Jornal Estado de Minas

CHECAMOS

Boletins de urna não são usados na contagem de votos, como sugere vídeo


 

O boletim de urna é o meio pelo qual os votos de determinada urna eletrônica são transcritos para um meio físico, para poderem ser consultados pelos eleitores. Mas esses boletins não são usados na contagem dos votos, ao contrário do que diz uma mulher em um vídeo visualizado mais de 400 vezes nas redes sociais desde 3 de outubro. Na gravação, ela mostra boletins de urnas que supostamente encontrou nas ruas de Curitiba, sugerindo que votos no candidato Jair Bolsonaro (PL) não foram computados. Entretanto, os votos são contabilizados de forma eletrônica, por meio da mídia de resultados.





'Em Curitiba também houve fraude nas urnas! Jogado na rua os comprovante de voto a favor do presidente Jair Messias Bolsonaro. Que vergonha!', diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, Twitter e YouTube junto a um vídeo em que uma mulher afirma que encontrou boletins de urnas nas ruas de Curitiba e questiona se os votos ali registrados foram contabilizados.

'Estavam jogadas no meio do chão', relata a mulher, exibindo os supostos boletins. 'Engraçado, em todas elas o Bolsonaro ganha. Isso aqui não deveria estar no meio da rua. Isso aqui é um documento. É uma via só', acrescenta.

O conteúdo também chegou ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem enviar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem de sua veracidade.



No entanto, os votos registrados nos boletins de urna não são contabilizados em papel, mas de forma eletrônica.

O que é o Boletim de Urna?

Como explica o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o boletim de urna 'é o meio pelo qual os votos de uma determinada urna eletrônica são transcritos para um meio físico', para que os dados possam ser consultados pelos eleitores.

'Depois das 17h, quando a votação termina, o presidente da mesa de votação digita no terminal do mesário acoplado à urna eletrônica um código que informa ao sistema que não haverá mais registro de votos. Imediatamente, a urna encerra o modo de votação e, em seguida, imprime pelo menos cinco vias do Boletim de Urna', explica o TSE.

Ou seja, ao contrário do que é afirmado no vídeo viralizado, o boletim de urna não é emitido em 'uma via só'. Além das cinco vias impressas assim que a votação é encerrada, fiscais dos partidos ou federações que estiverem presentes podem pedir a impressão de 'até mais cinco vias', detalha o TSE.



No boletim são indicados quantos votos foram registrados para cada candidato e para cada partido naquela seção, os votos nulos e em branco, a quantidade de eleitores que compareceram para votar, quantos não puderam ser identificados pela biometria, além da soma geral dos votos, além de outras informações, como o código de identificação da urna eletrônica que o imprimiu.

O documento é fixado na porta das respectivas seções eleitorais e também é divulgado pela internet. Portanto, os boletins de Curitiba, citados no vídeo, assim como de todas as outras cidades, podem ser conferidos no site do TSE.

Por meio do boletim de urna é possível fazer uma auditoria de forma independente do TSE para verificar se a totalização dos votos feita pela Justiça Eleitoral está correta.



Contagem dos votos

Ao contrário do alegado na gravação viral, os boletins de urna não são usados na contagem dos votos, que é feita de forma eletrônica por meio da mídia de resultado.

A mídia de resultado é um dispositivo semelhante a um pendrive desenvolvido e lacrado exclusivamente para cada eleição. Essa mídia é enviada ao cartório eleitoral do local da votação junto com uma via do boletim de urna. No cartório, a mídia de resultado é acoplada em um computador para ser lida, conferida e ter os dados transmitidos para o TSE, em Brasília. Lá, os dados são novamente conferidos de forma eletrônica e são somados por um supercomputador ao resultado de todas as outras urnas do Brasil.

O Tribunal Regional do Paraná desmentiu a alegação do vídeo viralizado.