Publicações compartilhadas mais de 1.600 vezes desde pelo menos 15 de setembro de 2021 alegam que Ciro Gomes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), teria dito que, se Jair Bolsonaro for reeleito, desistirá do Brasil e declarará o Ceará - estado que governou de 1991 a 1994 - “uma nação independente”. Segundo as mensagens, que acompanham uma foto do político, ele também teria afirmado que governaria o Ceará “aos moldes de Getúlio”, tornando-o “uma potência em, no máximo, 6 meses”. Contudo, o AFP Checamos não encontrou qualquer registro público da frase atribuída a Gomes, classificada por sua assessoria como uma “mentira criminosa”.
“Se Bolsonaro se reeleger, eu desisto do Brasil e declaro o Ceará uma nação independente. Vou regê-la aos moldes de Getúlio e torná-la uma potência em no máximo 6 meses. Já não tenho idade pra ficar de babaquice”, diz o texto junto a uma foto de Ciro Gomes. O conteúdo foi compartilhado no Facebook (1, 2, 3), no Twitter (1, 2, 3) e no Instagram.
Uma busca reversa pela imagem no Google localizou a foto utilizada na publicação em uma entrevista feita pelo jornal El País em 14 de novembro de 2019.
O Checamos pesquisou por “se Bolsonaro se reeleger, eu desisto do Brasil e declaro o Ceará uma nação independente” no Google e não encontrou registro da afirmação viralizada. Uma busca pelos termos “nação independente” e “babaquice” nas contas do Twitter (1, 2) e do Facebook (1, 2) do político também não ofereceu resultados compatíveis, assim como uma busca por postagens arquivadas nas ferramentas WayBack Machine (1, 2, 3, 4) e Archive (1, 2).
A assessoria do político disse à AFP que o conteúdo viralizado “é mais uma mentira criminosa propagada pelas milícias digitais que infestam a internet brasileira”.
Em outras ocasiões, Gomes prestou homenagens a Getúlio Vargas, citado na imagem viralizada. O político governou o país de 1930 a 1945, implantando uma ditadura conhecida como Estado Novo. Em 1951, foi eleito novamente e governou até 1954, quando cometeu suicídio.
Gomes foi governador do Ceará de 1991 a 1994. Filiado ao PDT, ele é um crítico do governo federal e tem se manifestado favorável a um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.