Publicações que asseguram que o governador de São Paulo, João Doria, recebeu a vacina da Pfizer contra a covid-19, e não a CoronaVac, imunizante que tem promovido desde meados de 2020, foram compartilhadas centenas de vezes em redes sociais ao menos desde o último dia 10 de maio. Isso é falso. A carteira de vacinação do governador mostra que ele recebeu a vacina produzida pelo Instituto Butantan, que fabrica a CoronaVac no Brasil. Em vídeo do momento da vacinação também é possível ver o frasco da dose desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech.
“O Governador João Dória Jr na Fila de Vacina Rápida da Pfizer da Alemanha mas, faz Lobby para comprar a Coronavac do PCC - Partido Comunistas da China. Pimenta nos Olhos dos Outros é Refresco”, diz uma publicações compartilhadas no Facebook (1, 2, 3), Twitter (1, 2, 3) e Instagram.
Muitas das postagens acompanham fotos do último dia 7 de maio, quando Doria foi vacinado contra a covid-19 na cidade de São Paulo.
Na semana em que o governador recebeu o imunizante, muitos estados haviam suspendido a aplicação da CoronaVac, devido a um atraso no envio de insumos da China para a fabricação no Brasil. Ao mesmo tempo, o primeiro lote de vacinas dos laboratórios Pfizer e BioNTech havia chegado ao país.
Não é verdade, no entanto, que Doria não tenha sido vacinado com o imunizante que promove desde meados de 2020.
Em coletiva de imprensa após ser vacinado, o governador de São Paulo confirmou a repórteres que havia recebido a vacina do laboratório chinês Sinovac Biotech. “Todas as vacinas são boas, mas a minha vacina foi a CoronaVac”, disse.
No mesmo dia, publicou no Instagram uma foto em que segura sua carteira de vacinação. No documento, é possível ler que o imunizante aplicado no governador foi o produzido pelo Instituto Butantan, que fabrica a CoronaVac, e não o elaborado pela Pfizer.
Na foto, Doria utiliza um filtro ironizando uma declaração do presidente Jair Bolsonaro que, em dezembro de 2020, disse que quem se vacinasse contra a covid-19 corria o risco de “virar jacaré”.
No vídeo do momento da vacinação compartilhado pelo governo de São Paulo na plataforma Vimeo também é possível ver, a partir dos 6 minutos, que o frasco da dose aplicada se assemelha ao da CoronaVac.
Como destacado abaixo, o recipiente manuseado no vídeo possui uma faixa laranja na parte central e a tampa cinza, assim como o produzido pelo Instituto Butantan. Já o frasco da Pfizer é branco com a tampa roxa.
Em publicação no Twitter no último dia 11 de maio, a equipe de comunicação de Doria esclareceu que o governador pôde tomar a CoronaVac porque a vacina não chegou a ficar em falta em São Paulo, já que o governo do estado “reservou as doses”, ao contrário do recomendado pelo Ministério da Saúde.
De fato, em 7 de maio, dia em que Doria foi vacinado, outras pessoas reportaram no Twitter (1, 2, 3) casos de vacinação com a CoronaVac no estado de São Paulo.
Hoje uma das vacinas contra a covid-19 mais aplicadas no Brasil, a CoronaVac, pôde ser produzida no país graças a um acordo firmado em junho de 2020 entre o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, e o laboratório chinês Sinovac Biotech. O imunizante foi alvo de controvérsias no ano passado e o presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que não compraria o que descreveu como a “vacina chinesa de João Doria”.
Conteúdo semelhante a este também foi verificado pelos sites Aos Fatos e Agência Lupa.