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Alegações sobre documentos que apontariam mortes pela vacina da Pfizer são imprecisas

Publicações compartilhadas mais de 900 vezes nas redes sociais desde 12 dezembro de 2021 afirmam que um documento divulgado pela FDA, a agência sanitária dos Estados Unidos, revelou mais de 1.200 mortes relacionadas à vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech em um período de 90 dias.



Mas a gigante farmacêutica alega que o documento não indica que as mortes estão ligadas à vacinação e conclui que os imunizantes são seguros - uma informação apoiada pelas autoridades de saúde dos Estados Unidos e também por pesquisas clínicas.

“A Pfizer finalmente admite ‘grande aumento’ nos efeitos colaterais da injeção COVID”, diz uma das publicações compartilhadas no Twitter (1, 2, 3) e no Facebook (1, 2).


No entanto, o documento citado nas alegações virais não contém nada que indique que a vacina estava ligada a mortes. O número de 1.223 mortes entre 158.893 efeitos adversos reflete relatos "espontâneos" de fontes que incluem funcionários de saúde de vários países, sem qualquer verificação da causa, entre os milhões de vacinados em todo o mundo durante esse período, explicou a porta-voz da Pfizer, Dervila Keane, à AFP.



O documento não indica causas específicas de morte, e os óbitos podem incluir pessoas com "várias doenças", como câncer ou doenças cardiovasculares, acrescentou a porta-voz.

Embora o documento seja citado como evidência de que a vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech é perigosa, sua conclusão afirma que "os dados não revelam quaisquer preocupações de segurança ou riscos que exijam alterações de rótulo" e "confirmam um benefício favorável: equilíbrio de risco" para a vacina, disse Keane, acrescentando que 2,5 bilhões de doses foram distribuídas até o momento.

As autoridades de saúde dos Estados Unidos também rastreiam relatórios de mortes e outros problemas após a vacinação por meio do sistema Vaccine Adverse Event Reporting System (VAERS), que é administrado pela reguladora Food and Drug Administration (FDA) e pelos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

A porta-voz da FDA, Alison Hunt, disse à AFP que é exigido que os profissionais de saúde relatem ao sistema qualquer morte após a vacinação, "mesmo que não esteja claro se a vacina foi a causa".



"Avaliações da FDA e dos CDC determinaram que a grande maioria das mortes relatadas não são diretamente atribuíveis às vacinas", garantiu Hunt, acrescentando que as notificações de mortes após a vacinação com covid-19 são "raras".

A pesquisa clínica indica que não há ligação entre a vacina Pfizer-BioNTech e os óbitos.

Um ensaio clínico multinacional, controlado por placebo e duplo-cego, relatado no New England Journal of Medicine em 31 de dezembro de 2020, não mostrou mortes entre os receptores da vacina ou do placebo e indicou que "o perfil de segurança (da vacina) foi caracterizado por curto prazo, dor leve a moderada no local da injeção, fadiga e dor de cabeça. A incidência de eventos adversos graves foi baixa e semelhante nos grupos da vacina e do placebo".

Um estudo de acompanhamento dos primeiros seis meses de uso da vacina, publicado em 4 de novembro de 2021 na mesma revista médica, mostrou resultados semelhantes sobre sua segurança e eficácia.



Os pesquisadores relataram 15 mortes entre os que receberam a vacina e 14 no grupo do placebo. Uma atualização posterior descobriu que três mortes foram relatadas entre os receptores da vacina e duas no grupo do placebo.

"Nenhuma dessas mortes foi considerada relacionada à BNT162b2 pelos pesquisadores", afirmou a publicação científica, referindo-se à vacina. "As causas de morte foram equilibradas entre os grupos BNT162b2 e placebo”.

A AFP já verificou outras alegações (1, 2) sobre a segurança e eficácia das vacinas.

Esse conteúdo também foi verificado pelo Projeto Comprova, do qual a AFP faz parte.



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