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Vídeo de 2020 foi cortado para simular contradição de Renata Vasconcellos sobre o "fique em casa"

Imagens foram cortadas de propósito para dar impressão de que apresentadora mudou o 'discurso'


31/08/2022 20:02 - atualizado 01/09/2022 08:11

Dois vídeos viralizados não mostram contradição da apresentadora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos, sobre medidas de isolamento social contra a covid-19.

As imagens, compartilhadas centenas de vezes desde 23 de agosto de 2022, sugerem que a âncora teria mudado o seu discurso do "fique em casa", em 2020, e passado a adotar o "fique em casa, se puder", em 2022.

No entanto, o primeiro vídeo foi cortado para omitir que, já em 2020, Renata Vasconcellos indicava que a orientação de ficar em casa era para 'quem pode'.

'A Renata Vasconcellos como sempre cíni¢ª e mënt%u012Frösª: 'Fique em casa SE PUDER!' Tomou uma lavada do @jairbolsonaro e partiu pra mentira. Covardes e incapazes de admitir que ELES são os responsáveis pelos milhares de empregos perdidos falando para fechar os comércios', disse um usuário no Twitter ao compartilhar a gravação. O conteúdo também circula no Facebook (1, 2, 3).
Captura de tela feita em 30 de agosto de 2022 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 30 de agosto de 2022 de uma publicação no Facebook ( . / )

As publicações viralizadas são compostas por duas gravações. Na primeira, sobreposta com os números '2020' indicando o ano, a apresentadora é ouvida dizendo: 'Além dos cuidados com a higiene, o principal pedido hoje é ficar em casa até que venha a orientação para sair'. O trecho em que a apresentadora faz a recomendação é repetido outras duas vezes.

Já no segundo vídeo, em que está escrito '2022', é exibido um momento da entrevista com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), em 22 de agosto de 2022. No trecho, Renata responde à afirmação do mandatário de que as medidas de isolamento social durante a pandemia serviram para 'atrapalhar a nossa economia'.

'Mas, candidato, medidas socioeconômicas importantíssimas foram adotadas por governos do mundo inteiro justamente para sustentar o fica em casa no pico da pandemia, o fica em casa se puder, se puder".

'Mentindo na cara de pau', conclui o texto sobreposto ao vídeo compartilhado nas redes. Mas a primeira gravação foi cortada para simular a suposta contradição.

Gravação completa


Uma busca no Google pelas palavras-chave 'ficar em casa' no site do Jornal Nacional, filtrando os resultados para conteúdos publicados em 2020, mostra um editorial do programa, veiculado em 23 de março daquele ano, intitulado 'Uma pausa para pedir calma e dizer: 'Juntos vamos derrotar esse vírus''.

Na gravação, Vasconcellos aparece com o seu colega de bancada, William Bonner, fazendo ponderações sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar o contágio e transmissão do coronavírus, como visto no vídeo viral. No entanto, o trecho em que Vasconcellos explicava que a orientação de ficar em casa era para aqueles que tinham essa possibilidade foi cortada.

"É isso. Além dos cuidados com a higiene, o principal pedido hoje, para quem pode, é: ficar em casa até que venha a orientação para sair. Mas claro que alguns profissionais não podem cumprir essa ordem, porque fazem um trabalho essencial. Não podem parar. Isso vale para quem é profissional de saúde, esses são heróis, são sempre heróis, mas é verdade também para quem recolhe o lixo nas ruas, para os policiais, para quem faz a manutenção da rede elétrica, da telefonia, por exemplo, e para muitos e muitos outros", diz a jornalista.

As publicações virais ecoam o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro que, desde o início da pandemia de covid-19, adotou uma postura contrária às orientações de especialistas no combate à doença, fez críticas ao 'lockdown' e atribuiu o baixo desempenho econômico do país aos governadores dos estados com as medidas de distanciamento, chamadas por ele de 'fique em casa'.

Este conteúdo também foi verificado pela Agência Lupa e Estadão.


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