Publicações que somam mais de 12 mil interações nas redes sociais desde o último dia 1º de dezembro asseguram que nos anos 1960 foi feito um filme de ficção científica chamado “A variante ômicron”, sugerindo que não se trata de um “acaso”, mas sim uma prova de que o surgimento da última variante de preocupação do coronavírus faz parte de uma agenda secreta.
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O que significa ômicron? Respostas para as 5 perguntas mais procuradas no GoogleÔmicron: Não entre em pânico com a nova variante, diz OMSÔmicron: o que se sabe sobre os seis casos confirmados no BrasilEstudo sobre efeito de vacinas frente à variante ômicron não prova “eficácia negativa”Na imagem, também compartilhada no Facebook (1, 2) e no Instagram (1, 2), pode-se ver um casal olhando para o céu à noite, uma mão machucada por um inseto e a frase, em inglês, “O dia em que a Terra se tornou um cemitério”.
No canto inferior esquerdo do cartaz está escrito que o filme ganhou o primeiro prêmio do Festival de Cinema Fantástico de Trieste e, à direita, há o nome do diretor: Saul Bass.
O conteúdo também circula amplamente em outros idiomas, como espanhol (1), inglês, francês, alemão e catalão.
Origem da imagem
Uma busca reversa pela imagem viral levou ao cartaz original, no site de compra e venda todocoleccion: um pôster do filme de 1974 intitulado “Phase IV” (“Fase IV - Destruição”, em português), dirigido pelo norte-americano Saul Bass.Bass foi um dos pioneiros da arte gráfica cinematográfica nos Estados Unidos. Criou pôsteres e sequências de créditos para longa-metragens como “Um corpo que cai” e “Psicose”, de Alfred Hitchcock, “Amor, sublime amor”, de Robert Wise e Jerome Robbins, e “Cabo do medo” e “Cassino”, de Martin Scorsese.
“Fase IV - Destruição” é o seu único longa-metragem como diretor e, efetivamente, ganhou o maior prêmio no Festival de Cinema Fantástico de Trieste, na Itália, em 1975.
De acordo com a descrição que aparece no site do festival, o filme trata sobre “um exército de formigas inteligentes (...) que consegue a supremacia na Terra, iniciando uma nova etapa para o planeta”.
A equipe de checagem da AFP fez uma busca no roteiro do filme, escrito por Mayo Simon. Não há nenhuma alusão a um vírus, ao coronavírus ou a variantes.
A montagem
A equipe de checagem da AFP fez uma nova busca, dessa vez nas redes sociais, e encontrou o cartaz viralizado na conta de Twitter da autora e comediante irlandesa Becky Cheatle.A imagem foi publicada em 28 de novembro de 2021 com a seguinte legenda, em inglês: “Editei a frase ‘The Omicron Variant’ em um monte de pôsteres de filmes de ficção científica dos anos 1970 #Omicron”.
Cheatle confirmou à AFP ser a responsável pela imagem.
Além do cartaz viralizado, ela fez intervenções digitais nos pôsteres dos filmes “O enigma de Andrômeda” e “Colossus 1980”.
“Foi somente uma brincadeira baseada no fato de que a variante ômicron soa como um filme de ficção científica dos anos 1970. Eu não esperava que alguém fosse levar a sério”, disse.
“Ômicron”, um filme italiano de 1963
Não foram encontrados registros de um filme chamado “A variante ômicron”, mas sim “Ômicron”, uma comédia de ficção científica de 1963 dirigida pelo italiano Ugo Greggoreti. A obra trata de um extraterrestre que entra no corpo de um terráqueo para inspecionar o planeta antes que a sua espécie o conquiste.Nas redes sociais, os usuários comentavam sobre a suposta coincidência de existir um filme com esse nome, mas o longa de Greggoreti não faz alusão alguma a vírus, variantes ou a uma pandemia.
A variante ômicron do SARS-CoV-2, como as outras variantes de interesse e preocupação classificadas pela Organização Mundial da Saúde, leva como nome uma letra do alfabeto grego.
As variantes de preocupação estão associadas a uma ou mais mutações no vírus cujo impacto pode ser significativo para a saúde pública. Até 2 de dezembro de 2021, a comunidade científica ainda estava avaliando a transmissibilidade e a gravidade do quadro clínico da variante ômicron.
O Checamos já verificou conteúdos falsos ou enganosos relacionados a variantes, como os supostos sintomas da variante delta e a existência de um “cronograma de cepas”.
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