Não é verdade que uma foto que mostra um machucado na perna do presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha sido extraída da campanha antitabagista contida nas embalagens de cigarro no Brasil. Publicações com essa alegação foram compartilhadas centenas de vezes nas redes sociais desde 5 de dezembro de 2022, mas são embasadas em uma montagem. Não há registro da foto viral no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que confirmou à AFP que não há correspondência da imagem com as das campanhas nos maços, sejam atuais ou de anos anteriores.
No último dia 4 de dezembro, um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), informou em suas redes sociais que o pai está se recuperando de uma infecção bacteriana chamada erisipela e compartilhou uma foto da lesão na perna do mandatário.
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Apresentador da Jovem Pan não disse que PT pediu novas eleiçõesFilha de Lula trabalha no Senado, mas não ganha salário de R$ 37 milAs publicações, compartilhadas no Facebook, Twitter e TikTok, são embasadas em uma imagem que supostamente mostra a foto da perna de Bolsonaro com contraindicações ao uso do fumo. Ao lado, estão outros dois exemplos de embalagens que fazem parte da campanha antitabagista.
Mas uma busca no site da Anvisa pelas imagens da campanha não mostra nenhuma foto igual à divulgada por Carlos Bolsonaro. Ela também não é encontrada em estudos sobre o uso de tabaco divulgados pelo Ministério da Saúde (1, 2, 3).
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Procurada pelo AFP Checamos, a assessoria de imprensa da Anvisa afirmou que não encontrou 'correspondência das imagens das campanhas dos maços atuais ou anteriores com a foto enviada'.
Por e-mail, o órgão enviou todas as imagens que foram estampadas, entre 2002 e 2018, nas embalagens de cigarro no Brasil.
A erisipela não aparece na lista de doenças relacionadas ao tabagismo divulgada no site do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
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O quadro de Bolsonaro foi citado pela primeira vez em 16 de novembro de 2022, quando o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) afirmou que a erisipela seria o motivo da ausência do presidente no Palácio do Planalto no período que seguiu a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 30 de outubro.
Ao longo do mandato presidencial, e em consequência da facada que tomou em 2018, o atual mandatário teve que se submeter a inúmeros procedimentos.
Desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro encontra-se recluso e fez poucas aparições públicas.