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Estado de Minas CHECAMOS

A Nasa paga voluntários para que se mantenham ativos na cama, não apenas para dormir

Uma busca reversa no Google pela imagem mostrou que ela foi registrada durante um estudo realizado em 2013 pela Agência Espacial Europeia


16/07/2021 20:53 - atualizado 16/07/2021 20:53


 

Captura de tela feita em 15 de junho de 2021 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 15 de junho de 2021 de uma publicação no Facebook
Publicações que afirmam que a Nasa irá pagar 18 mil dólares aos que se oferecerem para dormir por 70 dias foram compartilhadas mais de 21,3 mil vezes nas redes sociais desde agosto de 2018. A agência espacial norte-americana realiza desde a década de 1960 estudos nos quais pessoas têm que passar dezenas de dias deitadas e são pagas por isso, mas os voluntários não devem apenas dormir, e sim se alimentar, fazer exercício e inclusive tomar banho, a fim de que possa ser analisado como o corpo se adapta em condições similares às encontradas no espaço, onde não há gravidade.


“NASA paga 18 mil dólares para voluntários dormirem 70 dias”, diz o texto que acompanha uma fotografia de dois homens deitados em camas com uma espécie de escafandro.

Em algumas das postagens, compartilhadas milhares de vezes ao longo dos anos no Facebook (1, 2, 3), no Instagram e no Twitter, ainda há a afirmação, de forma irônica, de que este seria o “emprego perfeito”.

Conteúdo semelhante circulou também em espanhol.

Uma busca reversa no Google pela imagem mostrou que ela foi registrada durante um estudo realizado em 2013 pela Agência Espacial Europeia (ESA, por suas siglas em inglês) e pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (CNES). 

Como explica a ESA em seu site, os voluntários passaram 21 dias na cama com os pés para o alto, para recriar as condições de vida dos astronautas no espaço, e as máscaras foram usadas para calcular a quantidade de oxigênio consumida e de dióxido de carbono exalada.

O Centro Espacial Alemão (DLR, na sigla em alemão) informa que acontecerá outro experimento com características semelhantes, em associação com a Nasa, entre setembro e novembro de 2021, e entre janeiro e março de 2022. 

O estudo será liderado pela agência norte-americana e realizado pelo DLR na Alemanha ao longo de 59 dias: 15 dias iniciais de “adaptação”, 30 dias de repouso na cama e 14 dias de recuperação e reabilitação. Para isso, os participantes devem ter entre 24 e 55 anos, medir entre 1,53m e 1,90m de altura e ser fluentes em alemão. Em troca da participação, os voluntários receberão 11 mil euros, o equivalente a mais de 66 mil reais, de acordo com o câmbio do Banco Central do Brasil em 15 de julho de 2021.

À equipe de checagem da AFP, a porta-voz da Nasa, Shaneequa Vereen, explicou que a  compensação monetária recebida pelos participantes dos estudos varia segundo “critérios como a educação e a experiência”.

Esses não são os primeiros experimentos com essas características: desde os anos 1960 a Nasa realiza estudos semelhantes, nos quais os indivíduos analisados passam dias deitados, mas não dormindo, como afirmam as publicações viralizadas. 

Em 2014, por exemplo, um dos voluntários que participou de um dos estudos contou a sua experiência à revista Vice e afirmou ter recebido 18 mil dólares por ter ficado deitado na cama durante 70 dias. Embora a duração e o valor recebido correspondam aos indicados nas publicações nas redes sociais, os participantes não passavam o dia dormindo e tinham que realizar uma série de exercícios.

Alguns anos depois, em 2017, foi realizada uma pesquisa na qual 12 voluntários foram solicitados a permanecer 30 dias em repouso para estudar a pressão sofrida pelos olhos dos astronautas nas missões espaciais que realizam. 

Em 2019, foi feita uma experiência semelhante, desta vez com duração de 60 dias, participação de 24 voluntários e pagamento de aproximadamente 19 mil dólares.

As atividades que devem ser realizadas pelos selecionados não envolvem apenas dormir, mas também tomar banho, se vestir, comer e se exercitar sem sair da cama. Inclusive, eles são incentivados a estabelecer metas pessoais, como aprender um novo idioma ou participar de cursos on-line.

O objetivo de experimentos desse tipo, segundo a Nasa, é analisar as mudanças que o corpo humano sofre no espaço, entre elas a perda de massa muscular e óssea. Para isso, são geradas condições similares às que existem fora do planeta. A falta de gravidade é simulada através do repouso prolongado e da exposição a uma centrífuga que empurra o sangue dos participantes em direção aos pés.


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