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Estado de Minas CHECAMOS

É enganoso dizer que os CDC dos EUA registraram 12 mil mortes pelas vacinas contra a covid-19

Cifra é de notificações preliminares de mortes registradas no sistema de farmacovigilância Vaers, que não necessariamente foram causadas pelos imunizantes


06/02/2022 14:45 - atualizado 08/02/2022 08:02

Publicações com mais de 1.200 interações nas redes sociais desde, pelo menos, 1º de fevereiro de 2022 alegam que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos registraram 12 mil mortes relacionadas às vacinas contra a covid-19.

Mas isso é enganoso. A cifra diz respeito às notificações preliminares de mortes registradas no sistema de farmacovigilância Vaers, que não necessariamente foram causadas pelos imunizantes.

Os CDC explicam que a agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) exige o registro de qualquer óbito ocorrido após a vacinação contra a covid-19 na plataforma Vaers, ainda que não se saiba se a vacina foi ou não a causa.

“CDC dos EUA registra 12 MIL MORTES relacionadas a vacinas contra Covid”, garantem as publicações compartilhadas no Twitter (1, 2), no Facebook (1, 2, 3), no Instagram (1, 2, 3) e em sites (1, 2).
Captura de tela feita em 3 de fevereiro de 2022 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 3 de fevereiro de 2022 de uma publicação no Twitter ( . / )

Diversos usuários compartilharam a alegação junto a um link de um artigo publicado pela Revista Oeste, que afirma: “A atualização mais recente do Sistema de Relatórios de Eventos Adversos de Vacinas (Vaers, na sigla em inglês) do CDC mostra 12 mil mortes relacionadas a vacinas contra a covid-19 até a manhã desta terça-feira, 1º. O número representa 53% de todas as mortes com imunizantes listadas no banco de dados do órgão”.

Criado em 1990, o Vaers é um sistema administrado pelos CDC e pela FDA que reúne notificações de possíveis efeitos colaterais após uma pessoa ter recebido uma vacina. Qualquer pessoa pode reportar um evento adverso no sistema.

Antes de exibir os dados, a plataforma informa que somente as notificações do sistema não podem ser usadas para determinar se uma vacina causou ou contribuiu para um evento adverso ou doença. “A maioria das notificações no Vaers são voluntárias, o que significa que estão sujeitas a enviesamento”, diz o texto.

No site dos CDC, atualizado pela última vez em 31 de janeiro de 2022, o órgão informa que o Vaers recebeu “11.879 notificações preliminares de morte”, ou seja, 0,0022% do total de 539 milhões de doses aplicadas contra a covid-19 no país desde 14 de dezembro de 2020.

Antes de fornecer a cifra, porém, os CDC afirmam:

“Relatos de morte após a vacinação contra COVID-19 são raros. A FDA exige que os profissionais de saúde relatem qualquer morte após a vacinação contra covid-19 ao Vaers, mesmo que não esteja claro se a vacina foi a causa. Relatos de eventos adversos ao Vaers após a vacinação, incluindo mortes, não significam necessariamente que uma vacina causou um problema de saúde”.

A página dos CDC também informa que o monitoramento contínuo identificou nove mortes com associação causal com a vacina contra a covid-19 da Janssen. O órgão informou que, até 3 de fevereiro de 2022, havia mais de 250 milhões de norte-americanos vacinados com ao menos uma dose e 212 milhões completamente vacinados.

Em 21 de janeiro de 2022, uma porta-voz dos CDC também explicou à AFP que o sistema Vaers foi desenvolvido para detectar rapidamente padrões de eventos adversos incomuns ou inesperados, e não para determinar se os eventos adversos em questão foram causados por uma vacina.

“Se uma preocupação de segurança for detectada pelo Vaers, análises quantitativas mais detalhadas são conduzidas usando sistemas analíticos mais robustos, como o Vaccine Safety Datalink [um projeto colaborativo entre o Escritório de Segurança de Imunização do CDC e nove organizações de saúde]. Tais análises podem determinar se existe uma associação estatisticamente significativa entre a vacina e o evento adverso em questão”, continuou a porta-voz.

A entidade reforça que os imunizantes anticovid são seguros e eficazes, destacando que milhões de pessoas nos Estados Unidos receberam as vacinas “sob o monitoramento de segurança mais intenso da história dos EUA”.

Em 3 de fevereiro de 2022, a FDA explicou ao Checamos que monitora a segurança das vacinas contra a covid-19 em análises que incluem a revisão de relatórios individuais, uma análise agregada de dados do Vaers e o desenvolvimento de estudos de caso quando indicado por possíveis preocupações sobre segurança. A agência acrescentou:

“Durante essas revisões, a FDA descobriu que muitas das notificações não representam reações adversas em decorrência da vacina. Isso pode acontecer devido a um diagnóstico incorreto, a registros médicos que revelam que os sintomas começaram antes da vacinação, ou porque o paciente tem comorbidades que explicam a reação adversa”.

Dados do projeto Our World in Data, da Universidade de Oxford, mostram que, até 4 de dezembro de 2021, a taxa de mortalidade semanal de não vacinados nos Estados Unidos pela covid-19 foi de 9,74 a cada 100 mil pessoas. Para vacinados com duas doses, essa proporção foi de 0,71 e para os que receberam a dose de reforço, 0,1. Isso significa que a mortalidade pela doença para não vacinados foi 13,7 vezes maior do que para vacinados com duas doses.

O Checamos já verificou outras alegações relacionadas às vacinas contra a covid-19 e o Vaers e outras bases de dados (1, 2).

Verificação semelhante foi feita pelo UOL Confere e Estadão Verifica.

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