Publicações compartilhadas dezenas de vezes nas redes sociais, pelo menos desde 1º de março de 2022, afirmam que o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Tan Kefei, disse que seu país apoiaria a Rússia caso os Estados Unidos e a OTAN interviessem militarmente na China. No entanto, não há registros de tal declaração nos veículos ou no site oficial da pasta. Além disso, a instituição negou a versão à AFP.
“O porta-voz do Ministério da Defesa Nacional chinês, Tan Kefei, disse que a qualquer momento, em qualquer lugar, eles estão prontos para apoiar a Rússia no caso de os EUA e a OTAN quererem intervir militarmente”, diz o texto compartilhado no Facebook (1, 2) e Twitter (1, 2).
A alegação também circula em francês e em espanhol.
Não há registros da suposta declaração
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Tan Kefei, citado nas publicações, de fato é um dos porta-vozes do Ministério da Defesa chinês. Em 24 de fevereiro de 2022, ele participou de uma coletiva de imprensa pela primeira vez este ano. Na transcrição da entrevista, disponível no site da pasta, não há registros da declaração que lhe é atribuída, tampouco nos vídeos da conferência, publicados no site da agência. A declaração também não consta nos comunicados de imprensa do Ministério da Defesa. Desde então, até a publicação deste artigo, Kefei participou apenas de mais uma audiência, na qual não fez qualquer menção à Ucrânia ou à OTAN.
Ao ser consultada pela AFP, a própria instituição governamental chinesa negou categoricamente, em 2 de março,a suposta declaração:
"O porta-voz do Ministério da Defesa Nacional chinês nunca fez tal declaração. Pedimos aos meios de comunicação envolvidos que observem a ética profissional e parem de fabricar e disseminar informações falsas".
A posição da China
Embora a China tenha afirmado em 24 de fevereiro que “compreende as preocupações razoáveis da Rússia em matéria de segurança”, referente às queixas de Moscou sobre uma futura expansão da Otan no país vizinho, o tom dos chineses desde o início do conflito tem sido muito mais contido do que sugere a suposta declaração do porta-voz.O país asiático, de fato, comunicou publicamente seus fortes laços com a Rússia e se absteve de votar uma resolução, em 2 de março, na Assembleia Geral das Nações Unidas para exigir a retirada das tropas russas da Ucrânia. No entanto, a China pediu a ambos os países envolvidos no conflito que negociem e anunciou que está disposta a "trabalhar com a comunidade internacional na mediação".
Além disso, o embaixador da China na Organização das Nações Unidas (ONU), Zhang Jun, declarou que “não há nada a ganhar” com uma nova Guerra Fria, em uma sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU realizada em 28 de fevereiro de 2022.