O texto publicado no jornal Folha de S.Paulo pela colunista Flávia Boggio é de humor e não noticia verdadeiramente que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) substituirá o Ministério da Mulher pelo 'Ministério de Todes'. Desde 10 de novembro de 2022, usuários já compartilharam a matéria mais de 800 vezes nas redes sociais acreditando ser verdadeira. Porém, ao abrir a coluna, nota-se uma etiqueta acima do texto avisando tratar-se de conteúdo de humor, e a autora veio a público reiterar que a publicação é satírica.
'O CHORO É LIVRE! O PT quer: - criar Ministério TODES; - escolas conservadoras, virarão escolas COMUNISTAS. O Brasil é cheio de gente instruída, q não chegou a lugar nenhum', diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, Instagram, TikTok e Twitter.
Leia Mais
Vídeo não mostra petistas atirando contra uma igreja; áudio foi alteradoLula teve a candidatura aprovada pelo TSE, portanto não há impedimento para diplomação"Zero votos" em Bolsonaro em algumas seções eleitorais não provam que houve fraudeJovem Pan não noticiou que primeiro-ministro 'confirmou' fraude no BrasilO link contido em algumas publicações direciona para o site da Folha de S.Paulo, onde a coluna foi postada às 17h do dia 9 de novembro de 2022. Logo acima do texto, lê-se uma etiqueta com a palavra 'humor', que não é vista em algumas capturas de tela contidas nas publicações virais.
A autora usou na coluna um formato de 'carta aberta' e disse, ironicamente, ser uma 'patriota', jargão normalmente utilizado pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao longo do texto, Flávia Boggio aborda algumas pautas que estiveram presentes no imaginário político brasileiro dos últimos anos (1, 2, 3), como: 'escolas sem partido vão virar escolas comunistas, com ideologias de Paulo Freire e Charles Darwin', que o Brasil vai virar uma Venezuela e 'Lula vai fazer de tudo para disseminar o comunismo no Brasil'.
Leia: É montagem a "notícia" do g1 sobre prêmio de R$ 1 milhão por sentenças que inocentam Lula
Em um parágrafo, ela acrescenta, de forma satírica: 'O PT também já começou a ditadura LGBT. Recebi de fontes seguras do grupo de 'zap' do beach tennis que Pabllo Vittar vai assumir o Ministério da Mulher. Agora vai se chamar Ministério de Todes e vão nos obrigar a usar a linguagem neutra. O slogan do país vai ser 'Deusa Acima de Todes'. Imaginem que horror.'
No mesmo dia da publicação da coluna, o jornal compartilhou o texto em sua conta no Twitter com hashtag '#HUMOR'.
Leia: É montagem tuíte no qual Haddad parabeniza Maduro por 'revolução'
A própria autora do texto também usou o Twitter para comentar o caso: 'Achei que não fosse necessário avisar que o texto contém ironia. Grande erro'. No dia seguinte, em outra publicação, Flávia acrescentou: 'Não vai ter Ministério de Todes. Podem dormir tranquilos.'
O AFP Checamos já verificou outras alegações envolvendo o uso de pronomes neutros oficialmente (1, 2).