Jornal Estado de Minas

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Checamos quantos litros de gasolina foi possível comprar com o salário mínimo desde 2001


 

Uma tabela que lista o salário mínimo, o preço médio da gasolina e, proporcionalmente, quantos litros era possível comprar com essa renda ao longo dos anos foi compartilhada mais de 13,8 mil vezes nas redes sociais desde o último dia 24 de fevereiro. Mas alguns valores referentes ao preço da gasolina estão incorretos, modificando a proporção de combustível que era possível comprar a cada ano.





 

“A gasolina está cara? Está! Como as pessoas estão sempre reclamando, tive o trabalho de fazer uma pesquisa. (Gosto de estatísticas e comparativos)”, diz a legenda que acompanha a imagem em várias publicações compartilhadas milhares de vezes no Facebook (1, 2, 3) e no Twitter (1, 2, 3) desde o final de fevereiro.

 

A tabela viralizada lista os anos de 2001 a 2021 e discrimina o valor do salário mínimo de cada período, o suposto preço médio da gasolina nas mesmas épocas e a quantidade de litros de gasolina que era possível comprar caso o dinheiro fosse todo revertido para adquirir o combustível.


Uma consulta ao site do governo Ipeadata para conferir a evolução dos salários mínimos no âmbito federal mostra que, durante o período visto na publicação - que engloba os mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro - o salário mínimo variou de 180 reais, em 2001, chegando a 1.100 reais em 2021.





 

Os valores de salário mínimo vistos no meme viralizado de fato correspondem ao que é disponibilizado pelo Ipeadata.

 

Uma segunda consulta, dessa vez na seção de Preços do site da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), selecionando “Preços de Revenda e de Distribuição de Combustíveis”, leva ao Sistema de Levantamento de Preços, por meio do qual é possível verificar de julho de 2001 a fevereiro de 2021 a mudança no preço médio da gasolina.

 

Uma análise dos dados disponíveis de 2001, de julho a dezembro, mostra que o preço médio da gasolina era de R$ 1,741, possibilitando comprar cerca de 103,40 litros de combustível, valor que se aproxima do listado na tabela viralizada, caso todo o dinheiro do salário mínimo fosse empregado com esse objetivo.

 

Em 2002, por sua vez, nota-se uma divergência significativa em relação ao meme: de acordo com os dados da ANP, o preço médio da gasolina comum era de R$ 1,735, não de R$ 2,09, o que possibilitava a compra de 115,29 litros, não 95.





 

Em alguns casos, os valores divulgados no site da ANP e vistos na tabela das publicações virais têm pequenas diferenças. Contudo, nos exemplos de 2004, 2005, 2013, 2014 e 2020 essa divergência pode chegar, e até mesmo superar, a um real por litro.

 

Em 2004, o preço médio de revenda da gasolina comum era de R$ 2,137, segundo a ANP, enquanto a tabela viralizada indica ser de R$ 3,08. Em 2005, a gasolina tinha um custo médio de R$ 2,340, enquanto a postagem fala em R$ 3,79. Em ambos os casos, a quantidade de litros que poderia ser adquirida seria de 121,65 e 128,18, respectivamente, não de 84 e 79.

 

Em contrapartida, os valores médios da gasolina no banco de dados da ANP em 2006, 2007, 2008, 2011, 2012 e 2018 são superiores aos vistos nas publicações, como pode-se conferir na tabela abaixo:

 

Em 18 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro anunciou durante a sua live semanal nas redes sociais que o governo decidiu zerar os impostos federais sobre o GLP e o óleo diesel, mas não mencionou uma mudança nos impostos federais sobre a gasolina, que segundo o site da Petrobras, representam 13% do preço do combustível.





 

O presidente criticou a estatal e os aumentos sucessivos no preço dos combustíveis, decidindo, por fim, indicar o general da reserva Joaquim Silva e Luna para presidir a companhia. 

 

Em 23 de fevereiro, a Petrobras publicou uma nota informando que “os membros da Diretoria Executiva têm mandato vigente até o dia 20 de março de 2021” e que será convocada uma Assembleia Geral Extraordinária para promover essa substituição.

 

O Checamos já verificou outro conteúdo que comparava de forma enganosa o preço do gás de cozinha com o salário mínimo durante os governos Lula e Bolsonaro.

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