Publicações denunciando um suposto “silêncio da mídia” em relação à morte do fotógrafo Thiago de Freitas Souza foram compartilhadas mais de 16.300 vezes nas redes sociais desde o último 17 de maio. Essa denúncia, entretanto, é infundada, pois pelo menos seis grandes veículos de comunicação informaram sobre o seu falecimento no mesmo dia em que ele foi baleado por traficantes em uma comunidade em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, em 15 de maio de 2021. No dia seguinte, outros cinco meios divulgaram a informação.
“Silêncio da mídia. Thiago de Freitas Souza, foi morto a tiros. O crime foi na favela Santo Cristo em Niterói (RJ). A mídia, que defendeu traficantes no Jacarezinho, ignorou o caso”, afirma o texto de uma das imagens compartilhadas no Facebook (1, 2, 3) e no Instagram (1, 2, 3).
Pelo menos seis meios de comunicação informaram sobre a morte de Souza horas após o ocorrido, no dia 15: o jornal O Dia; o portal G1, a Folha de S.Paulo, o portal Yahoo Notícias, a Uol e a Rede Globo, no programa RJTV.
No dia seguinte, antes, portanto, de as publicações serem compartilhadas nas redes sociais, pelo menos outros cinco veículos repercutiram o caso: o jornal Estado de S. Paulo, o site da revista IstoÉ, o portal Terra, o jornal Correio e o jornal Extra. O G1 retomou o caso em matéria sobre o sepultamento da vítima.
No dia 17 de maio, também foram veiculadas notícias sobre o enterro de Souza em sites, jornais e telejornais, como o Bom Dia Rio da TV Globo, O Globo e O Dia.
A morte de Souza foi noticiada, portanto, por pelo menos dez grandes veículos entre os dias 15 e 16 de maio, antes de as publicações falarem em “silêncio da mídia”. O caso continuou sendo acompanhado no dia seguinte, quando ocorreu o sepultamento do fotógrafo.
A acusação foi feita após a forte repercussão da violenta operação policial realizada no dia 6 de maio na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. A ação deixou 25 mortos e gerou muitos protestos de grupos de direitos humanos, de políticos e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O presidente Jair Bolsonaro parabenizou a polícia do Rio pela ação e o vice-presidente Hamilton Mourão a justificou com o argumento de que os mortos seriam “bandidos”.