Uma reportagem de 2015 que noticiava a solicitação de bloqueio do WhatsApp voltou a circular desde 30 de setembro de 2022.
As publicações compartilhadas dezenas de vezes sugerem que a proibição do aplicativo seria uma forma de dificultar a comunicação durante o primeiro turno das eleições de 2022.
'CENSURA COMPLETA CONTRA JAIR BOLSONARO. SE NÃO TIVER INTERVENÇÃO MILITAR NO JUDICIÁRIO, HAVERÁ GUERRA CIVIL', diz uma das publicações compartilhadas no Facebook e no Instagram.
No vídeo que acompanha as mensagens viralizadas, informa-se que o bloqueio do aplicativo teria início 'à meia-noite' e duraria 'dois dias'. Algumas das publicações não dizem quando começaria esse bloqueio, mas todas sugerem que a gravação se refere a uma ação a ser desencadeada nos primeiros dias de outubro de 2022.
No entanto, o vídeo viralizado nas redes sociais não tem relação com as eleições de 2022.
Vídeo de 2015
A gravação é um trecho da transmissão do Jornal das Dez, do canal GloboNews, que faz parte do Grupo Globo, então apresentado pelo jornalista Dony de Nuccio.
No vídeo que circulou nas redes sociais neste mês de setembro não é mencionada a data em que a reportagem foi feita, apenas que a Justiça havia determinado o bloqueio do WhatsApp 'por dois dias a partir de meia-noite'.
Mas uma busca pela frase 'Justiça ordena bloqueio do WhatsApp por dois dias a partir de meia-noite' levou ao mesmo vídeo, publicado na seção do Jornal das Dez no portal G1, mas com data de 16 de dezembro de 2015.
Uma comparação entre a sequência agora viralizada nas redes e o vídeo original de 2015 permite constatar que se trata do mesmo conteúdo.
Uma pesquisa no Google pelas palavras-chave 'bloqueio WhatsApp' limitada apenas para dezembro de 2015 mostra que esse tema foi amplamente noticiado (1, 2), após a 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, em São Paulo, ordenar que as operadoras de telefonia móvel bloqueassem o aplicativo de mensagens.
O site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) também informou sobre o bloqueio em 16 de dezembro de 2015, mas o texto não revelou a motivação da decisão, por correr em 'segredo de justiça'. O parecer foi dado pois o aplicativo 'não atendeu a uma determinação judicial de 23 de julho de 2015' e, posteriormente, 'em 7 de agosto de 2015, a empresa foi novamente notificada, sendo fixada multa em caso de não cumprimento'.
Esse conteúdo já foi verificado pelo AFP Checamos ao circular fora de contexto em 2021 junto à alegação de que o aplicativo seria bloqueado para impedir a comunicação em meio às manifestações pró-Bolsonaro no 7 de setembro.
Neste fim de semana, o AFP Checamos se uniu a outras 6 iniciativas de checagem de fatos no Brasil para verificar conjuntamente desinformação sobre as eleições. A parceria CheckBR reúne também Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa.