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Estado de Minas CHECAMOS

Vídeo de presos comemorando é de 2016, sem relação com a anulação de condenações de Lula

Imagens mostram detentos supostamente cantando jingle do petista; compartilhamentos em redes sociais afirmam que eles comemoravam decisão do STF


09/03/2021 18:36 - atualizado 10/03/2021 10:20

Uma sequência que mostra detentos supostamente cantando um jingle do ex-presidente Lula foi visualizada mais de 152 mil vezes nas redes sociais em algumas horas.
As publicações afirmam que se trata da comemoração de presos após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin decidir, no último dia 8 de março, anular as decisões da 13ª Vara Federal de Curitiba em ações contra o ex-governante. Mas este vídeo é de julho de 2016 e no áudio original não há qualquer menção a Lula.

“Presidiários comemoram decisão do Ministro Edson Fachin do STF, depois de ter anulado as condenações do Ex presidiário LULA” e “Os amigos do Luladrão ficaram felizes com a decisão do ministro Fachin”, foram algumas das legendas contidas nas postagens com a gravação, visualizada dezenas de milhares de vezes no Facebook (1, 2, 3), no Instagram (1, 2, 3) e no Twitter.

No vídeo é possível ver diversos presos pulando enquanto parecem cantar “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”, jingle comumente ouvido em manifestações (1, 2, 3) a favor do ex-presidente que governou o Brasil de 2003 a 2010.

Mas a versão original da sequência é de julho de 2016, quase cinco anos antes da decisão tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, e não contém a canção pró-Lula.

No último dia 8 de março, Fachin determinou que fossem anuladas todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, nas ações contra o ex-presidente, anulando, também, as condenações em quatro processos: triplex do Guarujá, sítio de Atibaia, sede do Instituto Lula e doações ao Instituto Lula.

Segundo o ministro, a ação não poderia ter ocorrido em Curitiba já que “os fatos apontados não têm relação direta com o esquema de desvios na Petrobras” investigados pela Operação Lava Jato. Em consequência, Fachin determinou que o ex-presidente deve ser julgado novamente pela justiça federal em Brasília.

O vídeo original

Em algumas das gravações que circulam com melhor definição é possível identificar o que está escrito em uma camisa levantada por um dos detentos: “massa potiguar”, fazendo referência aos habitantes do Rio Grande do Norte. A partir disso, por meio de uma pesquisa no Google, o Checamos localizou a mesma sequência, com mais tempo de duração, publicada em 30 de julho de 2016 em um blog do estado nordestino.

De acordo com o texto, as imagens mostram presos comemorando uma onda de ataques realizada na época no Rio Grande do Norte.

Essa informação também foi publicada pelo jornal local Tribuna do Norte, segundo o qual o vídeo mostra presidiários comemorando ações violentas em Natal, capital do estado, no pavilhão 4 da penitenciária de Alcaçuz.

 

Fotos internas do presídio publicadas por meios de comunicação e blogs possibilitam identificar um cenário muito semelhante ao da gravação.

No vídeo publicado na imprensa identifica-se que os detentos estão gritando “uh, é a massa” e “é a massa potiguar”, e não o jingle relacionado ao ex-presidente Lula.

Procurada pelo Checamos, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte confirmou que as imagens foram gravadas em 2016 na penitenciária de Alcaçuz, no município de Nísia Floresta. 

Em julho de 2016, o Rio Grande do Norte viveu uma onda de ataques, associada pelo governo a uma retaliação à instalação de bloqueadores de sinal de celular em presídios da região. A Força Aérea Brasileira (FAB), inclusive, enviou tropas ao estado para ajudar na segurança.

O Checamos já verificou esta mesma sequência, mas relacionada à decisão do STF contra a prisão em segunda instância.


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