Desde julho de 2022, usuários compartilham nas redes sociais a alegação de que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes seria dono de uma igreja no município de Santos Dumont, em Minas Gerais, que teria faturamento de entre R$ 240 mil e R$ 2,5 milhões. Mas a alegação é falsa. O dono da organização religiosa é, na verdade, um homônimo do ministro, ou seja, uma pessoa que tem o mesmo nome e sobrenome. Consultas ao CPF de ambos mostram que o Gilmar Mendes do STF não tem ligação societária com a igreja.
'Gilmar Mendes, enganando o povo da Cidade Dantos Dumont, usando uma igreja?', diz uma das publicações que circulam no Facebook (1, 2) e Twitter (1, 2).
Uma busca pelo CNPJ contido na imagem usando a ferramenta Redesim, da Receita Federal, indica que, de fato, a empresa está ativa e que o seu presidente se chama Gilmar Ferreira Mendes, mesmo nome completo do ministro do STF. No entanto, não se trata da mesma pessoa.
Através dos arquivos processuais do site do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), é possível ter acesso a um documento que aponta o número do CPF do magistrado Gilmar Mendes (cuja prévia corresponde a .259.691).
Esse número é diferente do CPF de Gilmar Ferreira Mendes, dono da igreja Siloé, obtido pelo AFP Checamos por meio da ferramenta CruzaGrafos, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Nesse caso, a prévia exibida é: .674.286.
Além disso, uma consulta ao Portal da Transparência do Governo Federal pelo nome completo e CPF do ministro do STF só encontrou o magistrado no quadro societário de três empresas: o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa IDP - Ltda; IDP Cursos e Projetos Ltda; e GMF Agropecuaria Ltda:
Não há qualquer registro de que o ministro do STF tenha participação na igreja Siloé de Santos Dumont.
Uma busca no Google pelas palavras-chave 'Igreja Siloé Gilmar Mendes' leva a um canal no YouTube em nome de Gilmar Mendes que publica vídeos (1, 2, 3) relacionados à essa organização religiosa. O homem que aparece na imagem de perfil da conta, assim como em grande parte dos vídeos, não se assemelha ao ministro do STF.
Em nota ao AFP Checamos, o STF reiterou que a alegação que circula nas redes sociais é falsa e que em conferência ao site da Receita Federal é possível analisar que, apesar de terem o mesmo nome e sobrenome (Gilmar Ferreira Mendes), o CPF dos dois não coincide.
Esse conteúdo também foi checado por Uol Confere, Agência Lupa e Aos Fatos.