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A comparação do Brasil aos países europeus na vacinação não considera o tamanho da população


 

Publicações que posicionam o Brasil à frente em um ranking de vacinação contra a covid-19 formado por França, Itália, Espanha, Portugal e Suíça foram compartilhadas mais de 23 mil vezes nas redes sociais pelo menos desde o último 22 de maio. No entanto, embora em números absolutos de vacinados o Brasil realmente esteja à frente desses países europeus, isso não acontece quando a comparação é feita por doses administradas por cada 100 habitantes, quando o país cai para a última posição da lista viralizada. 





 

“Brasil já aplicou 52 milhões de vacina. França aplicou 27 milhões. Itália aplicou 26 milhões. Espanha aplicou 21 milhões. Portugal aplicou 4 milhões. Suíça aplicou 3 milhões. Mas para o brasileiro que não lê nada, o Brasil está um caos”, diz o trecho do texto nas imagens compartilhadas em publicações no Facebook (1, 2, 3) e no Instagram (1, 2). 


Segundo os dados do projeto Our World in Data, da Universidade de Oxford e baseado em números de fontes oficiais, o Brasil chegou a 52 milhões de doses de vacina administradas contra a covid-19 no dia 14 de maio deste ano. Em números absolutos o país realmente aparecia à frente de França, com 28,55 milhões de doses; Itália, com 26,60 milhões; Espanha, com 21,68 milhões (com dados do dia anterior); Portugal, com 4,36 milhões e Suíça, com 3,64 milhões, como indicam as publicações.

 

E, como é possível verificar no gráfico da AFP abaixo, até 25 de maio deste ano, o Brasil aparecia entre os dez países que concentram mais de 75% das doses inoculadas no mundo, atrás somente de China, Estados Unidos, Índia e Reino Unido.





Entretanto, ao comparar, na mesma data e na mesma base de dados, a vacinação desses países em termos relativos - ou seja, quantas doses foram administradas a cada 100 habitantes -, o Brasil cai para o último colocado da lista das publicações viralizadas. Nesse caso, a Espanha (com dados do dia anterior) aparece em primeiro, com 46,38 doses a cada 100; seguida por Itália, com 43,98; Portugal, com 42,75; França, com 42,25; Suíça, com 42,08 e, finalmente, o Brasil, com 24,51. 

 

 

O Brasil também fica na última posição entre os seis caso o critério seja a parcela da população plenamente vacinada. Na comparação, aparece em primeiro a Espanha, com 14,9% da população, seguida por Suíça, com 14,3%; Itália, com 13,8%; França, com 13,1%; Portugal, com 11,7% e o Brasil, com 7,9% dos seus mais de 212 milhões de habitantes.   

 

Captura de tela feita em 25 de maio de 2021 de um gráfico no site Our World in Data
 

Grupos considerados prioritários começaram a ser vacinados em todo o Brasil em 18 de janeiro, um dia após o governador de São Paulo, João Doria, ter anunciado o início da vacinação no estado. Até o momento, os imunizantes usados no país são a CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, a AstraZeneca/Oxford, feita em cooperação com a Fundação Oswaldo Cruz e, desde o último 4 de maio, a Pfizer. 

 

Já os países da União Europeia, começaram sua campanha de vacinação quase um mês antes, em 27 de dezembro. Na Suíça, que não faz parte do bloco, a imunização teve início em 23 de dezembro





 

Em 26 de maio de 2021, o Brasil acumulava mais de 454 mil mortes e 16 milhões de casos por covid-19, segundo o balanço da AFP

 


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.





  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.



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Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

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Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


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