Publicações compartilhadas mais de 900 vezes nas redes sociais desde 12 dezembro de 2021 afirmam que um documento divulgado pela FDA, a agência sanitária dos Estados Unidos, revelou mais de 1.200 mortes relacionadas à vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech em um período de 90 dias.
Mas a gigante farmacêutica alega que o documento não indica que as mortes estão ligadas à vacinação e conclui que os imunizantes são seguros - uma informação apoiada pelas autoridades de saúde dos Estados Unidos e também por pesquisas clínicas.
“A Pfizer finalmente admite ‘grande aumento’ nos efeitos colaterais da injeção COVID”, diz uma das publicações compartilhadas no Twitter (1, 2, 3) e no Facebook (1, 2).
Leia Mais
Pfizer prevê vacina anual e defende lucro bilionário das farmacêuticasPaxlovid: o que é a pílula contra covid que a Pfizer diz ter reduzido em 89% internações e mortesYoutubers denunciam campanha secreta de fake news contra vacina da PfizercoronavirusmundoO documento não indica causas específicas de morte, e os óbitos podem incluir pessoas com "várias doenças", como câncer ou doenças cardiovasculares, acrescentou a porta-voz.
Embora o documento seja citado como evidência de que a vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech é perigosa, sua conclusão afirma que "os dados não revelam quaisquer preocupações de segurança ou riscos que exijam alterações de rótulo" e "confirmam um benefício favorável: equilíbrio de risco" para a vacina, disse Keane, acrescentando que 2,5 bilhões de doses foram distribuídas até o momento.
As autoridades de saúde dos Estados Unidos também rastreiam relatórios de mortes e outros problemas após a vacinação por meio do sistema Vaccine Adverse Event Reporting System (VAERS), que é administrado pela reguladora Food and Drug Administration (FDA) e pelos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
A porta-voz da FDA, Alison Hunt, disse à AFP que é exigido que os profissionais de saúde relatem ao sistema qualquer morte após a vacinação, "mesmo que não esteja claro se a vacina foi a causa".
"Avaliações da FDA e dos CDC determinaram que a grande maioria das mortes relatadas não são diretamente atribuíveis às vacinas", garantiu Hunt, acrescentando que as notificações de mortes após a vacinação com covid-19 são "raras".
A pesquisa clínica indica que não há ligação entre a vacina Pfizer-BioNTech e os óbitos.
Um ensaio clínico multinacional, controlado por placebo e duplo-cego, relatado no New England Journal of Medicine em 31 de dezembro de 2020, não mostrou mortes entre os receptores da vacina ou do placebo e indicou que "o perfil de segurança (da vacina) foi caracterizado por curto prazo, dor leve a moderada no local da injeção, fadiga e dor de cabeça. A incidência de eventos adversos graves foi baixa e semelhante nos grupos da vacina e do placebo".
Um estudo de acompanhamento dos primeiros seis meses de uso da vacina, publicado em 4 de novembro de 2021 na mesma revista médica, mostrou resultados semelhantes sobre sua segurança e eficácia.
Os pesquisadores relataram 15 mortes entre os que receberam a vacina e 14 no grupo do placebo. Uma atualização posterior descobriu que três mortes foram relatadas entre os receptores da vacina e duas no grupo do placebo.
"Nenhuma dessas mortes foi considerada relacionada à BNT162b2 pelos pesquisadores", afirmou a publicação científica, referindo-se à vacina. "As causas de morte foram equilibradas entre os grupos BNT162b2 e placebo”.
A AFP já verificou outras alegações (1, 2) sobre a segurança e eficácia das vacinas.
Esse conteúdo também foi verificado pelo Projeto Comprova, do qual a AFP faz parte.
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informações relevantes sobre a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infográficos e vídeos falam sobre sintomas, prevenção, pesquisa e vacinação.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferença
- Quais os sintomas do coronavírus?
Confira respostas a 15 dúvidas mais comuns
Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Posso beber após vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.