Jornal Estado de Minas

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Vídeo com declarações de Lula tira trechos de contexto

Verificamos, abaixo, as principais declarações atribuídas a Lula no vídeo viralizado.

Negação da política


Os primeiros minutos do vídeo compartilhado nas redes mostram o atual candidato à Presidência discursando no evento de lançamento de uma campanha de filiação ao PT em setembro de 2017.



No primeiro trecho, ele parece dizer: 'Precisa convencer as pessoas a negação da política. Fascismo, nazismo, qualquer outra coisa, menos a democracia. Por isso que é importante as pessoas participarem do PT'.

No entanto, ao consultar o vídeo original, é possível perceber que diferentes trechos da fala de Lula foram reorganizados para mudar o sentido de suas declarações. Nesse momento, o ex-presidente tinha dito, na verdade (a partir de 21:55): 'O PT tem que ser um partido que enfrenta essa discussão contra a negação da política. Afora da política nós teremos fascismo, nazismo, qualquer outra coisa, menos democracia".

Na sequência, o vídeo viral mostra outra suposta declaração do candidato: 'O problema não é falta de janta'.

A fala foi, no entanto, cortada para omitir o sentido original. A partir do minuto 33:30, Lula começa a declaração, deixando claro que estava se referindo a encontros com representantes de outros grupos ideológicos.



'Então, tem gente no nosso meio que ainda acredita, 'não, o que precisa é conversar. Ô, gente, não vamos ser sectários Lula, para de ser sectário, vai jantar com João Roberto Marinho, vai jantar com o doutor Fria, vai jantar com o doutor Mesquita', sabe? Não dá. O problema não é falta de janta. O problema é ideológico".

Jogos Olímpicos


Em seguida, o vídeo mostra Lula criticando o discurso contrário à realização dos Jogos Olímpicos no país em 2016: 'Agora tem gente que acha que não pode fazer Olimpíada porque não tem hospital. Sabe, olha, sinceramente, eu acho isso um retrocesso'.

Uma busca por palavras-chave mostra que Lula, de fato, deu essa declaração em 2013, em uma entrevista à TVT, afirmando que as pessoas poderiam aproveitar a realização dos jogos 'para fazer disso um motivo de orgulho para o país'.



Coronavírus


Na sequência, Lula aparece dizendo: 'Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus'.

Uma pesquisa pela declaração mostra que a fala foi retirada de uma entrevista ao jornalista Mino Carta, da revista Carta Capital, em maio de 2020. Na versão original, no entanto, a frase é mais longa: 'Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises'.

No mesmo dia da entrevista, Lula admitiu ter se colocado mal e publicou um vídeo no Facebook pedindo desculpas por, em suas palavras, ter utilizado 'uma frase totalmente infeliz'.

'Tentei usar uma palavra para explicar que depois de tão menosprezado no Brasil, o SUS , desde a sua criação em 1988, é, no auge da crise, que a gente começa a descobrir a importância de uma instituição pública que cuida da saúde', afirmou.



'Enganar o povo'


Por fim, é incluído um trecho de Lula dizendo: 'Eu não vou enganar o povo mais uma vez'.

A frase foi, no entanto, tirada de contexto. Na declaração original, retirada de uma entrevista concedida ao jornal El País, em 7 de outubro de 2020, o ex-presidente abordava a criação de uma frente ampla no país contra o presidente Jair Bolsonaro, e que, para ele, o termo havia ganhado uma conotação de solução 'mágica'.

Na ocasião, Lula afirmou: 'Mas fazer um arranjo por cima, apenas para mudar a nomenclatura, sem dizer o que vai acontecer com o povo pobre...eu já tenho idade demais, eu já vivi demais, eu já tenho experiência demais. E eu não vou enganar o povo mais uma vez. Eu não vou enganar o povo. Só tem sentido fazer uma frente ampla se for para devolver ao povo trabalhador deste país os direitos que tiraram dele'.

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