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O Reino Unido não tem um plano de “confinamento permanente” a partir de 15 de julho de 2021


 

Publicações compartilhadas mais de 150 vezes em redes sociais desde meados de junho de 2021 difundem uma suposta carta do epidemiologista britânico Neil M. Ferguson com detalhes de planos para um “confinamento permanente no Reino Unido”. No entanto, a universidade britânica Imperial College London, onde Ferguson trabalha, classificou o documento como “falso”. Além disso, o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou que não será mais obrigatório usar máscaras e respeitar o distanciamento social no país a partir de 19 de julho.





“O ‘médico inglês Fauci’, Neil Ferguson, avisa aos colegas que vão lançar um novo lockdown no Reino Unido neste verão, inventando a existência de uma ‘cepa nepalesa’, num plano aterrorizante até 2025”, diz uma das publicações, que compartilha a captura de tela de uma suposta carta em inglês intitulada: “Próximos passos - Confinamento permanente do Reino Unido (Privado e confidencial)”.

A captura de tela circula amplamente no Facebook (1, 2, 3) e Twitter (1, 2, 3), assim como em publicações em espanhol, francês e inglês.

A imagem que acompanha as publicações mostra uma suposta carta de “Neil M Ferguson” que teria sido enviada a médicos e epidemiologistas britânicos em 14 de junho de 2021. Alguns usuários chamam Ferguson de “Fauci inglês”, em uma referência ao imunologista norte-americano que também foi alvo de peças de desinformação, algumas já verificadas pela AFP (1, 2).



O professor Neil Ferguson é um epidemiologista da universidade britânica Imperial College London. Ele foi assessor do governo do Reino Unido e ajudava a coordenar a resposta à pandemia, mas em maio de 2020 renunciou ao cargo após a imprensa noticiar que ele havia desrespeitado o isolamento social, recebendo a visita de uma mulher em sua casa. “Eu aceito que cometi um erro de julgamento e tomei a decisão equivocada”, disse.

A carta assegura que o Reino Unido “se moverá em direção a um confinamento permanente” a partir de 15 de julho. “A razão para fazê-lo é um aumento nas novas ‘variantes’ indiana e nepalesa do ‘vírus’ (que, como já sabemos, é apenas uma reformulação da rinite alérgica)”, diz o documento. A variante indiana, também conhecida como Delta, é uma das mais contagiosas de covid-19.


A variante nepalesa é, por sua vez, uma mutação da Delta, como aponta este artigo do veículo australiano The Conversation.



Em algumas das publicações em inglês, a captura de tela do documento é acompanhada pela descrição: “E-mails vazados Imperial College London, por favor, compartilhem em todos os lugares”.

Até 8 de julho de 2021, o Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC) do governo do Reino Unido não havia feito nenhum anúncio sobre um “confinamento permanente” no país.

Em resposta às publicações viralizadas, o Imperial College London emitiu um comunicado em 18 de junho de 2021, explicando que a imagem compartilhada nas redes é “falsa”.



“Esse memorando falso intitulado ‘Próximos passos - Confinamento permanente do Reino Unido (Privado e confidencial)’ não foi escrito por Neil Ferguson. Essa peça de desinformação totalmente falsa foi construída e difundida por extremistas e não tem nenhuma associação com o Imperial College London, com o governo do Reino Unido ou com seus assessores científicos.”

Na verdade, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou no último dia 5 de julho que não será mais obrigatório usar máscaras ou respeitar o distanciamento social no país a partir de 19 de julho. Johnson estimulou os cidadãos a “aprenderem a viver” com o novo coronavírus, sendo prudentes.

Embora o número de novos casos tenha disparado para cerca de 25.000 por dia no início de julho devido à variante Delta, graças às vacinas isso não se traduziu em um aumento acentuado de hospitalizações e mortes, disse Johnson, ao justificar sua decisão de acabar com todas as imposições legais.

Diferentes níveis de restrições foram aplicados no País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte mas, até 8 de julho, nenhum anúncio indicava planos para um “confinamento permanente no Reino Unido”, como asseguram as publicações viralizadas.





 

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