Jornal Estado de Minas

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Gleisi Hoffmann não 'previu derrota do PT' após 1º debate de 2022


 

Um áudio em que Gleisi Hoffmann, deputada e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), fala sobre o governo de Jair Bolsonaro (PL) não a mostra prevendo a derrota do partido após o primeiro debate presidencial de 2022, como dito nas redes. Publicações com essa afirmação foram compartilhadas mais de 7 mil vezes desde 29 de agosto de 2022. No entanto, a gravação mistura declarações dadas pela deputada durante uma entrevista ao Portal 360 e SBT em setembro de 2020, quando opinava sobre o andamento do governo Bolsonaro à época.





No áudio viralizado, a parlamentar teria dito que a 'direita liberal' estaria junto de Bolsonaro nas eleições por conta de um 'projeto econômico' em comum, e que a saída dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) não teriam abalado o governo.

Em texto sobreposto à gravação, lê-se: 'Bastidores pós Debate PT prevê a derrota novamente', fazendo referência ao primeiro debate presidencial veiculado pela Band em 28 de agosto de 2022. O conteúdo circula no Facebook, Kwai e Twitter.

No entanto, uma busca no Google por palavras-chave mostrou que o áudio viral foi extraído de um vídeo gravado mais de um ano antes do debate.

Trata-se de uma entrevista que a parlamentar concedeu, em 10 de setembro de 2020, ao programa Poder em Foco, que à época era veiculado pela emissora SBT em parceria com o portal Poder 360.



Na íntegra da conversa, Gleisi responde a uma pergunta sobre possíveis candidatos à presidência em 2022 quando diz que a direita liberal estaria junto de Bolsonaro. A parlamentar afirma que a direita não teria um 'candidato com pegada popular' e isso faria com que o presidente, 'candidato da extrema direita', ocupasse 'o lugar da direita'. Veja o trecho completo:

Na fala viralizada, Hoffman supostamente diz em seguida: 'É natural o PT polarizar pelo tamanho do partido. E tenham competitividade, duvido. O Brasil é diferente de São Paulo'.

Na entrevista original, no entanto, tratavam-se de dois trechos diferentes. Na primeira parte ela comentava sobre o papel do PT como partido de oposição e na segunda, minutos depois, ela se referia sobre a possibilidade de outros políticos representarem a direita no Brasil, dos quais duvida 'que tenham competitividade'.

Ela acrescentou que, tanto a saída de Luiz Henrique Mandetta quanto a de Sergio Moro, não abalaram o governo Bolsonaro. Esse seria um dos motivos para que a candidatura dos ex-ministros não fosse competitiva.

Em nenhum momento ao longo da entrevista a deputada disse que existiam chances de Jair Bolsonaro derrotar Lula nas eleições presidenciais de outubro de 2022.

O AFP Checamos já verificou outras alegações envolvendo Gleisi Hoffmann (1,2).