A foto de uma fazenda supostamente comprada por Fábio Luís Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a circular nas redes sociais desde o último 19 de março. Mas a alegação, com mais de 26 mil compartilhamentos desde 2014, é falsa. A imagem é, na verdade, do campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo.
“Isso é que é um Empresario competente. O Novo Mega Campeão do Brasil de enriquecimento súbito é o proprietário desta Fazenda. Fazenda Fortaleza comprada e certificada em Cartório de Registro de Imóveis. Proprietário: FÁBIO LUIS LULA DA SILVA (isso mesmo) Propriedade: Fazenda na região de Valparaíso/SP Preço: 47 milhões de reais”, diz o trecho de uma das publicações compartilhadas no Facebook (1, 2) e no Twitter.
Postagens com a mesma alegação circulam desde, pelo menos, 27 de setembro de 2014.
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Com uma nova consulta no Google Imagens usando os termos “Campus” e “Esalq” - a sigla utilizada para a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - foi possível encontrar a foto viralizada no site da faculdade localizada em Piracicaba, no estado de São Paulo.
A AFP entrou em contato com a Esalq e confirmou que o prédio central visto na imagem foi construído entre 1904 e 1907 para acolher a escola agrícola de Piracicaba e atualmente abriga o gabinete da diretoria da faculdade e parte de seus setores administrativos. Jamais pertenceu, portanto, ao filho de Lula.
Em uma busca no Google pelas palavras “Fazenda”, “Fortaleza”, “Valparaíso” e “Fábio Luís Lula da Silva” não foi encontrado qualquer registro de propriedade.
Procurado pela AFP, o Instituto Lula respondeu que “essa história é mais uma mentira que o ex-presidente Lula e sua família são vítimas, feita por grupos que divulgam fake news com objetivos políticos há anos”.
Em 2016, a Polícia Federal concluiu que as movimentações financeiras de Fábio Luís Lula da Silva eram compatíveis com os recursos declarados à Receita Federal. Ele, no entanto, é investigado no âmbito da Operação Lava-Jato pela suspeita de ter recebido 132 milhões de reais da operadora Oi/Telemar por meio de contratos com empresas do grupo Gamecorp, empreendimento do qual Fábio Luís era um dos sócios.
Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, a quantia pode ter sido usada na compra do sítio de Atibaia, que estava em nome de Fernando Bittar mas foi usado pelo ex-presidente Lula. Essa investigação foi suspensa em 25 de março passado até que seja definido o juiz competente pelo caso.
Publicações de conteúdo semelhante foram verificadas pela Agência Lupa.