A confusão que mobilizou agentes de segurança durante uma motociata do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 7 de setembro de 2022 envolveu um homem em situação de rua que segurava um rádio-comunicador, e não uma faca, como alegam usuários. Segundo a delegacia responsável, em momento algum o homem esteve com o objeto cortante, e tampouco houve qualquer atentado ao mandatário. Um vídeo viral do episódio, reproduzido mais de 60 mil vezes, mostra, na verdade, o instante em que militares tentavam conter o rapaz, que pensava que o dispositivo lhe seria tomado.
'Mais um 'louco' agindo por 'conta própria'. Quando teremos paz, Senhor? Deus proteja nosso Capitão! TENTATIVA DE AGRESSÃO contra o Presidente Bolsonaro hoje no aterro do Flamengo - RJ. Se passando por mendigo e vestindo sacos plásticos, o terrorista estava armado de uma faca. Um agente da PF percebeu e imediatamente neutralizou a ação', diz o texto de publicações compartilhadas no Facebook, Instagram e Twitter, acompanhadas de um vídeo que mostra o momento da confusão.
A confusão aconteceu em uma motociata realizada por Bolsonaro no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 2022, dia que marcou os 200 anos da independência do Brasil.
Enquanto o ato acontecia e motoqueiros passavam, um homem entrou na pista, em meio às motos. Contudo, sua intenção não era atacar o presidente, mas pegar um objeto que avistou no chão.
'Aquilo era um interfone de capacete. É um objeto que você pode acoplar ao capacete e funciona como um comunicador ponto a ponto', explicou à AFP o delegado Rafael Barcia, da delegacia do Catete (9ª DP), para onde o homem foi levado.
Ele explicou que inicialmente pensou-se que era um objeto perfurocortante, mas a hipótese foi descartada em seguida. Barcia enviou à AFP uma imagem do aparelho apreendido:
De fato, uma busca reversa pela imagem mostrou que o objeto pode ser encontrado à venda em diversas lojas de varejo, sem qualquer indicação de que tenha algum material cortante (1, 2, 3).
'Objeto de valor'
Segundo Barcia, o objeto pode ter caído do capacete de alguém que participava do ato, e teria chamado a atenção do homem que passava pelo local.
'Ele viu aquele objeto no chão no meio das motos, achou que tinha algum valor econômico, então entrou no meio. Quando o pessoal da segurança o viu no meio das motos — o que quase causou um acidente — ele achou que as pessoas queriam tirar dele aquele objeto valioso que ele encontrou. Por isso ele resistiu'
O delegado ressaltou ainda que não chegou ao seu conhecimento a tentativa de qualquer ataque a Bolsonaro. 'Inclusive, o presidente tinha passado há algum tempo, não estava passando naquela hora [quando houve a invasão na pista]', concluiu.
Consultada, a assessoria de imprensa da Polícia Federal do Rio de Janeiro afirmou que o órgão não teve nenhum registro de ocorrência nesse sentido.