Jornal Estado de Minas

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Camas de papelão da Vila Olímpica de Tóquio não foram desenvolvidas para ser “antissexo”

Publicações que circulam no Brasil desde 15 de julho de 2021 alegam que as camas de papelão da Vila Olímpica de Tóquio foram criadas com o intuito de evitar relações sexuais entre os atletas devido à crise sanitária da covid-19.



Mas, ao contrário do que afirmam as mensagens, o papelão reciclável foi escolhido antes de existir a pandemia do novo coronavírus e o objetivo da decisão era contribuir para a sustentabilidade do evento, e não evitar a possibilidade de contaminação durante a pandemia. Atletas como o ginasta irlandês Rhys McClenaghan e o jogador de vôlei brasileiro Douglas Souza testaram a resistência das camas e desmentiram a teoria, dando saltos e sambando em cima delas.
“De acordo com os organizadores do evento, os atletas vão dormir em camas que receberam o apelido de 'anti-sexo'. Os leitos são descartáveis e podem se partir no caso de movimentos muito bruscos ou então se algum salto for feito sobre ele”, diz uma publicação compartilhada mais de 500 vezes no Facebook, sobreposta a um texto intitulado “As camas das Olimpíadas foram feitas de papelão para evitar relações sexuais”.



O lançamento das camas foi realizado em setembro de 2019, meses antes de o vírus que causa a covid-19 ser identificado na China. Portanto, o design nada tem a ver com um suposto controle da pandemia na Olimpíada.



O uso do papelão é parte do desejo de realizar um evento sustentável, como explicou o gerente geral da Vila Olímpica, Takashi Kitajima, à AFP em janeiro de 2020. Em relação ao material das camas após os Jogos, ele disse: “Nós preferimos não destruir as coisas que construímos, e sim continuar a usá-las”.

Além disso, as camas de papelão reciclável suportam até 200 quilos, informa a Airweave, fabricante dos móveis: “Fizemos testes, como lançar peso nas camas. (…) Desde que tenham apenas duas pessoas na cama, elas devem ser sólidas o suficiente para suportar a carga”. A declaração, portanto, desmente a alegação feita nas redes sociais de que a cama poderia ser utilizada por somente uma pessoa.

Após a repercussão do assunto, atletas que estão na Vila Olímpica fizeram testes para verificar a resistência do material. O primeiro a viralizar foi um vídeo do ginasta irlandês Rhys McClenaghan, compartilhado mais de 10 mil vezes, em que ele diz: “No episódio de hoje das ‘fake news’ dos Jogos Olímpicos, as camas deveriam ser ‘antissexo’”. E em seguida, dá grandes saltos em cima da cama e nega as afirmações de que ela supostamente quebraria com movimentos bruscos. “Isso não é verdade, é 'fake news'", tuitou o atleta.



A assessoria de imprensa do Comitê Olímpico Internacional (COI) se manifestou sobre o tema por meio de sua conta no Twitter. Na publicação, o comitê retuitou um comentário de seu diretor de Comunicação Corporativa e Relações Públicas, Christian Klaue, sobre o vídeo de Rhys McClenaghan: “Recebendo muitas perguntas sobre essas camas ecológicas da Vila Olímpica. @McClenaghanRhys testa a sua. E aí vamos”.

Getting a lot of questions right now to @iocmedia about the sustainable cardboard beds of the Olympic Village. @McClenaghanRhys put his to the test. Here we go. https://t.co/CX35ocgKjG
— Christian Klaue (@ChKlaue) July 19, 2021

Em 20 de julho, foi a vez de um atleta brasileiro ganhar as redes sociais com um teste. O ponteiro da seleção brasileira de vôlei Douglas Souza compartilhou um vídeo sambando com seus 1,98 metros em cima da cama de papelão. Apesar do susto causado por um barulho, o jogador aprovou a cama: “Funcionou, deu bom, deu bom. Eu gostei, eu achei ok a cama”.

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