais de 118 mil interações nas redes sociais em menos de 24 horas afirmam que a deputada federal Flordelis assumiu “como titular” da Secretaria da Mulher da Câmara, após Arthur Lira ser eleito presidente da Casa.
As postagens foram compartilhadas no Facebook (1, 2, 3), no Twitter (1, 2) e no Instagram (1, 2), inclusive por políticos (1, 2), e a afirmação chegou a ser, inclusive, divulgada em sites (1, 2, 3).
Mas diferentemente do que circula nas redes, a deputada pelo Partido Social Democrático (PSD) Flordelis não assumiu um cargo na Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, após Arthur Lira (PP) ser eleito presidente da Casa no último dia 1º de fevereiro.
Os usuários citam como prova o fato de, no site da Câmara dos Deputados, na área dedicada à Flordelis, aparecer na seção “Cargos 2021” os termos “titular” e “Secretaria da Mulher”.
Mas, ao se escolher aleatoriamente os perfis de algumas deputadas, como, por exemplo, Talíria Petrone (PSOL), Angela Amin (PP), Jandira Feghali (PCdoB) e Carla Zambelli (PSL), verifica-se que eles contêm a mesma informação de titular na Secretaria da Mulher.
O AFP Checamos conferiu o perfil das 77 deputadas no site da Câmara. Em 3 de fevereiro, 72 apareciam como “titular” dessa Secretaria, duas não estavam no exercício do mandato (1, 2) e três foram eleitas neste dia para compor a mesa diretora da Casa (1, 2, 3).
Em uma publicação em sua conta no Instagram, a deputada Flordelis desmentiu que tenha assumido um cargo na Secretaria e declarou que “todas as deputadas são titulares” para que possam realizar as “eleições através do Sistema de Informações Legislativas”.
A deputada federal ainda assinalou que os prazos para as indicações aos cargos da Secretaria ainda não foram abertos.
O Checamos entrou em contato com a assessoria de imprensa de Flordelis, que explicou que as eleições mencionadas consistem no “processo de escolha de cargos dentro da estrutura da secretaria, como coordenadora, procuradora, etc”.
Em seu Twitter, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL), que também aparece como titular da Secretaria, declarou que Flordelis “não é e nunca foi ‘Secretária da Mulher’ da Câmara” e que esse cargo “sequer existe”.
De fato, uma análise do site da Secretaria da Mulher mostra que ela uniu a Procuradoria da Mulher e a Coordenadoria da Bancada Feminina, esta última composta pela coordenadora-geral Professora Dorinha Seabra (DEM), pelas coordenadoras adjuntas Tereza Nelma (PSDB), Sâmia Bomfim e Tábata Amaral (PDT) e todas as deputadas federais, mas não um cargo específico de “secretária da mulher”.
A AFP também entrou em contato com a assessoria da deputada Professora Dorinha Seabra, que respondeu com uma nota similar à publicada por Flordelis em sua rede social: “Informo inicialmente que todas as deputadas são titulares da Secretaria da Mulher. Justamente para que possamos realizar as nossas eleições através do Sistema de Informações Legislativas – SILEG. Informo que os prazos para as indicações aos cargos da Secretaria ainda não foram abertos. Portanto, qualquer especulação neste sentido não procede”.
A assessoria ainda indicou que a eleição deve ocorrer no fim de março.
Na última eleição de deputado federal, em 2018, a bancada feminina na Câmara aumentou de 51 para 77 deputadas, de um total de 513 cadeiras.
A deputada Flordelis é acusada de ter orquestrado o homicídio do seu marido, Anderson do Carmo, de 42 anos, em junho de 2019, tendo como cúmplices sete dos seus mais de 55 filhos – naturais e adotivos, segundo ela – além de uma neta, que seria justificado por disputas de dinheiro e poder.