Uma sequência que mostra diversas crianças se revezando diante de uma câmera fotográfica segurando o mesmo prato com um lanche e um copo foi visualizada mais de 359 mil vezes nas redes desde fevereiro de 2019, acompanhada da afirmação de que são alunos de uma escola na Venezuela. Mas isso é falso: o vídeo foi registrado, na verdade, em um colégio em Aguachica, na Colômbia.
“Governo Venezuelano mostrando ao mundo que seus alunos recebem merenda e não precisam da ajuda humanitária”, indicam algumas legendas que acompanham o vídeo, compartilhado milhares de vezes no Facebook (1, 2, 3) ao menos desde 16 de fevereiro de 2019.
Este conteúdo também viralizou no Twitter (1, 2, 3) e no Instagram (1, 2, 3), assim como em espanhol.
A gravação mostra uma fila de crianças, sendo que a primeira delas segura um prato com comida e um copo, e, após posar para uma foto, passa os mesmos utensílios para trás para que a ação seja repetida pela criança seguinte.
A partir de uma busca reversa pela captura de tela de um dos trechos do vídeo, usando a ferramenta InVid-WeVerify, foi encontrada uma publicação feita no site Quora intitulada, em tradução para o português: “Qual é a melhor fotografia de corrupção no governo?”.
A esse questionamento, um usuário respondeu com capturas de tela do mesmo vídeo agora viralizado e atribuído à Venezuela, mas com um link que afirma se tratar de uma denúncia de alimentação escolar precária em Aguachica, no departamento colombiano de Cesar.
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O caso ocorreu na Instituição Educacional Sagrado Corazón de Jesús e foi registrado por uma professora que, posteriormente, teria sofrido ameaças, motivando-a a apagar sua conta no Facebook - por onde divulgou a denúncia - e se proteger.
Após a divulgação do vídeo, a Defensoria Pública da Colômbia se pronunciou por meio de um comunicado, no qual indica que preparou um relatório de trabalho de campo a partir do qual foram encontrados problemas que afetam os direitos dos menores de idade.
“A Defensoria reiterou que seguirá adiantando visitas surpresa a instituições educacionais em todo o país para verificar situações como a recentemente conhecida na Instituição Educacional Sagrado Corazón de Jesús do município de Aguachica (Cesar), onde funcionários da entidade, na companhia do ICBF e do Ministério da Educação, verificaram as mesmas falhas no PAE ”, assinala o texto.
Em sua conta no Twitter (1, 2), o ICBF, que promove a proteção e o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens, indicou que estava indignado com o caso visto no vídeo e que faria uma denúncia à Procuradoria.
O Ministério da Educação colombiano também se manifestou, especialmente após a ordem de prisão do então prefeito Henry Montes, do secretário de Educação Municipal Rodolfo Rincón, do secretário jurídico Nicolás Julio González, da supervisora do contrato Ariela Pallares Santiago e da representante legal da empresa que fornecia os alimentos aos alunos da escola, Fundação Provenir, Diana Margarita Trujillo Arévalo.
Em meados de abril de 2016, o prefeito Montes foi preso (1, 2, 3) e acusado pelos crimes de interesse indevido na realização de contratos, contratação sem o preenchimento de requisitos legais, fraude processual e tentativa de peculato por apropriação.
A Procuradoria-Geral da Nação convocou para uma audiência o prefeito de Aguachica e outros indivíduos envolvidos no caso.
Um conteúdo semelhante foi checado pela equipe da Agência Lupa e do Boatos.org.