A fotografia de uma multidão em uma rua durante um protesto foi compartilhada mais de 1,5 mil vezes nas redes sociais em menos de 24 horas com a afirmação de que o registro foi feito durante um ato realizado contra o presidente Jair Bolsonaro e a sua gestão da pandemia de covid-19 no último dia 19 de junho.
“Belo Horizonte, Minas Gerais, gigante de novo! #ForaBolsonaro19J #ForaBolsonaro #19JPovoNaRua #ForaBolsonaro19J”, diz uma das legendas vistas nas publicações, que circularam no Facebook (1, 2) e no Twitter (1, 2, 3), sendo compartilhadas, inclusive, por políticos.
No último sábado, 19 de junho, dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de várias capitais brasileiras para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro por sua gestão da pandemia. Nesse mesmo dia o Brasil registrou a marca de 500 mil óbitos em decorrência da doença causada pelo novo coronavírus.
As palavras de ordem ouvidas nos diversos atos demandavam que o presidente saísse do governo e o chamavam de “genocida”: “Fora Bolsonaro!”, “Fora genocida!”, “Governo da fome e do desemprego”, “Vacina já!” e “Vacina no braço e comida no prato”.
Mas uma das imagens viralizada nas redes não mostra, contudo, o protesto do último dia 19 de junho.
Uma busca reversa pela fotografia mostrou que ela foi publicada em 7 de setembro de 2016 em um blog acompanhada do título: “7 de setembro foi um FORA TEMER”. Na legenda, indica-se que a foto foi feita em Belo Horizonte pela Mídia Ninja.
Uma segunda pesquisa, dessa vez na página desse coletivo de comunicação no Facebook, mostrou que a foto realmente foi publicada em 7 de setembro de 2016 com os dizeres “Belo Horizonte nas ruas é #ForaTemer!” e o crédito para Maxwell Vilela.
Ao selecionar especificamente a imagem da rua onde se vê um prédio verde do lado direito pode-se constatar que se trata do mesmo registro viralizado em 2021.
Usando a funcionalidade “lupa” da ferramenta de análise de imagens InVid-WeVerify* é possível ver que um dos presentes no ato segura um cartaz escrito “Fora Temer”. Na data, Jair Bolsonaro ainda atuava como deputado federal e não falava em uma candidatura à Presidência da República, o que ocorreu alguns meses depois.
Em 7 de setembro de 2016, o Brasil celebrava o dia de sua Independência e a abertura dos Jogos Paralímpicos após o impeachment de Dilma Rousseff. Diversas cidades registraram protestos contra o então presidente e, em Belo Horizonte, os movimentos que convocaram o ato informaram da adesão de aproximadamente 30 mil pessoas.
*Uma vez instalada a extensão InVid-WeVerify no navegador Chrome, clica-se com o botão direito sobre a imagem e o menu que aparece oferece a possibilidade de pesquisa da mesma em vários buscadores.
O que é uma CPI?
O que a CPI da COVID investiga?
Saiba como funciona uma CPI
O que a CPI pode fazer?
- chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
- convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
- executar prisões em caso de flagrante
- solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
- convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
- ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
- quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
- solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
- elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
- pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
- solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados
O que a CPI não pode fazer?
Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:
- julgar ou punir investigados
- autorizar grampos telefônicos
- solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
- declarar a indisponibilidade de bens
- autorizar buscas e apreensões em domicílios
- impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
- documentos relativos à CPI
- determinar a apreensão de passaportes
A história das CPIs no Brasil
CPIs famosas no Brasil
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União
2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores
2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores
2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal
2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo
2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro
2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde
2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo
2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014
2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018
2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão